Nosso pecado
img img Nosso pecado img Capítulo 2 Prólogo final
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Capítulo 6 Está me deixando irritada img
Capítulo 7 Quatrocentos reais! img
Capítulo 8 Juro que vai img
Capítulo 9 Eu preciso de um homem img
Capítulo 10 Fiquei com tanto medo img
Capítulo 11 Acho que nós dois não é para ser img
Capítulo 12 Não pode sair assim img
Capítulo 13 Não confia em mim img
Capítulo 14 Você é linda, Luara img
Capítulo 15 Nunca te falaram que é pecado img
Capítulo 16 Pobre irmãzinha... img
Capítulo 17 Ele roubou meu carro img
Capítulo 18 Eu odeio você! img
Capítulo 19 Nunca estive mais enganada img
Capítulo 20 É guerra que eu vou dar a ele img
Capítulo 21 BÔNUS | APOLO img
Capítulo 22 A gente é diferente deles, Lua. img
Capítulo 23 Cinco irmãos img
Capítulo 24 Eu amo ver a minha garota dormindo img
Capítulo 25 Luara é sua irmã! img
Capítulo 26 Será que vale a pena img
Capítulo 27 Isso é bom ou ruim img
Capítulo 28 Dentro de você img
Capítulo 29 Olha nos meus olhos, Derick! img
Capítulo 30 Eu tô toda quebrada img
Capítulo 31 Fora da cidade img
Capítulo 32 BÔNUS | SOLANGE img
Capítulo 33 Eu sou pálida img
Capítulo 34 Jamais img
Capítulo 35 Conversar como adultos img
Capítulo 36 Ruína da minha existência img
Capítulo 37 Me ameaçar img
Capítulo 38 Ser como você img
Capítulo 39 Cunhadinho img
Capítulo 40 Filha de lúcifer img
Capítulo 41 Você e nosso filho img
Capítulo 42 Tudo certinho img
Capítulo 43 Em paz com minha família img
Capítulo 44 BÔNUS | ETHAN img
Capítulo 45 Permanecer comigo img
Capítulo 46 Mini bônus img
Capítulo 47 Afogada no próprio sangue img
Capítulo 48 Alguém sem alma img
Capítulo 49 Lembrete de que não estamos mais juntos img
Capítulo 50 Ao menos era para ser img
Capítulo 51 Me atingir img
Capítulo 52 Voltará a ser meu img
Capítulo 53 Não significa que a gente vá voltar img
Capítulo 54 Mesma pedra de gelo img
Capítulo 55 Três anos de desejo guardado pra você img
Capítulo 56 Você pode mudar a decoração img
Capítulo 57 Cinco minutos para me recuperar img
Capítulo 58 Faz aquela m&rda capotar img
Capítulo 59 Minha perdição img
Capítulo 60 Epílogo início img
Capítulo 61 Epílogo final img
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Capítulo 2 Prólogo final

• DERICK DA SILVA RODRIGUES

• 18 anos

O corpo dela amolece indicando sua inconsciência e eu inspiro lentamente, a liberando sobre o assento antes de voltar a sentar com a coluna ereta, meu olhar examinando todos os quatro cantos ao redor do carro em que estamos.

Minha única preocupação é ela, meu foco principal é manter sua vida a salvo e por esse motivo, permaneço o mais calmo que consigo.

Não tem motivos para que eu perca meu tão subestimado autocontrole, não agora, não enquanto ela permanece bem.

- Sai do carro! - o maldito portando uma pistola prateada, vestido com terno totalmente preto, bate forte contra o vidro da minha janela, fazendo a superfície trincar. - Vai, filho da puta!

Eu gasto alguns segundos para chegar a conclusão de que eles não nos querem mortos porque se quisessem, já teriam abrido fogo contra meu automóvel, e solto o ar da mesma forma que o traguei. Lentamente.

Com o coração batendo tranquilo dentro da caixa torácica e o sangue sendo bombado de forma normal por minhas veias, eu me inclino pegando meu celular sobre o painel antes de sair clicando nos botões laterais que fazem a ligação de emergência ser iniciada para o padrinho da minha garota. O único que não a julgaria por saber que ela matou um verme que só estava fazendo peso no mundo.

- Algum problema?

Bato a porta atrás de mim ao perguntar em inglês, o idioma que notei ser o fluente deles, enquanto deslizo meu celular para o bolso dianteiro da minha calça com o gravador apontado para cima, ciente que dessa forma Hércules escutará toda a conversa a seguir.

