A Obsessão do Rei do Cartel
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Capítulo 9 8

Javier

A catedral estava repleta de rostos que e conhecia - aliados, rivais disfarçados, amigos de conveniência. Todos observavam com uma atenção calculada enquanto eu aguardava Camila no altar. O ambiente tinha aquele peso de cerimônias que uniam interesse e tradição. Mas desta vez, o noivo era eu. E a sensação de estar diante de algo irrevogável me surpreendia mais do que eu gostaria de admitir.

Observo Juan Carlosao lado do altar, o olhar orgulhoso da obra que ele havia arquitetado. Esse casamento era seu troféu, o golpe mestre que silenciaria as ameaças que atormentaram nossas famílias por gerações.

Camila e eu éramos peões importantes no tabuleiro dele, mas, para mim, isso nunca foi um problema - sempre estive disposto a fazer o que fosse necessário pelo meu próprio legado e pelo poder que ele me daria. Mas, naquele momento, o peso de tudo isso parecia diferente, como se algo profundo estivesse se rebelando contra o rumo das coisas.

Quando as portas se abriram e ela começou a caminhar pelo corredor, por um instante, deixei de ouvir o murmúrio dos convidados e o burburinho de vozes ansiosas ao nosso redor. Ela estava linda, impecável, e parecia uma fortaleza prestes a desmoronar. Sua expressão, dura e orgulhosa, revelava um medo oculto, mas ela caminhava com uma dignidade que parecia desafiar até o próprio destino. Havia uma guerra em seus olhos, e eu sabia que parte dela era contra mim.

Senti uma pontada de algo que poderia ser remorso - ou talvez algo mais inquietante. Mas eu não podia me dar ao luxo de hesitar agora. Então, mantive o semblante impassível, a máscara fria que era minha segunda pele.

Quando ela finalmente chegou ao altar, estendi minha mão, esperando que ela pegasse. Sua pele estava gelada, mas os dedos apertavam com mais força do que eu esperava. A cerimônia foi um borrão de palavras sobre amor, honra e união. Era quase cômico que aquilo fosse mencionado ali, diante de nós, que não sentíamos nada além de uma mistura amarga de rancor e indiferença.

Ao trocarmos os votos, reparei no leve tremor na voz dela ao dizer "aceito". O olhar dela era quase desafiador, como se ela me quisesse lembrar de que esse casamento não a dobraria. E essa determinação me intrigava, me desafiava de uma maneira que não era habitual.

Talvez fosse isso o que Juan Carlos pretendia, quem sabe? Unir os filhos dos maiores rivais não só para manter o controle, mas também para alimentar uma nova força com o choque de nossos temperamentos.

Quando o padre me perguntou se eu aceitava, senti todas as atenções voltadas para mim, e as palavras saíram como se estivessem ensaiadas há anos.

- Aceito - declarei, minha voz ecoando firme na catedral. Aquilo parecia definitivo, um laço amarrado e selado pelo destino.

Com o término da cerimônia, tomei a mão dela e a conduzi para o corredor de saída. Camila se mantinha rígida ao meu lado, a expressão fria como a de uma rainha que não queria nada menos que desafiar o próprio rei. No entanto, sentia a tensão em sua postura, como se a própria ideia de estarmos juntos a desgastasse por dentro.

O momento fora da catedral, quando nos afastamos do corredor e dos olhares atentos, foi um pouco mais íntimo, embora tão carregado quanto tudo o que estávamos vivenciando.

- Não precisa fazer essa cara - murmuro, enquanto entrávamos na limusine que nos levaria para a recepção. - Estamos só começando o show.

Ela me lança um olhar gélido, as palavras afiadas mesmo que ditas num sussurro.

- Não estou fazendo isso por você. Não estou fazendo isso por mim. Só me asseguro de que minha família não pague um preço maior que o meu.

Álgida, abnegada e disposta a desafiar tudo, Camila Mendonza definitivamente não seria uma esposa submissa. Mas, ironicamente, isso era parte do que tornava esse casamento tão atrativo em termos de poder. Eu teria que encontrar uma maneira de equilibrar a rivalidade entre nós com a parceria que Juan Carlos e eu mesmo esperava.

Observo Camila pelo canto do olho, estudando a dureza de seu semblante, a determinação que parecia queimar em seu olhar. E, pela primeira vez, admiti que talvez estivesse atraído pelo desafio que ela representava.

Ela não se renderia facilmente, e, de certo modo, isso era quase uma promessa de que jamais haveria monotonia entre nós.

Enquanto a limusine avançava pelas ruas de pedra da cidade em direção ao local da recepção, mantive o olhar fixo à frente, mas meu foco estava longe, em Camila.

Eu precisava conquistar sua confiança, ou ao menos seu respeito. Afinal, esse casamento era mais do que uma simples união de dois nomes poderosos.

Era um pacto que nos unia ao desconhecido.

E o que viria depois, afinal?

            
            

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