Senti-lo enquanto o abraço apertado, ouvindo seu choro baixinho, me faz sentir em casa novamente. Ainda mais porque faço isso junto com Luara, me aproveitando da situação para espremer sua cintura fininha com meu braço forte e sentir mais de perto o cheiro delicioso que emana dos seus fios negros como a noite e da sua pele macia, tão clara como a neve.
- Eu achei que vocês não iriam vim. - doutor Luan, meu pai, sussurra em tom embargado enquanto nos aperta entre seus braços, afetado pela morte recente de sua mãe que eu gostaria de sentir tanto quanto ele porque Leona fez parte da minha vida, já foi o meu mundo e a minha avó favorita, mas eu só sinto. Nada que doa no peito ou me faça querer chorar como ele. - Estão longe a tantos anos...
Ele nos libera e eu dou um passo para trás, dando espaço para que ele segure o rosto da minha garota que está com os olhos vermelhos, mas não derrama uma lágrima se quer, e beije sua testa com carinho enquanto mais lágrimas saem dos seus olhos.
- Papai sentiu tanta saudade da branca de neve dele. - eu travo meu maxilar quando sussurra a puxando para outro abraço, fechando os olhos e chorando ainda mais. - Ah, Lua... Não faça isso novamente, minha princesa. Não se afaste como se o papai e a mamãe tivessem feito algo de errado. Sua mãe chorava todas as noites de saudades sua e de Derick.
Deslizo o capacete para a minha mão e aperto sua beirada com força enquanto os assisto.
Eu sei porque ela se afastou, sei porque escolheu manter contato somente com o Matheus que todo mês, pelo menos por dez dias, ia ficar com ela no seu apartamento. Eu sei de tudo relacionado a essa mulher porque mesmo longe, nunca deixei de tomar conta dela e de me livrar de cada maldito que achava que teria alguma chance de tirá-la de mim.
Luara é minha, isso não mudou e nunca vai, mas eu precisei me afastar para a sua segurança. Na época, as mortes que já havia cometido estavam pesando demais na minha mente e eu me sentia mais irritado, era como se a porra de um monstro assassino estivesse prestes a se libertar e eu temia por ela, temia porque enquanto a assistia dormir nos meus braços depois do enterro do seu padrinho, eu desejei matar ela, eu desejei matar a mulher que eu amo porque minha mente estava cedendo a loucura e aquilo era perigoso.
O quão longe eu poderia ir? Eu não queria ficar aqui, perto dela e da nossa família para descobrir. Por isso, optei por me afastar justo na noite em que ela parecia disposta a finalmente ser minha.
Porra!
Eu ainda sinto o gosto da sua saliva doce na minha boca, da textura macia da sua pele que eu apertei forte enquanto a fazia sarrar no jeans da minha calça que estava inchada e marcada com meu pau duro pra ela, e ainda tenho gravado na minha mente a droga dos gemidos que ela deixou escapar para mim enquanto me beijava e gozava com facilidade sobre o meu jeans.
Lembro perfeitamente de tudo da noite em que a deixei dizendo que não a amava mais, blasfêmia, logo depois de ter uma amostra do quão quente ela era, do quão pecaminoso era o nosso ato que aconteceu embaixo do teto dos meus pais...
Eu a deixei sedenta por mim, de coração partido, e espero que tenha a chance de corrigir meu erro agora que tenho a mente blindada com a certeza de que jamais vou desejar outra coisa que não seja seu corpo consumindo com o meu na chama do pecado que é amar a minha irmã de criação como jamais amei ou vou amar qualquer outra mulher nessa vida.
- Eu precisava de espaço pra lidar com algumas coisas, pai... - a última palavra sai de forma arrastada, carregada de dor por entre seus lábios pequenos e carnudos. - Me desculpa. Não vou mais fazer isso.
- Não faça mesmo. E se fizer, ao menos nos ligue todas as noites como seu irmão fazia, por favor...
- Dedeco?
Deixo de olhar para o meu pai e a minha garota quando a voz suave invade minha audição vindo das minhas costas e me viro lentamente, baixando meu olhar para a mulher baixinha que é a cópia mais jovem da minha mãe. Solange. Sua pele é de um tom caramelo, seus fios ondulados de uma negritude brilhosa incrível e seus olhos são tão esverdeados quanto os meus ou do nosso pai. Ela é linda por vídeo chamada, mas pessoalmente... Chega a ser estonteante o quão perfeita é a minha irmã caçula.