- Cadê a Luara? - o fodido que trincou a minha janela pergunta em inglês, sua arma vindo para a minha têmpora direita quando tenta abrir a porta em que saí e eu a bato novamente, permanecendo com a mão aberta sobre o metal frio para impedir que tenha êxito na sua missão. - Saia ou eu vou atirar e acabar com a tua vida de merda. Quem você pensa que é?

- Antes que você tente, eu já te mandei pro inferno. Acredite nisso.

Eu não sinto medo quando o ameaço, na verdade, eu raramente sinto medo de algo. Penso que seja alguma configuração minha que veio errada porque meus pais são os seres humanos mais medrosos que conheço, tudo é motivo para os dois perderem o autocontrole, mas também não sei... Talvez eu só seja mais uma prova viva de que pessoas boas podem sim ter filhos que são o seu total oposto. Ou seja, pessoas ruins.

Não que eu seja ruim, totalmente ruim, mas eu facilmente me tornaria se a vida de quem eu amo estivesse em perigo. Disso eu tenho certeza.

- Se afaste do garoto, Michel. - sem mover um centímetro do meu corpo, minhas íris buscam no meu campo de visão o dono da voz grossa que ecoa me fazendo ter certeza de que é o líder deles. - Não faz eu falar outra vez.

Eu engulo a saliva, inspirando com calma quando minhas retinas refletem pro meu cérebro a imagem do homem branco enorme, cheio de músculos e uma barba por fazer que combina a cor amarelo areia com seus fios levemente compridos. Ele é o único que está usando um sobretudo por cima das suas peças casuais e exala todo o poder que parece ter sobre os outros, que estão ao seu redor, mais para protegê-lo do que atacar a mim como o tal Michel parece determinado nesse momento.

- Esse garoto é abusado, Ethan. - a pressão contra a minha têmpora aumenta e eu travo meu maxilar, sentindo quando meu celular vibra dentro do bolso com a autorização de localização sendo cedida ao padrinho da Lua ao mesmo tempo em que ouço a trava da arma sendo desfeita. - Nós não precisamos dele. Não é só a garota que viemos buscar? Então... Eu mato ele, você pega ela e nós vamos embora desse país de merda.

- Você não vai tocar na minha garota. - eu deixo claro, com minha voz soando firme para que não haja dúvidas de que eu seria capaz das maiores atrocidades para manter ela a salvo.

- Ahh, não? - ele rir debochado e dá um passo para trás, me fazendo entender que vai dar a volta no carro para ir até ela e pela primeira vez em muitos anos, fazendo meu coração acelerar com o amaldiçoado ódio sendo dispersado no meu corpo, que vibra com o sangue fervendo nas veias. - Você quer me ver tocando na sua garota?

- Você não vai tocar nela!

Anos de treinamento passam em segundos por minha mente, me recordando dos golpes mais eficazes quando avanço na direção do filho da puta sentindo cada fração do meu corpo vibrando na frequência do ódio quando o atinjo com um chute de esquerda que faz ele cair por cima do capô do meu carro deixando a arma voar e se acomodar no espaço do para-brisas enquanto ele desliza puxando o ar para dentro dos pulmões e me xingando no seu idioma natal.

- Ou você mata ele ou ele vai matar você e vai transformar a sua garota na puta particular dele. - o tal Ethan fala alto o suficiente para que eu o ouça e se antes já estava puto, determinado em mandar o filho da puta para o quinto dos infernos, agora isso era uma questão de honra. - Decida!

Michel levanta olhando pro cara por segundos, estes que uso para pular por cima do capô e pegar a arma sobre o canto de lá do para-brisas.

Não vou mentir e dizer que é a primeira vez que pego em uma. Não... Embora meu pai abomine violência com armas, ele tem uma em casa e eu sempre me senti atraído pela eficiência dela. O suficiente para pegá-la escondido sempre que podia e testá-la porque o fato de saber que no lugar exato, um projétil penetrado era fatal, me enchia de satisfação. Arrisco dizer que era até excitante imaginar o estrago feito por ela, principalmente na cabeça de quem merece.

- O que você está fazendo, cara? - ele pergunta incrédulo, seu olhar saindo do homem de sobretudo e buscando o meu quando elevo a arma no ar com meus dedos se fechando com força ao redor do cabo e meu coração acelerado de forma incomum, como nunca antes, dentro da minha caixa torácica. - Abaixa a merda dessa arma, moleque! Você não vai atirar, se quer sabe como fazer isso.

- Eu deixo a garota livre se você mandar esse filho da puta, doente traidor, para o inferno agora.

