― Não tem que me agradecer, fofa. Agora levanta, nós iremos tomar um banho agora.― Senti um arrepio de medo e perguntei nervosamente.
― T-Todo mundo vai tomar banho junto?― Ela negou com a cabeça e respondeu.
― Não, somente nós mulheres, depois os homens.― Soltei um suspiro de alívio.
Ela de repente falou, chamando a minha atenção.
― É melhor tomar cuidado com as garotas, porque se você der vacilo, elas também podem te pegar. ― Senti um frio percorrer o meu corpo ao escutar isso.
― M-Mas eu.. Gosto de homens. ― Ela riu.
― Minha fofa, ninguém nesta prisão é hetero, eu acho bom você se lembrar disso. Acho você legal, não quero que morra como os outros ― Ela disse, com um tom quase maternal.
Fiz uma careta com suas palavras.
― O diretor dessa prisão não faz nada? ― Pergunto curiosa.
― Ah, meu amor. Não é o diretor que manda aqui e sim o Demônio.
A palavra "Demônio" ecoou na minha mente, causando um arrepio de medo. Mesmo assim, reuni coragem para perguntar:
― Q-Quem é o demônio? ― Pergunto sentindo minhas pernas quase falharem de medo.
Ela só deu de ombros, como se estivesse ignorando a minha pergunta completamente. Isso só me deixou ainda mais desconfortável, sabendo que havia algo obscuro pairando sobre este lugar e ninguém parecia disposto a explicar. Decidi não insistir mais no assunto, afinal, era óbvio que não teria respostas claras aqui.
De repente, ela falou, chamando a minha atenção.
― Enfim, eu era como você antigamente, uma pessoa assustada e muito medrosa. Mas com a ajuda da Nebulosa, consegui me tornar quem sou hoje. ― Fiz uma careta confusa e resolvi perguntar.
― Nebulosa? Quem é a Nebulosa?
― Nebulosa é a amante do demônio, ela me ajudou quando mais precisei. E foi gentil ao pedir para o demônio tirar a minha virgindade de uma maneira suave, já que se fosse outros presos, eles teriam me estuprado. ― Fiz uma careta de nojo e repulsa. ― Mas deixa eu te falar uma coisa. ― Sussurrou como se fosse um segredo. ― Aquele homem sabe transar tão gostoso, assim que não senti mais dores, me fudeu com tanta vontade.
Suspirou como se estivesse lembrando daquele dia.
Meu Deus! Que horrível.
― Que pena que nunca mais pudemos transar novamente. A nebulosa é uma mulher muito ciumenta.
Todas essas informações estão me deixando com muita vontade de chorar, eu não quero passar por isso. Sempre desejei perder a minha virgindade com alguém que amo, porque isso está acontecendo comigo? Porque? Sempre desejei sair dessa maldita cidade, onde o crime reina.
― E-Então quer dizer que eu terei que perder a minha virgindade com esse homem? ― Ela gargalhou.
― Claro que não, meu amorzinho. A nebulosa nunca vai permitir isso novamente, ela é uma mulher muito ciumenta com o seu sugar daddy. ― E mais uma vez não consegui controlar minha expressão fazendo ela rir. ― Agora fique de frente para a cela e ponha as mãos atrás das suas costas.
Soltei um suspiro, mas fiz o que ela pediu.
Estou me segurando para não chorar, porque sei que chorar não vai adiantar nada.
― Depois do banho, todos iremos para o refeitório comer. Quando digo todos, isso inclui os homens. ― Senti o meu coração gelar. ― Vou ser sincera com você, fofa. É bem capaz de ter homens dando em cima de você.
Escutar essas palavras só me deixa ainda mais assustada.
― N-Não precisava falar assim, não está me deixando calma. ― Ela suspirou.
― Não estou falando isso para te manter calma, estou apenas te avisando. Esse lugar não é bom, você sabe disso. Aqui dentro não tem regras ou leis, ou você domina ou será dominada. Explicarei tudo mais tarde.
