A Obsessão do Rei do Cartel
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Capítulo 10 9

Camila

A música suave preenchia o salão, mas para mim era apenas um ruído, abafado pelo peso do que eu acabara de fazer.

Meus olhos vagavam pela multidão - rostos conhecidos e desconhecidos me lançando olhares curiosos, condescendentes, alguns até invejosos.

Juan Carlos estava ao lado da minha mãe, conversando com um dos homens de confiança do cartel, e, a cada tanto, me lançava olhares que eu não conseguia ignorar. O brilho severo em seus olhos deixava claro que ele esperava nada menos que obediência.

Eu deveria ser uma esposa exemplar, uma Mendonza que soubesse jogar esse jogo com sutileza e elegância.

- Querida, você precisa se lembrar do que está em jogo aqui. - A voz de Roberta soou do meu lado, baixa e sem hesitação, enquanto ela me puxava de volta ao foco. Seu tom era gentil, mas o peso das palavras era esmagador. - Juanjá nos deu muito. É graças a ele que temos tudo isso, Camila. Tudo. Então, seja obediente, mostre que pode honrar nosso nome.

Quis responder, dizer algo que a fizesse entender o quanto aquilo estava me matando por dentro, mas ela logo se afastou, sorrindo para algum dos convidados, me deixandosozinha. A raiva e a frustração pulsavam no meu peito, mas eu sabia que não havia outra escolha.

E, assim, forcei um sorriso e encarei a noite de comemoração.

Quando a festa finalmente terminou, Javier e eu nos dirigimos para a saída. Ele me conduziu até a limusine com sua costumeira formalidade, o rosto inexpressivo, enquanto me guiava para o carro.

No trajeto, o silêncio predominou, mas eu sabia que o pior ainda estava por vir. Ele tinha a calma de quem sabia exatamente o que fazia, enquanto me sentia aprisionada, uma peça de porcelana que ele poderia esmagar.

Ao chegarmos à mansão, fui tomada por uma onda de espanto. A casa de Javier era impressionante, quase surreal. Os imensos corredores se estendiam para todos os lados, adornados com obras de arte, móveis de madeira escura e lustres que pareciam vindos de um palácio. O piso era de mármore impecável, o brilho refletindo as luzes douradas, enquanto cada detalhe parecia contar uma história de poder e influência. Era o tipo de luxo que eu só havia visto em revistas e em filmes.

- Seja bem-vinda, Camila - Javier diz, com um tom de formalidade que me irritava, enquanto nos dirigíamos para o hall principal, onde os funcionários estavam alinhados em fila, em posição de respeito. Cada um aguardava pacientemente, com expressões neutras, mas com olhares atentos.

Uma das mulheres, uma governanta de meia-idade com ar severo e postura impecável, deu um passo à frente e se apresentou como Carmen, responsável por coordenar toda a equipe da casa. Ela nos apresentou cada membro, desde os seguranças, jardineiros, até o chef de cozinha. Enquanto isso, Javier estava ao meu lado, observando cada detalhe, e notei como os funcionários o respeitavam - ou o temiam. Havia uma calma no jeito como ele os encarava, uma espécie de domínio absoluto, que apenas confirmava o quão preparado ele estava para liderar. O contraste com Juan Carlos era claro. Juan Carlos impunha respeito pelo medo, mas Javier parecia controlar pelo olhar, pela presença.

Mantive a compostura, agradecendo as boas-vindas e mantendo um sorriso polido, embora tudo dentro de mim estivesse em tumulto. Cada vez mais me sentia como uma peça colocada em exposição, algo para ser mostrado, admirado e, ao mesmo tempo, aprisionado.

Após toda a apresentação, Javier me conduziu até o que seria nosso quarto. Quando entramos, não pude deixar de admirar o ambiente. O quarto era espaçoso, decorado com uma elegância sóbria, mas grandiosa. Os móveis escuros contrastavam com os lençóis claros da cama, enquanto o ambiente tinha um perfume suave e aconchegante.

Entretanto, a visão daquela cama única no centro do quarto fez meu coração acelerar, e minha primeira reação foi confrontá-lo.

- Preciso de um quarto separado - declaro, a voz baixa, mas firme. - Não preciso dormir no mesmo quarto que você.

Ele ergue uma sobrancelha, cruzando os braços e me encarando com um olhar que misturava ironia e desafio.

- Ah, você acha mesmo que vai ter esse privilégio? - Ele dá um passo em minha direção, seu tom cheio de sarcasmo. - Somos casados agora, e casais dividem o mesmo quarto. Essa é a tradição, e você foi criada para respeitar tradições, não foi? Não quero os funcionários fofocando sobre nós pelos corredores.

Minha raiva aumentou, e quase recuei, mas mantive minha posição, erguendo o queixo para encará-lo.

- Eu aceitei me casar com você, mas isso não significa que vou abrir mão de tudo. - A firmeza na minha voz parecia surpreendê-lo, mas eu continuei: - Você não manda em mim, Javier. E não vou ceder só porque acha que pode impor sua vontade.

Ele sorri, um sorriso que me fez sentir pequena, embora eu tentasse esconder qualquer sinal de fraqueza. Ele com certeza era mestre em manipulação, e cada palavra, cada gesto parecia calculado para me desestabilizar.

- É verdade, Camila, eu não mando em você. - Sua voz era suave, mas carregada de ameaça. - Mas você não está em posição de negociar. - Ele dá mais um passo, e agora estávamos tão próximos que eu podia sentir o calor de sua presença. - Posso até conceder certas "liberdades", mas não se esqueça do porquê você está aqui. Nós dois sabemos o que está em jogo.

O tom dele era quase hipnotizante, e, por um segundo, fico sem resposta. Mas, ao mesmo tempo, sabia que não podia me deixar vencer.

Respiro fundo, tentando conter a raiva, mas não respondi. Não porque eu queria ceder, mas porque não havia mais o que dizer. Javier havia vencido essa batalha, e a cama no centro do quarto era o símbolo do controle que ele tinha sobre a situação.

Então, sem mais protestos, segui para o outro lado do quarto, onde deixei o véu e os sapatos com certa impaciência. Viro de costas para ele, tentando organizar meus pensamentos, tentando aceitar o que eu teria que suportar. Eu havia entrado na casa de Javier, mas ele havia tomado posse do meu mundo, e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso - pelo menos, não ainda.

Fecho os olhos, ouvindo o som dele se preparando para dormir. E, mesmo em silêncio, sabia que essa guerra entre nós estava apenas começando.

                         

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