Enquanto me apressava pelos corredores vazios da biblioteca, meus passos ecoavam como um lembrete constante de minha corrida contra o tempo. Xingava baixinho a mim mesma por ser tão idiota enquanto pensava nos relatos recentes de assaltos e violência que assombram as ruas de Zefíria. Não era seguro estar fora de casa a essa hora da noite, e eu odiava a sensação de vulnerabilidade que me acompanhava em minhas caminhadas noturnas.
Nunca irei me sentir segura nesta cidade de merda!
Ao chegar à saída da biblioteca, o ar gelado da noite me atingiu como um golpe, e me encolhi dentro de meu casaco, amaldiçoando minha própria idiotice por ter ficado bem focada nos meus estudos. Isso tem acontecido muito, sempre estou correndo risco de ser morta ou assaltada.
- Porra! - Murmurei ao observar o último ônibus que eu pegava ir embora.. Sabia que não havia tempo para alcançá-lo. - Puta merda!! Caralho!! Você é idiota Aurelia.
Me xinguei frustrada, sentindo a impotência se misturar com minha raiva enquanto me resignei ao fato de que teria que caminhar até em casa novamente. Soltei um suspiro pesado, comecei a traçar meu caminho pelas ruas escuras de Zefíria, senti o meu coração batendo forte em meu peito enquanto me forçava a permanecer vigilante contra os perigos ocultos que espreitam na escuridão.
A primeira coisa que se deve fazer, nunca abaixe a sua guarda nesta cidade.
Eu estava quase em casa quando vi as luzes vermelho-azuladas de uma viatura policial piscando atrás de mim. Meu estômago deu um nó de nervosismo enquanto eu observava o carro se aproximando, e então, com um toque de sirene, a viatura parou ao meu lado. Engoli em seco, sentindo um calafrio percorrer minha espinha.
- Encoste aí, agora! - O policial gritou, sua voz carregada de autoridade e rudeza.
Sem hesitar, obedeci às ordens dele, o meu coração está batendo rápido enquanto eu me aproximava da parede. Ele saiu do carro com uma expressão severa, seus olhos fixos em mim com suspeita.
- O que você está fazendo fora tão tarde? - Ele perguntou, sua voz áspera e desconfiada.
- Estou voltando para casa, após ter ficado um bom tempo na biblioteca da faculdade que faço parte, senhor. Eu só quero chegar logo em casa. - Respondi, tentando manter minha voz firme, apesar do medo crescente dentro de mim.
Sempre tem boatos que dizem que os policiais estão colocando drogas nas bolsas das pessoas e levando elas presas. Eu realmente espero que seja apenas um boato, pelo amor de Deus.
O policial revirou os olhos, como se não acreditasse em nenhuma das minhas palavras. Com um movimento brusco, ele arrancou minha mochila dos meus ombros e começou a revirá-la sem cerimônia.
- Coloque suas mãos para trás e se vire, enquanto verifico seus pertences. - Engoli seco, sentindo que algo de ruim iria acontecer se eu me virasse, mas não podia desobedecê-lo.
Fiquei de costas para ele, enquanto verificava os meus pertences.
- O que é isso? - Ele rosnou, retirando um pequeno pacote de maconha da minha mochila e exibindo-o diante de mim.
Meus olhos se arregalaram de choque enquanto eu observava impotente.
Meu coração afundou em desespero quando percebi o que ele havia feito. Era uma armadilha, uma mentira cruel.
- Por favor, eu juro que não usei maconha, não sei como isso foi parar na minha mochila! - Implorei, minhas palavras saindo em uma torrente de desespero. - Eu não fiz nada de errado, eu juro!
Ele que fez isso comigo!
O policial apenas me lançou um olhar cético, seus lábios apertados em uma linha dura.
- Poupe-me das suas mentiras. - Ele respondeu com frieza, ignorando completamente meu apelo. - Você está indo para a delegacia, e lá vamos descobrir toda a verdade.
Fiquei em estado de choque quando sem cerimônia, ele me algemou e me levou para a viatura, seu olhar de desdém cortando-me como uma lâmina afiada. Enquanto éramos levados para a delegacia, estou muito assustada, frustrada e impotente diante da injustiça brutal que estava sendo infligida sobre mim. Tudo o que eu posso fazer é esperar, rezar para que a justiça procure saber a verdade.
