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A manhã nascerá envolta em um céu cinzento, como se a própria vila sentisse o peso do retorno de Alícia Moreno . Os passos dela ecoavam pelas ruas de paralelepípedos, onde cada rosto familiar se escondia atrás das cortinas ou espiava pelas frestas das portas. A pequena vila parecia tão inalterada quanto suas lembranças – exceto pelo frio que agora a recebia, diferente do calor acolhedor de quando partira.
O grande hotel, situado no ponto mais alto da vila, foi uma construção imponente e de bom gosto. Era tudo que ela encontraria Dante. O homem que, há uma década, foi a causa de seus sonhos mais febris – e de seus pesadelos mais sombrios. Alícia respirou fundo antes de entrar, mas não adiantou. A tensão já percorre suas veias como um veneno lento.
O saguão estava impecável, com pisos de mármore que refletiam a luz das janelas altas. Alícia teve um instante para se recompor antes que sentisse o ar mudar. Sabia que ele estava ali. Mesmo sem vê-lo, seu corpo conheceu a presença de Dante Ferrer . Os pelos em sua nuca se arrepiaram e seu coração disparou – uma traição familiar que odiava com cada fibra do seu ser.
Ela se virou lentamente e, por um momento, o tempo pareceu congelar. Dante estava parado ao pé da escada, a expressão séria, os olhos fixos nela com uma intensidade que a fez prender a respiração. O terno cinza escuro ajustava-se perfeitamente ao seu corpo, delineando cada músculo de forma quase cruel. Quando ele começou a caminhar em sua direção, cada movimento era calculado, poderoso. Dante exalava o controle. Foi exatamente isso que fez Alícia querer destruir cada barreira que ele construiu entre eles.
Ele parou a poucos passos de distância, perto o suficiente para que ela sentisse o calor que emanava dele, mesmo sem tocá-lo. Por um instante, a sala inteira desapareceu. Só existiam os dois, o passado e tudo o que nunca foi aqui. A tensão era palpável, densa, e Dante foi o primeiro a romper o silêncio, com a voz grave que reverberava em cada parte do corpo dela.
- Parece que o tempo não foi suficiente para manter-la longe – ele disse, com um sorriso de canto que era ao mesmo tempo cruel e perigosamente sedutor.
Alícia atraiu o queixo, tentando manter a compostura, mas seu corpo já havia se entregue. Sentia o calor se espalhado por suas bochechas, o arrepio que subia por sua coluna. O olhar de Dante a percorria de cima a baixo, demorado, como se pesasse cada um de seus segredos. O toque de seus olhos era tão íntimo quanto uma carícia.
- E perder a chance de te encarar? – respondeu, a voz saindo mais rouca do que ela queria.
Ele se mudou mais, até que seus corpos quase se tocassem. O aroma dele, uma mistura de especiarias e algo puramente masculino, envolve Alícia como um convite perigoso. Ela prendeu a respiração quando ele inclinou o rosto, os lábios a milímetros do seu ouvido.
- Ainda joga com fogo, Alícia? – o sussurro fez cada parte de seu corpo formigar, os arrepios espalhando-se por sua pele. Ela podia sentir a respiração dele, quente, enquanto seus dedos roçavam o braço dela de maneira quase imperceptível. Era tortura pura. E ela sabia que ele estava ciente disso.
O desejo queimava, cru e incontrolável , mas Alícia sabia que não podia ceder. Havia muito no jogo, e aquele não era um reencontro casual – era o início de algo perigoso, talvez mortal. Ela demorou um passo, tentando desesperadamente recuperar o controle. Mas Dante já tinha conseguido o que queria: ele a fazer lembrar que ainda a possuía, mesmo sem tocá-la.
Ela se recompôs, ignorando o tremor nas mãos e a onda de calor que ainda a dominava.
- precisamos conversar – disse, com mais firmeza do que senti.
Ele assentiu lentamente, os olhos nunca deixando os dela. Dante sabia que a batalha entre eles estava apenas começando. E, enquanto ela se afastava do escritório, ele permitiu que um sorriso perigoso tocasse seus lábios. Ele também estava queimando. O passado ainda pulsava, vivo e implacável.
Quando a porta do escritório se fechou atrás deles, Alícia sentiu seu corpo tenso novamente. Estavam sozinhos. Não havia mais olhos para observar, nenhuma razão para manter máscaras. Só havia eles, os segredos que compartilhavam – uma atração avassaladora que nenhum dos dois poderia ignorar por muito mais tempo.