A voz potente anuncia e eu engulo a saliva, puxando e soltando o ar pesado entre as narinas. Uma parte minha sendo a responsável por deslizar meu indicador para o espaço do gatilho e a outra por me alertar que depois que eu o puxar, não terá mais volta, que eu terei minhas mãos sujas de sangue.

Eu, filho do meio de Luan e Lorena, de duas pessoas que são conhecidas pela bondade que tem em seus corações, me tornarei um assassino. Alguém que trará desgosto aos meus pais. E por que? Porque a vida de Luara, o bem estar e liberdade dela sempre estará acima de tudo na minha vida.

Eu amo aquela mulher com todas as minhas forças, sou obcecado, viciado no sorriso e cheiro dela e por isso, nesse momento, cometo um pecado muito maior do que só amar a minha irmã de criação.

Eu me torno algoz de outro ser humano ao apertar o gatilho duas vezes seguidas, sentindo o solavanco que a arma me dá quando dispara o primeiro projétil e logo em seguida, com o automático da pistola deslizando outra cápsula para o cano, o segundo que acerta em cheio o olho direito do filho da puta que não tem tempo se quer para falar um A, antes de ter a alma arrancada do corpo que cai sofrendo espasmos violentos sobre o chão de terra avermelhada cheia de cascalho na superfície.

Meu ouvido zuni, afetado pelo som estridente saído da pistola entre meus dedos e eu ofego, assustado com meus olhos fixos no corpo que pouco a pouco vai parando de se mover no chão, vai tendo seu sangue vermelho intenso drenado pela terra.

Eu queria me sentir culpado, queria me sentir mal com a cena que fui o responsável por estar assistindo nesse momento. Mas não sinto nada que não seja o pavor de ter meu corpo todo eletrizado, consumido por uma adrenalina que me faz ter certeza que eu faria isso quantas vezes fosse necessária. Por Luara ou qualquer outra pessoa da minha família, eu seria capaz de matar quem quer que fosse.

- Bom trabalho...

Minhas mãos apertadas sobre a arma se movem no ar, levando a mira para o rosto branco do homem de sobretudo, iluminado pelos faróis dos carros ao redor do meu, e ele sorrir dando um passo de cada vez na minha direção. Vindo lentamente enquanto continua sob minha mira fazendo gesto para os homens também armados abaixarem suas armas e permanecerem onde estão.

- Derick da Silva Rodrigues, dezoito anos, filho primogênito e de sangue de Lorena da Silva e Luan Rodrigues... - ele começa, falando tranquilo e confiante de que não vou atirar porque agora me mostra que sabe muito mais de mim do que eu gostaria e isso coloca não só a Lua em perigo, como também todos da nossa familia. - Estudante superdotado de direito que devido ao dom da sabedoria, ganhou uma bolsa na Universidade de Oxford e deveria ter embarcado a mais de sete horas atrás com destino a Inglaterra.

Eu engulo a saliva, puxando o soltando o ar com força entre as narinas enquanto aperto meus dentes uns nos outros, sentindo ódio por ele estar confiante o suficiente para parar com o peitoral diante do cano da arma que tenho em mãos, olhando fixamente nos meus olhos com os seus que são tão azuis quanto os de Luara. Algo que faz um arrepio fodido subir por minha espinha com a certeza que faz minha cabeça latejar quando ouço sendo dita por ele:

- Sou irmão consanguíneo da Luara. Um dos seis que foram frutos de um estupro cometido pelo verme que eu ajudei a chegar nela porque acreditei que havia mudado e só queria o amor da filha caçula.

Meus dentes se apertam com ainda mais força, chegando ao ponto do meu corpo todo tremer com o ódio que sinto porque parte da merda que aconteceu com a Luara é culpa dele. É o que está admitindo nesse momento.

- Não sou teu inimigo... Ele era. - sua cabeça se move na direção do homem que matei a pouco. - Aquele maldito era tão doente quanto o nosso pai e eu só fui descobrir isso quando peguei ele e o verme conversando por chamada, rindo com o feito do maldito que ainda teve a coragem de contar parte por parte do que fez com a minha irmã.

O choque de ouvir ele admitindo que quem matei era seu meio-irmão como se fosse algo normal, sem importância, estampa meu rosto e por mais forte que tenha tentando permanecer, acabo deixando que o medo me domine ao ponto de sentir minhas mãos trêmulas quase perderem o força sobre a arma.

Eu não matei só um ser humano. Eu matei um dos irmãos da mulher que eu amo.

Alguém doente como o pai!

Torno a retomar minha postura ao pensar por esse lado, sem desviar meu olhar dos do homem à minha frente um só segundo.

