Espero até o sol começar a se pôr. A casa está mais silenciosa, os passos ecoam distantes. É a minha chance. Abro a porta do quarto devagar, sentindo meu coração acelerar. Um passo de cada vez, Summer, digo a mim mesma, tentando ignorar o medo que consome meu peito.
Desço as escadas, me escondendo nas sombras. Ao longe, escuto vozes de homens falando, gargalhadas abafadas. Devem estar distraídos. Chego até a porta principal, mas está trancada.
"Droga", murmuro baixinho. Meu olhar percorre o espaço, procurando outra saída. A cozinha. Talvez haja uma porta nos fundos.
Caminho rápido, mas cautelosa, meus pés descalços silenciosos contra o chão frio. Encontro a porta da cozinha e, para minha sorte, está destrancada. Empurro devagar, sentindo o ar fresco da noite bater no meu rosto.
É agora.
Saio correndo, atravessando o quintal enorme, ignorando a dor no meu corpo. A cada passo, sinto que estou mais perto da liberdade. Mas então, um grito ecoa atrás de mim.
- Peguem ela!
Meu coração dispara. Olho para trás e vejo dois homens correndo na minha direção. Não! Não agora!
Acelero o máximo que consigo, mas minhas pernas ainda estão fracas, meu corpo ferido. Eles me alcançam antes que eu consiga passar pelos portões. Um deles me segura pelos braços com força, enquanto o outro agarra minha cintura.
- Me soltem! - grito, debatendo-me.
- Você é corajosa, hein? - um deles diz, rindo enquanto me arrasta de volta para a casa.
Sou levada à força de volta ao quarto. Tento resistir, mas é inútil. Eles me jogam no chão como se eu fosse um saco de batatas.
- O chefe não vai gostar disso - diz um deles antes de fechar a porta com um estrondo.
Minhas mãos tremem, e o pânico toma conta de mim. O que ele vai fazer agora?
Minutos depois, a porta se abre de novo, e lá está ele. Hades. Seu olhar é frio, sombrio. Ele entra no quarto devagar, fechando a porta atrás de si.
- Você realmente achou que podia fugir? - sua voz é baixa, mas carregada de ameaça.
Não respondo. Apenas fico onde estou, encolhida no chão, tentando me afastar dele.
- Responda, Summer! - ele grita, avançando em minha direção.
- Eu... eu só queria ir embora... - minha voz sai fraca, quase inaudível.
- Ir embora? - ele ri, mas não há humor em seu riso. - Você não entendeu ainda? Não tem para onde ir, Mia Béla. Você é minha. E eu vou garantir que nunca mais tente algo assim.
Ele se aproxima, e eu sinto o chão sumir debaixo de mim. Estou perdida.
- Siim... eu quero minha casa.
- Sua casa é aqui porra! - diz exaltado me puxando pelos cabelos e levando em uma direção estranha.
Sou jogada em uma especie de porão escuro.
- Você assim tão arisca só desperta meus sentimentos. Olha como você me deixa.
Ele pega minhas mãos e puxa contra seu membro ereto por baixo da calça. Caramba ele está pulsando.
Seu olhar exala fogo e perigo ele me devora como se eu fosse uma presa fácil, e sem mais ele me beija bruscamente e morde meus lábios com força.
- Por favor ... senhor, não me machuque - imploro e meu tom sai gemendo sem que eu perceba.
- Você é mesmo uma puta, está gostando.
Sem esperar minha resposta ele levanta a barra do meu vestido e eu estremeço sem querer quando ele encontra o tecido da minha calcinha. Ele me beija com tanta força e tira a peça do meu corpo. Solto um pequeno grito quando ele toca minha boceta.
- Tão molhada - sussura enquanto me enfia dois dedos - e tão apertada.
Cravo as unhas em suas costas, estou gostando e me condeno por isso.
Ele me fode mais rapido com os dedos, e eu sem perceber estou rebolando em seus dedos e gemendo, quero mais, quero sentir ele por completo. Me dou um soco mental, esse cara é meu sequestrador, ele matou meu pai e eu não posso gostar disso, só pode ser a adrenalina misturada com os hormônios.
Ele me estoca mais e eu me desmancho gozando em seus dedos, ele tira os dedos de mim e ordena. - Lambe.
- Não.. não - falo tentando me afastar.
- Você acabou de cavalgar em meus dedos Mia Béla e estava gostando que eu sei, mas esse será seu castisgo.
Ao falar isso ele lambe os dedos.
- Tão doce.... Mas, não vou terminar isso hoje. Diz saindo me deixando neste lugar frio.
"Isso não é normal. Isso não é certo."
Eu repito essas palavras para mim mesma enquanto olho fixamente para a escuridão. Minha respiração é pesada, meus pensamentos caóticos, como uma tempestade que não consigo controlar.
Hades. Seu nome surge na minha mente como um veneno. Ele é cruel, sombrio, um monstro... mas por que eu não consigo odiá-lo completamente?
Hades é o deus grego do submundo, será esse mesmo seu nome, Ele está mais para a encarnação do demônio do que para um deus.
Fecho os olhos com força, tentando afastar as lembranças dos acontecimentos anteriores, mas é inútil. O som de sua voz, a força em suas mãos, o olhar intenso que ele me lança como se fosse capaz de me consumir... Tudo isso se repete como um eco.
"Você está com síndrome de Estocolmo, Summer. É só isso. É só isso."
Digo essas palavras em voz alta, na esperança de que minha mente obedeça. Mas não adianta. Não adianta. Há algo errado comigo.
- Ele é um monstro! - grito para o vazio do quarto, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto. - Ele matou meu pai! Ele me prendeu aqui! Ele me machucou...
Minha voz falha, engasgada pelo nó que se forma na minha garganta. Mas junto com o ódio, há outra coisa, algo que me atormenta ainda mais: a lembrança de seu toque.
Meu coração acelera ao lembrar de como ele me segurou, de como seus lábios invadiram os meus. Não foi consentido, não foi certo, mas... algo dentro de mim respondeu, mesmo que contra a minha vontade.
- Não! - me levanto de repente, ando de um lado para o outro, desesperada. - Isso não é real. Não pode ser.
Mas a verdade é que é real. Eu estou sentindo algo por ele, e isso me assusta mais do que qualquer ameaça que ele possa fazer.
- Ele é meu carcereiro. Um assassino. Um homem perigoso.
Minha mente sabe disso, mas meu coração, ou talvez meu corpo, parece confuso, traidor. Eu deveria odiá-lo, mas cada vez que ele entra nesse quarto, eu não consigo respirar.
Sento no chão, abraçando meus joelhos. Minha cabeça dói, latejando com a guerra que acontece dentro de mim.
"Você está com síndrome de Estocolmo. Isso é tudo."
Repito de novo, de novo, e de novo. Tento transformar isso em um mantra, uma verdade absoluta que me livre dessa confusão.
Mas no fundo, uma parte de mim, a parte que mais me assusta, não quer se livrar.
E isso me destrói.