A proximidade é demais para mim, me torna fraca, vulnerável. Aidan poderia tomar o que quisesse de mim agora e eu sequer tentaria impedir. Não teria forças para isso. E por isso, usando de todo meu autocontrole e tirando forças de um lugar que eu nem sabia existir, eu o afasto.
Encaro seus lábios inchados e olhos flamejantes.
- Por que você insiste em me afastar? Você não sente o que rola entre nós?
- Sinto. E é essa a resposta para a primeira pergunta também – eu sinto demais e isso me assusta.
- Eu não entendo. Por quê?
- Aidan...
Ele perde o resto de autocontrole que lhe restava, o que é engraçado, ele sempre foi tão ponderado.
- POR QUÊ? – berra. – Me diz por que, Rowena? Por que insiste em me afastar? Por que finge não sentir nada por mim? Por que foge sempre que nos aproximamos, por quê?!
- Porque eu sou uma rainha – sibilo contra seu rosto. – Porque você é o filho do meu inimigo.
Seu rosto continua impassível, e não demonstra qualquer sinal de convencimento. Deixo a raiva subir e despejo todas as palavras que guardo em meu coração:
- Porque quando descobri que você estava noivo, fiquei muito abalada! Quando você chamou o nome DELA diante dos escombros, você me machucou de novo! Eu não posso me dar ao luxo de ficar sofrendo por um homem enquanto um reino inteiro depende de mim. Eu não posso mais permitir que você abale o meu mundo, Aidan, eu simplesmente não posso! – Termino a frase aos berros.
Ele abre um pequeno sorriso.
- Quer dizer que eu abalo seu mundo? – o que brilha em seu olhar é totalmente novo e inesperado: alegria.
- Você só prestou atenção nisso? – pergunto, incrédula.
Ele dá de ombros.
- É só o que me importa. O resto já estava resolvido.
- Mas a situação não está resolvida para mim – rebato.
Meu estômago está revirando de nervosismo.
- Estou vendo. Então, vossa Majestade, me permita elucidar os fatos novamente: é um casamento arranjado e quando o trato foi feito, eu não te conhecia. E nós já falamos sobre o segundo ponto: você é imortal.
Ignoro suas palavras e me recuso a dar o braço a torcer:
- Eu mandei você ir embora – digo a ele.
- Eu sei. Você vive fazendo isso. Mas aqui vai um segredinho: eu não vou embora.
- Mesmo se eu ordenar?
- Não são todas ordens, as palavras que saem da boca de vossa majestade? – ele segura meu rosto. Seu toque é terno, cuidadoso, ele faz com que eu me sinta a criatura mais delicada do mundo, embora seja totalmente o contrário.
E isso me assusta muito: a vulnerabilidade.
Esse homem me quebra.
- E por que sua noiva ainda está no meu acampamento? – essa é uma pergunta me corrói e meu tom é ácido.
- Deve ser por que você não deu ordens a ninguém sobre o que fazer com ela? Esquece essa garota, por favor. Não tenho nada com ela, nunca tive. – Ele vira meu rosto nas mãos e aprecio o momento. – Você é tão linda. Me pergunto como seria se fosse humana.
Suas palavras se cravam em meu peito feito uma faca. Ele percebe a mudança em minhas feições e arregala os olhos ao me ver pegar fogo. Sua mão não queima em contato com minha pele flamejante, e quando percebe isso, coloca a outra mão do outro lado da minha face. Mostrando que não sente medo.
- Eu nunca fui e jamais serei humana, Príncipe Kenom – as palavras escorrem feito veneno.
- Não foi o que eu quis dizer minha rainha, eu amo que você seja a bruxa mais poderosa que já pisou nessa terra, eu só quis dizer no sentido de... E se você pudesse ser apenas Rowena, e eu apenas o Aidan? – Sinto a explosão dentro de mim se abrandando, mais uma vez. – Se nossas vidas não fossem complicadas, see eu não fosse o filho do inimigo e você não precisasse ser uma salvadora, como seria?
Então, eu mostro a ele.
Minha pele se torna branca e plácida, minhas unhas se retraem e não parecem nada mortais. Meus cabelos caem em cascata pelas costas, cacheados e selvagens, meus olhos assumem um tom chocolate, meus caninos se retraem e perco minhas características de selvageria.
Kenom acompanha tudo com os olhos brilhantes e cheios de fascínio. Por fim, me livro da armadura e um vestido simples assume seu lugar. Dou uma voltinha.
- Que tal?
- Não importa a forma que você assume – ele passa as mãos pelo meu cabelo. – Você sempre vai ser a coisa mais linda que já coloquei meus olhos.
Suas palavras enchem meu coração de amor. Não seguro as lágrimas quando elas enchem meus olhos. E nem quando descem em cascata, molhando meu rosto. Olho dentro de seus olhos ao dizer:
- Eu também amo você, sabia?
- Sabia – ele fica sério. – Só não sabia que precisava tanto ouvir essas palavras saindo de sua boca.
Abro um sorriso para ele.
- Desculpa de te fazer esperar tanto.
- Valeu a pena cada segundo – sua mão alcança minha nuca, e ele me beija novamente.
Mas dessa vez, é diferente. Não tem aquela urgência. Estamos em sintonia. Nossas intenções são as mesmas. Nossas palavras foram ditas e as que não foram, nossos corpos irão expressar. Ele me deita no chão, e deixo que pela primeira vez, alguém conduza.
Ele continua me beijando ao se deitar sobre mim. Quando finalmente se cansou de explorar minha boca, seu olhar alcança os meus, trazendo uma pergunta. E eu não seria capaz de negar que o fogo queime? Eu quero mais, tanto quanto ele.
Aidan passa o vestido sobre minha cabeça, sem nunca tirar os olhos dos meus, e então, olha para o meu corpo com luxúria, desejo e paixão. Seus sentimentos refletem os meus, e me causa ansiedade para ver quais serão seus próximos passos.
E como se lesse minha mente, ele se posiciona entre minhas pernas e começa a depositar beijos suaves na parte interna da minha coxa, vai subindo pela barriga, e finalmente, chega em meus seios. Quando passa a boca por eles, dando leves mordidas, perco o controle, e passo as pernas em volta de sua cintura, o prendendo no lugar e trazendo sua boca para a minha.
- Calma... Eu queria explorar seu corpo antes – comenta entre os beijos.
- Depois – ofego.
- Depois – é uma promessa.
Quando finalmente une seu corpo ao meu, a sensação é única, diferente e totalmente nova para mim. Ele tenta saborear o momento e manter os movimentos lentos, principalmente para não me machucar em minha primeira vez. Mas não é o que precisamos nesse momento. A leve ardência logo é substituída pelo prazer e movimentamos nossos corpos em sintonia.
A rainha das bruxas e o príncipe humano, unidos em um só corpo. E eu me desfaço com ele.
E antes que percebamos o que acabou de ocorrer, em uma explosão, entro em chamas. Me reduzindo a cinzas. Leve como o vento. Tudo e nada. E então, renasço como uma fênix.