- Oi, Sol. - minha voz rouca e firme ecoa em tom baixo e ela sorrir com a ponta do nariz fininho e a pele bronzeada abaixo dos olhos grandes ficando ainda mais vermelhas ao avançar para me abraçar chorando. - Eu não sabia que piranhas mirins choravam. - brinco ao chamá-la da forma que nosso tio Maurício a chama e ela rir, chorando e me apertando entre seus braços fininhos ainda mais.
- Elas choram quando estão com saudades dos irmãos mais velhos.
O tom da sua voz e seu cheiro é idêntico ao da nossa mãe e eu me permito sorrir porque a ouvindo e sentindo seu aroma deslizar de forma natural entre minhas narinas, é como se reafirmasse para a minha mente que finalmente estou em casa, que voltei a ser o Derick e não mais um assassino que usa terno, gravata e a lei para esconder todo o sangue que já derramou nessa vida.
- Eu também estava, minha pequena causadora de caos. - aliso suas costas com carinho, meu olhar seguindo para a minha garota que permanece abraçada com meu pai, ouvindo seu choro e o acalmando com o poder da sua voz aveludada que mesmo a um passo de distância consigo ouvir nitidamente sendo sussurrada e sentir nos meus músculos, o efeito calmante dela. - Vamos entrar? Ainda não vi dona Lorena e o resto da família. Matheus veio? - eu sei a resposta da minha pergunta, mas finjo que não. Muito bem, por sinal.
- Se você chamar ela assim, ela vai chorar ainda mais. - acabo sorrindo ao afasta-la, usando uma das mãos para secar seu rosto fininho e me abaixando o suficiente para beijar sua testa com carinho. - Matheus ficou na casa da Liz. - ela pisca forte e eleva os olhos verdes para os meus, me olhando com as íris cheias daquilo que eu perdi a anos. Esperança. - Veio para ficar ou só pro velório da vovó?
- Vou ficar por dois meses. - alinho minha coluna ao elevar as mãos para ajeitar o boné na minha cabeça, meu olhar voltando para a minha garota quando uso do momento para saber o que ainda não sei dela. - E você, Luara, pretende ficar por quantos dias?
Ela e meu pai se separam parcialmente e Solange se junta aos dois, sendo apertada num abraço cheio de carinho dado por minha garota que evita me olhar, mas eu sinto quando o faz de forma que ela acha ser disfarçada, porém, nada relacionado a ela passa sem que eu note, nem mesmo seus olhares na minha direção e arrepios constantes.
- Dez dias, no máximo. - ela responde sem me olhar, beijando o rosto da caçula e limpando as lágrimas dela que choraminga pedindo para que ela fique por mais tempo. - Eu não posso, neném. O início da temporada começa mês que vem e eu preciso treinar para garantir que a Canes e a Celsius continuem me patrocinando. - explica com calma, ainda sem me olhar.
É o suficiente para mim, que sei que ela vai ficar na casa dos meus pais, assim como eu, e sei, principalmente, que eu não pouparei esforços para tê-la entregue a mim o quanto antes.
Por mais difícil que isso pareça que vai ser. Eu gosto de um desafio e Luara acaba de se tornar o meu, pessoal.
Fazer ela implorar para me ter socado no fundo da sua boceta, enchendo ela com a minha porra quente, até o final desses dez dias é uma questão de honra agora.
E se eu quero, eu consigo. Sempre.
- Tá bom. - Sol sussurra, se afastando dela com um sorriso triste enfeitando seu rosto bonito e voltando para mim, que a abraço de lado e aceno com a cabeça na direção do meu pai, como se avisasse que vou entrar com ela.
Ele confirma sem largar minha garota, que junto a Sol são suas filhas favoritas e eu já entendi isso, assim como entendi que Matheus é o favorito da minha mãe e dos quatro, por ser o mais saudável, eu fui o único a crescer com mais liberdade e espaço para fazer o que eu quisesse.
Não sinto revolta e nada do tipo por ter sido assim. Eu fui desejado e amado por meus pais e todos da nossa família e para mim, é isso que importa.
O fato de eu ter me tornado o braço direito e executor de confiança do dono de um Cartel Europeu foi escolha minha, não resultado da falta de atenção dos meus pais em mim quando eu era mais novo.
- Eu vou com vocês. - meu pai sussurra antes de se virar com Luara e seguir com ela abraçada de lado para dentro, na minha frente me fazendo pecar ferozmente dentro da igreja em que ocorre o velório da minha avó quando meus olhos descem de forma disfarçada para a bunda redonda dentro da calça jeans da minha garota que se movimenta de forma normal, mas que é o suficiente para me deixar duro quando a minha mente depravada projeta a imagem do meu pau deslizando melado entre as polpas inchadas que um dia as minhas mãos já deixaram marcadas ao apertarem com firmeza.
Ahh, Deus! Perdão por mais esse pecado.
[...]