A cela se abriu de repente, fazendo-me dar um pulo de susto. Rapidamente, alguns policiais se aproximaram com algemas, colocando-as em nossos pulsos. Um deles gritou para começarmos a andar, e percebi que ela começou a se mover sem dizer uma palavra. Segui seu exemplo, soltando um suspiro nervoso ao ver o homem negro de ontem me encarando com desejo. Ele sorriu e proferiu.
― Ei, anjinho!! ― Gritou, me assustando. ― Você vai ser minha!! ― Falou, rindo em seguida.
Puta merda!
― Ignore ele. ― Ela sussurrou em meu ouvido, apenas para mim. ― Ele gosta de assustar as novatas.
Continuei seguindo-a, juntamente com as outras prisioneiras, até o banheiro para tomarmos banho, estou me sentindo muito envergonhada e bastante assustada.
― Sejam rápidas!! ― O policial ordenou, seu tom de voz alto ecoando pelo ambiente.
Um policial estava na porta do banheiro, entregando toalhas e sabonetes para todos. Quando chegou minha vez, ele me entregou os itens e entrei no banheiro.
O lugar era surpreendentemente grande, com paredes cinzas e vinte chuveiros no total. Haviam algumas cabides, sendo no máximo cinco.
― Vem. ― Ela me puxou para um chuveiro vazio. ― Temos que ser rápidas, eles não gostam muito de esperar.
Acenei com a cabeça, sentindo-me apressada enquanto tirava o macacão laranja e o colocava sobre a pia. Notei que todas as outras mulheres estavam tomando banho rapidamente.
― Não pense, apenas seja rápida, pode ser que abram as celas dos prisioneiros homens e isso se torne uma grande festa de sexo.
Me assustei com as suas palavras, comecei a tomar banho rapidamente, lavando meu corpo o mais rápido possível para não ficar exposta por muito tempo. Enquanto lavava, ouvi sua risada. Lavei meus cabelos, axilas e partes íntimas com pressa, determinada a não ser alvo de ninguém naquele banheiro.
― Terminou? ― Perguntou, desligando o chuveiro.
― Sim. ― Respondi, aliviada.
― Bom, vamos!
Começamos a nos enxugar, logo nos vestimos novamente com o macacão laranja.
― Entregamos as toalhas e os sabonetes novamente para eles. ― Ela sussurrou no meu ouvido.
Entregamos os itens para o policial, colocamos as mãos na cabeça e voltamos para a cela. Paramos em frente à nossa cela, onde um policial mau humorado nos aguardava.
― Podem ir para o refeitório. ― Ele falou, ríspido.
― Certo, senhor mau humorado. ― Ela respondeu, provocando-o.
― Fica quieta, Trix. ― Ela riu.
― Sim, senhor.
― Agora vaza.
Ela segurou meu pulso e começou a me puxar para longe.
― Irei te explicar as coisas depois da nossa refeição, também vou te apresentar as outras mulheres da cadeia. ― Ela disse enquanto descíamos os degraus de ferro em direção ao refeitório.
― Por que? ― Perguntei, confusa.
― Porquê o quê? ― Ela me olhou, também confusa.
― Por que está sendo tão legal comigo? ― Questionei.
― Lindinha, nem todo mundo na prisão é ruim, quer dizer, eu não sou. ― Ela riu de si mesma. ― Eu já passei um grande inferno nesta cadeia e não desejo isso para ninguém. Já perdi a esperança de sair daqui, então não serei má com você, especialmente porque gostei de você. Sinto que seremos grandes amigas aqui.
Ela piscou para mim, e suas palavras me deixaram emocionada. Será reconfortante ter alguém neste inferno.
― Agora vamos comer, estou faminta. Ah, esqueci de dizer, antes de você chegar, eu transei na sua cama. ― Ela gargalhou da minha expressão de nojo.
― Que nojo!
Ela continuou rindo.
Por que isso está acontecendo comigo? Sinto que minha vida só vai piorar aqui.
Soltei um suspiro resignado e segui-a até a fila do refeitório.
Se eu tivesse saído mais cedo da faculdade, nunca teria acabado aqui.