*****
As mãos atrás das costas, de repente eu estava sendo puxada brutalmente para fora da viatura policial. O policial segurou o meu braço com força, seu rosto contorcido em desprezo por mim.
- Fora da viatura, sua marginal! - Ele rosnou, me empurrando em direção à entrada do Centro de Polícia do Horizonte.
Meus pés se arrastavam pelo chão enquanto eu tentava acompanhar o ritmo acelerado do policial. Meu coração batia forte em meu peito, uma mistura de medo e indignação borbulhando dentro de mim.
- Por favor, eu não sou uma criminosa! - Implorei, minhas palavras sendo abafadas pelo barulho ao redor. - Você está cometendo um erro!
O policial apenas bufou de desdém, sua expressão impassível enquanto me conduzia para dentro da delegacia. O Centro de Polícia do Horizonte se erguia imponente diante de nós, uma fortaleza sombria de autoridade e controle.
Eu me sentia pequena e vulnerável em contraste com a grandiosidade do prédio, minha mente girando com a injustiça da situação. Eu não pertencia a esse lugar, não merecia ser tratada como uma criminosa. Mas, apesar dos meus protestos, eu sabia que seria forçada a enfrentar o sistema de justiça que agora me engolia.
Eu fui empurrada com força para dentro do escritório do delegado chefe, meu coração martelando no peito enquanto eu olhava ao redor, me sentindo cercada por autoridade e desespero. O policial que me acompanhava me empurrou na frente do delegado com um gesto brusco.
- Delegado, encontrei essa aqui com maconha na mochila. - Ele disse, sua voz carregada de desprezo.
Eu olhei para o delegado, meu coração afundando ainda mais quando vi o sorriso cínico em seu rosto.
- Por favor, eu juro que não fiz isso! - Eu implorei mais uma vez, minhas palavras saindo em uma mistura desesperada de medo e desespero. - Foi o policial, ele que colocou a maconha na minha mochila!! - Digo a verdade, esperando que ele possa acreditar em mim.
O delegado apenas riu, um som frio e cortante ecoou no silêncio tenso do escritório.
- Quantas vezes já ouvi essa história, garota? - Ele disse, sua voz dura e implacável. - Muitos dizem a mesma coisa. Mas as evidências falam por si só.
Minhas pernas tremiam sob mim enquanto eu lutava contra as lágrimas de frustração e injustiça. Eu sabia que não tinha como provar minha inocência, não contra um sistema que parecia tão determinado a me condenar.
Com um gesto de sua mão, o delegado deu o veredito final.
- Levem-na para a Penitenciária do Horizonte. Assim ela aprenderá sua lição de nunca mais usar drogas.
O ar se tornou pesado ao meu redor quando ouvi as palavras do policial, e o desespero tomou conta de mim. Grito, implorando com todas as minhas forças para não ser levada para aquela prisão infernal.
- Por favor, eu não posso ir para lá! - Minhas palavras saíram em um soluço de desespero. - Eu imploro, tenha misericórdia!
Mas o policial apenas riu, seu riso cortante como uma lâmina afiada perfurando meu coração já dilacerado.
- Se você não quisesse ir para lá, não deveria ter cometido esse crime - Ele disse com um sorriso cruel.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto, minha voz se tornando um lamento de pura agonia enquanto eu me via sendo arrastada brutalmente em direção ao meu destino sombrio. Eu sabia o que me esperava naquela prisão, uma terra sem lei onde o caos reinava supremo e a humanidade era abandonada à sua própria selvageria.
O pânico se apoderou de mim quando me dei conta de que estava prestes a entrar no ventre do inferno. Eu sabia que uma vez lá dentro, não havia esperança, não havia justiça. Era o lugar onde os desesperados se tornavam ainda mais desesperados, onde a lei era apenas uma memória distante.
E enquanto eu era arrastada para o abismo da escuridão, a sensação de desamparo me envolveu como uma mortalha, anunciando o início do meu tormento na Penitenciária do Horizonte.