- Quero que venha comigo, Derick. Que se torne meu braço direito dentro do Cartel do Reino Unido. Em troca, eu garanto a segurança e o sucesso em qualquer carreira que minha irmã quiser tomar a partir de hoje.

Eu faço que não porque é loucura, não faz sentido.

Braço direito, Cartel, eu?

- Luara tem meu sangue. Ter matado nosso pai comprova isso... - ele puxa o canto direito dos lábios num meio sorriso, orgulhoso, suas mãos subindo e cobrindo as minhas ao redor da arma. - E você, Derick... Não é nada parecido com seus pais. Eles jamais matariam alguém, por mais mal que esse alguém o fizessem. Não é da índole deles. Mas é da sua. Vejo isso nas suas íris. Você se quer parece arrependido de ter tirado a vida de outrem. Não é verdade? Ou estou errado e você só está em choque?

Eu me recuso a responder sua pergunta porque a maldita resposta vai contra tudo que fui ensinado por meus pais até hoje.

- Foi o que eu pensei. - ele retira a arma das minhas mãos sem dificuldade e a leva para o cós da sua calça jeans, ajeitando o sobretudo em seguida e me dando as costas com a voz grossa ecoando cheia de autoridade: - Se despeça da minha irmã e venha. Creio que o padrinho dela está para chegar e não quero estar aqui quando isso acontecer.

Eu não faço idéia de como ele sabe que Hércules está vindo, mas meu corpo treme quando ele para perto do corpo sem vida ao chão e o chuta, fazendo com que ele fique de bruços antes de me olhar sério por cima do ombro direito.

- Eu tenho tudo sobre controle, Derick. Nunca se esqueça disso. E quando algo acontece sem que eu saiba ou permita, é dessa forma que eu costumo encerrar um ciclo. - ele aponta para o verme no chão, se referindo a morte. - Se apresse porque eu não tenho a noite toda. Nosso jatinho sai em no máximo uma hora e se te conforta saber, eu deixarei que faça sua faculdade em paz e lhe darei alguns dias durante os próximos anos para confraternizar com sua família sem que nenhum de nós esteja por perto.

Eu fecho minhas mãos em punho, com ódio e medo infiltrado em cada fração do meu corpo enquanto o assisto seguir caminho até os carros, mandando que os outros homens juntem o corpo do verme e o joguem em um dos porta malas para colocar fogo antes de embarcarmos.

Despreocupado, é assim que ele age. Ciente que não tenho escolha a não ser obedece-lo porque não sei até onde iria por algo que ainda não faz sentido para mim.

Por que eu?

A pergunta se repete outra vez e meus olhos buscam o corpo sem vida sobre o chão.

Eu o matei e eu não me arrependo disso.

O quão ruim eu sou?

Eu não consigo pensar numa resposta para tal pergunta e sou fisgado para o agora quando o carro em que o homem que se disse irmão de Luara entra, pisca os faróis na minha direção quase como se quisesse que eu faça logo o que me deu tempo e espaço para fazer antes de partir para longe.

A sensação que sinto quando aceno brevemente e sigo na direção da porta do carona, e que parte do meu coração está sendo arrancado do meu peito, forçado a ser entregue a quem ele ama para que num futuro quando tivermos a chance de viver tudo que eu queria que ela estivesse pronta para viver agora, eu ainda o tenha guardado e seguro, longe de todo o sangue que já tenho a ciência que manchará ainda mais minhas mãos porque posso ser novo, mas não sou idiota para achar que não terei que matar outra vez.

- Quero que permaneça calma. - eu sussurro ao abrir a porta e ver que ela já está consciente, toda encolhida dentro das minhas roupas que ficaram largas no seu corpo pequeno e chorando sobre o banco do carona enquanto me olha com as íris azuis cheias de lágrimas. - Está me ouvindo?

Puxo o celular do bolso, vendo que permanece com a chamada ligada e o jogando sobre o painel sem me importar se Hércules vai ou não ouvir o que tenho a dizer para ela. Eu só quero que ele não perca o sinal da localização e a deixe sozinha aqui por mais tempo do que ela possa suportar sem sucumbir a loucura.

- Quem é ele, Derick? E por que parece que você vai segui-lo?

- Porque eu vou, meu amor. - respondo baixinho, me inclinando sobre seu corpo e tomando seu rosto fino entre minhas mãos grandes, que param seu movimento de negar freneticamente enquanto seus olhos se tornam ainda mais molhados. - Hércules já deve está vindo te buscar e eu não vou esperar ele chegar. Tudo bem? Meu celular vai ficar com você e assim que eu conseguir outro, eu te ligo pra saber como está, se chegou bem em casa.

