Summer: A Queda de um Mafioso
img img Summer: A Queda de um Mafioso img Capítulo 4 Frio e Impiedoso
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Capítulo 6 Reencarnação de Lúcifer img
Capítulo 7 Vestido Vermelho img
Capítulo 8 Você é Minha img
Capítulo 9 Juntando-se ao Inimigo img
Capítulo 10 Terminando o que Você Começou img
Capítulo 11 Perdição img
Capítulo 12 Ruínas img
Capítulo 13 Pedido de Liberdade img
Capítulo 14 O Passado Silenciado de Lourdes img
Capítulo 15 Luz no Fim do Túnel img
Capítulo 16 Fúria de Hades img
Capítulo 17 Desabafo img
Capítulo 18 Chocolate Quente img
Capítulo 19 Casamento Arranjado img
Capítulo 20 Erva Daninha img
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Capítulo 4 Frio e Impiedoso

~ Summer ~

Acordo sentindo o peso do dia anterior como uma pedra no peito. O quarto onde estou é grande, mas frio, sem vida. As paredes brancas parecem me sufocar, e o silêncio é tão denso que quase ouço meus próprios pensamentos berrando.

Caminho até o banheiro com as pernas trêmulas. Abro a torneira e deixo a água correr, tentando encontrar alguma normalidade em escovar os dentes. Uma, duas, três vezes. Escovo até minhas gengivas começarem a doer. Tento ignorar o gosto metálico do sangue e lavo o rosto com água gelada, como se isso pudesse apagar tudo o que aconteceu.

Tomo banho em silêncio, deixando a água quente cair sobre mim. Não me sinto limpa, não importa quanto tempo fico ali. Ao sair, visto a primeira roupa que encontro no armário e volto para a cama. Não sei o que esperar, nem o que fazer. Estou presa.

Quando ouço a porta se abrir, meu corpo enrijece. Uma senhora entra com uma bandeja de comida. Ela tem o rosto marcado pelo tempo e uma expressão neutra, mas seus olhos evitam os meus.

- Trouxe seu almoço - diz, colocando a bandeja na mesa ao lado da cama.

- Não quero - murmuro, olhando para a janela, onde a luz do sol entra tímida pelas cortinas pesadas.

- É melhor comer, menina. O patrão não gosta de ser contrariado.

A menção a ele faz meu estômago revirar. Aperto as mãos no colo, tentando segurar as lágrimas. Não digo mais nada, e a senhora suspira antes de sair, deixando-me sozinha com meu vazio.

Eu me sinto perdida. E não faço ideia de como sair disso.

***********

~ Hades (Gael) ~

Estou revigorado. A adrenalina da noite anterior ainda corre nas minhas veias. A garota, Summer, mexeu comigo mais do que deveria, mas não vou deixar que isso me distraia. Sou um homem prático. Sempre consigo o que quero.

Depois de um banho rápido, coloco um terno preto impecável e vou para um dos meus bordéis. Tiffany me espera no salão principal, como sempre. Ela está sentada em um sofá de couro vermelho, com um vestido que grita provocação e um sorriso cheio de intenções.

- Demorou, chefinho - diz ela, jogando o cabelo loiro por cima do ombro.

- Estava resolvendo assuntos importantes - respondo, sentando ao seu lado.

Tiffany se inclina para mim, passando os dedos pelo meu peito. - Sempre trabalhando. Você precisa relaxar, Gael.

- E é pra isso que você está aqui, não é? - sorrio de canto, puxando-a para um beijo.

Nossos lábios se encontram, e, por um momento, tudo deveria ser simples. Mas não é. Porque não vejo Tiffany; vejo Summer. Seu rosto me vem à mente, aqueles olhos assustados, a resistência inútil. Meu desejo cresce, mas não é por quem está nos meus braços agora.

Interrompo o beijo, afastando Tiffany.

- O que foi? - ela pergunta, com um tom entre ofendida e curiosa.

- Nada. Apenas preciso cuidar de algo no escritório.

Ela revira os olhos, mas não insiste.

No escritório do bordel, acendo um charuto e me sento na cadeira de couro enquanto reviso os relatórios. Meu humor piora quando um dos meus homens entra, nervoso.

- Chefe, temos um problema.

- Fale logo.

- Uma das encomendas... foi desviada.

Fecho a mão em punho, sentindo a raiva pulsar. Levanto-me lentamente, minha voz fria como gelo.

- Quem foi o responsável?

- Ainda estamos investigando, mas...

- Não me venha com desculpas! - grito, jogando o charuto contra a parede. - Alguém vai pagar por isso.

Meu olhar fulmina o homem. Ele engole em seco e sai do escritório apressado, deixando-me sozinho com minha fúria.

Eu não tolero erros. Quem quer que tenha mexido nos meus negócios vai desejar nunca ter nascido.

Chego em casa ainda fervendo de raiva. O incidente com a encomenda foi um erro que não vou perdoar, mas, no momento, outra coisa exige minha atenção. A velha que levei para cuidar de Summer me diz que a garota se recusou a comer.

- O quê? - pergunto, a voz grave, sentindo a irritação crescer ainda mais.

- Ela disse que não queria, senhor. Não tocou em nada - responde a senhora, nervosa, olhando para o chão.

Sem dizer mais nada, subo as escadas com passos firmes. A raiva transborda em mim, como se o controle que tanto prezo estivesse começando a escapar pelos meus dedos. Chego à porta do quarto e a abro com força, quase arrancando-a das dobradiças.

Summer está sentada no chão, encostada na cama, os olhos vermelhos de chorar. Ela levanta a cabeça ao ouvir o estrondo da porta e me encara, mas não diz nada.

- Que tipo de joguinho acha que está fazendo? - disparo, cruzando o quarto em direção a ela.

- Eu... não estou com fome - murmura, a voz trêmula.

- Não está com fome? - grito, o sarcasmo escorrendo pelas minhas palavras. - Não é uma questão de fome, Summer. É uma questão de obediência. E você está me desafiando.

Ela tenta se levantar, mas eu a empurro de volta para o chão com facilidade.

- Não me toque! - protesta, o medo misturado com a coragem de alguém que não sabe onde está pisando.

- Você não entende ainda? - digo, tirando o cinto da minha cintura com um movimento rápido. - Eu sou quem manda aqui. E vou te ensinar isso, nem que seja à força.

Ela recua, tentando se afastar, mas é inútil. Dou a primeira cintada em suas pernas, e ela solta um grito que ecoa pelo quarto.

- Pare! Por favor! - ela implora, lágrimas escorrendo pelo rosto.

- Vai aprender a me respeitar! - grito, desferindo outra cintada.

Ela tenta proteger o corpo com os braços, mas não tem força para me deter. Cada golpe parece marcado pelo meu próprio ódio, não só por ela, mas por tudo que está errado em minha vida.

Finalmente, paro. Ela está encolhida no chão, soluçando, o corpo tremendo. Guardo o cinto e a encaro, a respiração pesada.

- Quando eu mandar comer, você come. Está claro? - digo, frio e impiedoso.

Ela não responde, apenas balança a cabeça lentamente.

- Ótimo - digo, virando-me para sair do quarto. Antes de fechar a porta, lanço um último olhar para ela. - Não me obrigue a fazer isso de novo.

Saio, deixando-a sozinha, quebrada. Mas, mesmo assim, algo dentro de mim se agita, um desconforto que não consigo nomear. Como se, por um momento, eu tivesse cruzado um limite que deveria ter permanecido intacto.

            
            

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