A Obsessão do Rei do Cartel
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Capítulo 7 6

Camila

A manhã seguinte chegou com um peso esmagador.

Mal havia dormido, e o bilhete de Javier ainda pulsava na minha mente como um aviso ameaçador.

Cada passo que eu dava para descer as escadas parecia um movimento calculado rumo ao inevitável. As paredes da mansão me sufocavam, enquanto os sons abafados dos empregados circulando pela casa pareciam me lembrar do destino inescapável que me aguardava.

Assim que desço, sou informada de que ele estava me esperando na biblioteca. Ele já tinha vindo até aqui, para me encontrar. A formalidade de se ter uma "conversa" antes do casamento era tão fria quanto o próprio Javier.

Respiro fundo antes de abrir a porta, tentando controlar o nervosismo e ignorando o aperto no estômago. Ele já tinha visto minha fraqueza uma vez, mas não deixaria que visse novamente.

Quando entro, Javier estava em pé, de costas para mim, observando os livros na estante. Ele usava um terno escuro que acentuava suas feições severas, o ar de alguém que sabia exatamente onde estava e o que queria.

- Camila - diz sem sequer se virar, sua voz baixa e calma, mas carregada de uma frieza que me fez estremecer. - Sente-se, por favor.

Me aproximo lentamente e sento na poltrona que ele indicou com um gesto mínimo. Ele ainda demorou alguns instantes, como se estivesse ponderando cada palavra que iria dizer. Finalmente, quando se vira para mim, seus olhos se cravam nos meus com uma intensidade gélida.

- Imagino que você já tenha ouvido muitas histórias sobre mim - começasua voz sem qualquer traço de emoção. - E imagino que nenhuma delas tenha sido exatamente favorável.

Engulo em seco, mantendo meu olhar firme. Ele sorri de forma sarcástica, como se estivesse ciente de que cada palavra era uma confirmação de todos os temores que eu nutria sobre ele.

- A verdade, Camila, é que pouco me importa o que você pensa sobre mim - ele continuou, sua expressão dura. - Nossa união não é sobre sentimentos, e sim sobre estratégia. Você e eu estamos sendo usados para uma paz frágil, e, portanto, espero que esteja preparada para a realidade disso.

Minha garganta estava seca, mas finalmente consegui falar, com a voz trêmula:

- Então é isso? Você espera que eu apenas... aceite e siga suas ordens como se fosse sua propriedade?

Um brilho frio cruzou seus olhos, e ele inclinou-se ligeiramente para a frente, como um lobo prestes a atacar.

- Aceite? - ele repete, como se estivesse ponderando a palavra. - Talvez você ainda não tenha entendido. Isso não é uma questão de "aceitar". Isso é uma questão de sobreviver. Assim como você, eu estou fazendo isso para proteger o que é meu. Minha família. Meu poder.

Fico em silêncio, digerindo suas palavras. Era óbvio que ele não nutria qualquer ilusão de amor ou carinho. Para ele, eu não era mais que uma peça no tabuleiro.

- E quanto a mim? - pergunto, reunindo toda a coragem que tinha. - Minhas vontades, minhas escolhas... elas realmente não importam?

Ele me analisa em silêncio, o rosto inexpressivo, mas seus olhos pareciam cintilar com algo que eu não conseguia decifrar.

- Você tem duas opções - Sua voz soa baixa, mas cada palavra soava como uma sentença. - Pode continuar lutando contra isso, tornando sua vida e a minha mais difícil. Ou... pode aceitar sua posição e tentar tirar algum benefício disso. A escolha é sua.

Essas palavras me deram um ímpeto súbito de raiva.

Como ele podia ser tão frio, tão indiferente? Ele realmente achava que tinha direito de decidir meu destino? Sentindo o calor subindo em minhas bochechas, me levantei e o encarei de frente.

- Talvez eu não tenha escolha, mas isso não significa que você terá o direito de me tratar como um fantoche, Javier.

Ele apenas arquea uma sobrancelha, com um meio sorriso que não chegou a iluminar seu rosto.

- Bom, parece que finalmente encontrei um pouco de fogo em você. Isso é bom. Será útil.

Bufo, mas antes que pudesse responder, ele dá um passo à frente, me olhando com atenção, como se pudesse ver em baixo de toda maquiagem que havia em meu rosto; suas palavras mudando para um tom um pouco mais sombrio.

- Eu sei que você tentou fugir - Seu olhar fica ainda mais afiado. - E vou ser claro: não farei isso ser fácil para você. Se tentar fugir novamente, as consequências serão duras. Não vou hesitar em mostrar que não tolero esse tipo de desrespeito. A partir do momento em que disser "sim" no altar, você estará sob meu controle. Total e completo.

Não conseguia respirar, a garganta apertada pelo peso das suas palavras. Minha mente fervilhava com a indignação e o medo, mas ao mesmo tempo, sabia que ele estava sendo completamente honesto. Ele não era do tipo que fazia ameaças vazias.

- Como pode ser tão cruel? - sussurro, quase sem acreditar que estava falando aquilo em voz alta.

Javier dá um sorriso amargo, e, por um segundo, pareceu... humano.

- Não sou cruel, Camila. Sou realista. - Ele inclina-se para mais perto, os olhos fixos nos meus, e sua voz se suavizou, ainda que mantivesse um tom sério. - Este é o mundo em que vivemos. Se você quer sobreviver nele, precisa ser forte.

Ele se afasta e se vira para sair da biblioteca, mas antes de passar pela porta, me lança um último olhar.

- Amanhã é o nosso casamento. Sugiro que você esteja preparada para se comportar como a senhora Herrera.

Com isso, ele se foi, me deixando com os ecos das suas palavras pesando como correntes.

Me sento, sentindo a frustração e o desespero me invadirem como uma onda. Javier não era apenas um adversário; ele era o próprio sistema que eu havia lutado tanto para escapar, encarnado em carne e osso.

Passo os minutos seguintes em um torpor, perdida nos meus pensamentos. Odiava Javier Herrera, mas odiava ainda mais a realidade da minha vida. Não havia escapatória; meu destino estava selado. Amanhã, eu deixaria de ser Camila Mendonza e passaria a ser apenas uma extensão dele, uma senhora Herrera.

Finalmente, me levantei e saí da biblioteca, sem rumo pela mansão. Era como se um peso imenso estivesse sobre meus ombros, me arrastando para baixo. Meu futuro estava se tornando cada vez mais sombrio, e não conseguia enxergar uma saída.

Chego ao jardim, onde as flores estavam murchando sob o calor implacável do sol. Olhei ao redor, e, em meio ao silêncio do jardim, senti uma calma amarga. Aquele era o último dia da minha vida como Camila Mendonza. Amanhã, eu seria transformada, minha identidade apagada em prol de uma aliança que só traria sofrimento.

Ali, cercada pelo cheiro de folhas e flores, fechei os olhos e desejei, pela primeira vez, que tudo fosse diferente. Que houvesse algum jeito de escapar, de sair dessa vida e encontrar algo real, algo que não fosse decidido por interesses e contratos.

            
            

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