- Não, Derick... - ela soluça, cheia de dor colocando suas mãos sobre as minhas e apertando como se não quisesse que eu fosse. Mas é por ela que eu vou rezando mentalmente para que realmente permaneça segura e tenha sucesso no que quer que queira fazer a partir daqui. - Fica comigo, por favor.

- Eu queria, amor... Mas hoje, agora, eu não posso. Pode aceitar isso, hum?

A luz interna faz suas lágrimas brilharem e eu elevo meus lábios até o canto dos seus olhos, beijando cada um deles antes de descer com meus lábios, parando diante dos seus, mantendo meus olhos dentro dos seus com meu coração disparado e minha pele quente, incendiada pelo ódio que sinto de mim mesmo por não ter outra alternativa a não ser deixá-la aqui, agora.

- Eu amo você, Luara. - confesso o que ela está cansada de saber porque sempre fiz questão de deixar isso claro para ela e para os nossos pais.

Eles acham que é amor de irmãos, ela sabe que não é às vezes, raramente, também parece sentir o mesmo por mim.

- Eu não sei quando vou voltar a repetir isso olhando nos seus olhos, mas eu quero que se lembre disso. Tudo bem? - ela faz que sim, chorando intensamente enquanto sente no seu rosto o quão pesada e quente está a minha respiração. - Eu amo você desde os meus doze anos e não é um amor passageiro, Lua. É um amor que eu sei que vai permanecer até o fim comigo... Talvez quando nos reencontrarmos, eu tenha mudado um pouquinho - sorrio para amenizar o quão mentiroso sinto que estou sendo. - Mas eu sempre vou ser seu. Meu coração e o meu amor, sempre serão seus.

- Eu sei que sim.

Ela sorrir em meio ao choro e eu inspiro com força o ar liberado por seus lábios, engolindo esse pouquinho dela quando toco seus lábios com os meus de forma casta, sem ultrapassar seu limite sentindo quando seu corpo estremece ao mesmo tempo em que o meu arrepia com nosso primeiro selinho.

Eu não falo mais nada, ela muito menos. Permanecemos assim por alguns segundos, até que a buzina de um dos carros ecoa me lembrando que está na hora de ir e com um sorriso forçado nos meus lábios, eu me afasto dela. Piscando galante antes de fechar sua porta e abrir a de trás para retirar minha mala pronta dali.

- Você vai ficar bem até eu voltar? - minha voz vacila quando ela soluça mais alto, se encolhendo ainda mais sobre o banco ao sussurrar que sim para que eu não me sinta mais culpado ainda por deixá-la aqui depois de tudo que passou nas últimas horas. Sozinha. - Então, até mais, amor.

Ela não responde, seu choro não permite, e engolindo a saliva, eu puxo minha mala para fora do carro e bato a porta antes de seguir calado, perdido em pensamentos na direção do carro que pisca o alerta sem parar, quase como se me chamasse pra ele. Pra minha ruína como ser humano e nascimento como alguém que meus pais com certeza abominariam se algum dia souberem que eu me tornei.

- Não se preocupe com ela. Luara ficará bem e longe de qualquer ser que possa vir a fazer mal a ela novamente. - Ethan diz de forma tranquila assim que abro a porta do carro em que ele está sentado no canto de lá, me olhando de forma impassível. - Dou a minha palavra.

- A sua palavra e nada para mim tem o mesmo efeito. - resmungo, irritado, tirando dele um sorriso divertido.

- Ah, Derick... Não sabe quantos anos esperei para encontrar alguém com suas qualidades e defeitos. Se sinta orgulhoso e lisonjeado por ter a oportunidade que eu estou lhe dando.

Entro calado, colocando a minha mala média entre nós e batendo a porta com meu olhar se fixando no para-brisas onde vejo além dele o meu carro ficando para trás quando o automóvel em que estou dá a ré junto aos outros. Se afastando de quem eu amo e sinto que nunca mais verei da mesma forma depois de hoje.

Mas talvez seja melhor assim.

Eu tenho a ciência de que sempre serei de Luara e ela sempre será minha, querendo ou não, ela será. Mas agora, sob tais circunstâncias que nos cercam e nos obrigam a se afastar, entendo que não é a nossa hora e o que me resta é esperar que ela chegue o mais rápido possível.

De preferência, depois que eu executar a ideia que acabo de ter ao olhar de soslaio para o homem imponente sentado perto da outra janela;

A de que um dia terei força e autoridade o suficiente para combater a sua e tomar o seu lugar, só para reduzir a nada tudo que ele pensa que é de valor na sua vida.

[...]

            
            

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