Summer: A Queda de um Mafioso
img img Summer: A Queda de um Mafioso img Capítulo 6 Reencarnação de Lúcifer
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Capítulo 11 Perdição img
Capítulo 12 Ruínas img
Capítulo 13 Pedido de Liberdade img
Capítulo 14 O Passado Silenciado de Lourdes img
Capítulo 15 Luz no Fim do Túnel img
Capítulo 16 Fúria de Hades img
Capítulo 17 Desabafo img
Capítulo 18 Chocolate Quente img
Capítulo 19 Casamento Arranjado img
Capítulo 20 Erva Daninha img
Capítulo 21 Entre Cinzas e Faíscas img
Capítulo 22 Um Tempo Bom img
Capítulo 23 Eu Quero Você img
Capítulo 24 Entregues img
Capítulo 25 Problemas no Paraíso img
Capítulo 26 Bando de Inúteis img
Capítulo 27 Cerimônia img
Capítulo 28 Entre a Razão e o Desejo img
Capítulo 29 À Beira do Controle img
Capítulo 30 Gravidez img
Capítulo 31 O Convite para a Sicília img
Capítulo 32 Segredos e Bolo de Cenoura img
Capítulo 33 Preparativos img
Capítulo 34 Sicília img
Capítulo 35 Gran Finale img
Capítulo 36 Final Feliz Existe img
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Capítulo 6 Reencarnação de Lúcifer

~ Hades (Gael) ~

Sentado em meu escritório, revisando alguns números de um dos meus negócios. As últimas semanas têm sido um caos, como sempre, mas é o tipo de desordem que eu aprendi a dominar. Controle. Poder. Isso é tudo o que importa.

- Gael, o carregamento do porto está em ordem. - Marco, meu capo e braço direito, entra com sua postura rígida, como sempre.

- Eu já disse pra me chamar de Hades - reclamo e volto a falar - Ótimo. Certifique-se de que a entrega seja feita sem erros. Não tenho paciência para incompetentes.

Ele assente e sai, deixando-me sozinho. Depois de concluir os últimos detalhes, decido voltar para casa e descer ao porão. Ali é onde escondo os segredos mais sombrios, os erros que precisei corrigir e as dívidas que outros não puderam pagar. É aonde Summer se encontra.

Passo horas lá, perdido em pensamentos e decisões e a observando sem que ela perceba. O ambiente é escuro, abafado, o cheiro metálico de ferrugem impregnado no ar. Cada objeto, cada centímetro deste lugar, é um lembrete do tipo de homem que eu me tornei - ou sempre fui.

- "Ele é um carcereiro, assassino e perigoso..." - ouço sua voz baixa, mas carregada de angústia.

Ela está sozinha, e falando coisas a meu respeito ao vento, mesmo sem saber que estou aqui. Um sorriso maquiavélico se forma no meu rosto. A garota não sabe o que está fazendo.

- "...e eu estou com síndrome de estocolmo..."

Sem fazer barulho me aproximo dela.

- Então eu sou um carcereiro, assassino e perigoso? - falo com a voz fria, rompendo o silêncio.

Ela se sobressalta, seus olhos arregalados de pavor. A visão dela acuada, recuando contra a parede, me diverte.

- E você está com síndrome de estocolmo? - continuo, observando como ela reage.

- Eu estou falando com você, garota - rebato, a voz firme, autoritária.

Ela tenta disfarçar, mas vejo sua mente girando, procurando uma maneira de me atingir. Ela não entende que não há brechas em mim.

- Hades... seu nome é esse mesmo? Eu nunca conheci ninguém com esse nome.

Eu arqueio uma sobrancelha. Isso é o que ela tem a dizer?

- É mesmo?

- Sim, foi sua mãe que escolheu?

Sinto meu corpo endurecer ao ouvir a palavra "mãe". Não sei por que, mas aquela pergunta simples me irrita mais do que deveria.

- Minha mãe? - rio, mas sem humor. - Mia Béla, eu não tenho mãe. E, com certeza, não foi aquela filha de uma puta que escolheu meu nome.

Ela me encara, surpresa com a resposta. Há algo nos olhos dela, uma curiosidade inocente que me deixa desconfortável.

- Mas você tem alguém? - pergunta, fazendo um biquinho que claramente não me afeta.

Dou as costas para ela, pronto para sair. Essa conversa já foi longe demais.

- Você pode sair.

Ela hesita por um segundo, mas me segue.

- E também pode caminhar pela casa, mas não tente nada que vá se arrepender depois.

- Ainda estamos na Sicília? - sua voz soa mais firme agora.

- Você está aonde deveria estar, e isso basta.

- Aonde estamos? - ela pergunta de novo, dessa vez gritando.

Paro imediatamente e me viro, fazendo com que ela trombe em mim. Meu olhar a prende no lugar.

- Não grita comigo, cacete.

Ela recua, mas não desiste.

- Eu... eu só quero te pedir para ir ao cemitério ver minha mãe - ela diz, a voz quebrando enquanto as lágrimas começam a cair sem controle.

O choro dela mexe comigo de uma forma que não quero admitir. Há algo em sua vulnerabilidade que rasga a armadura que carrego. Desvio o olhar, tentando sufocar o peso daquela cena.

- Te leszel a megváltásom vagy kudarcom, Mia Béla? - murmuro em húngaro, uma das línguas que

domino, escolhendo propositalmente algo que ela não entenderá.

- O quê? Não entendi. Que idioma é esse? - ela pergunta, os olhos ainda brilhando com as lágrimas.

"Você será minha salvação ou meu fracasso, Minha Bela?" - penso, mas não respondo. Em vez disso, permaneço em silêncio, carregando a dúvida e o medo dessa verdade apenas comigo.

- Não te diz respeito e eu não seu babá, tenho coisas mais importantes para fazer.

Ela continua chorando, e por um instante, penso em ceder. Mas eu não posso. Não vou me deixar amolecer.

- Pare de chorar. Isso não vai mudar nada - digo, seco, antes de sair.

Enquanto desço as escadas, uma pontada de incômodo me atravessa. Algo nela me desestabiliza. Algo que

preciso destruir antes que cresça e se transforme em algo que não consigo controlar.

Sou Don Hades. Não me apaixono. Não sinto. Não tenho alma. Essa verdade é meu escudo, meu mantra. Com esse pensamento, pego o telefone e ligo para Marco, minha sombra mais eficiente.

- Descubra de quem ou do quê Summer mais gosta - ordeno, seco e direto desligando a chamada.

Marco não demora a retornar uma mensagem com a informação.

"Ela é reservada, senhor. Sem amigos próximos. Mas tem um cavalo. Parece que ela é apegada a ele."

Um sorriso frio e cruel surge em meu rosto enquanto digito a resposta: "Mate-o. E me traga o coração."

"Você é uma pessoa muito doente Gael" - me retorna, parecendo brincar com a sorte, só o ignoro.

Ele pode estar certo, sou uma pessoa doente. Estou deixando Summer entrar na minha mente.

Algumas horas depois, Marco retorna com o que pedi, envolto em um embrulho discreto. Não digo nada, apenas aceno, indicando que ele pode sair.

Subo até o quarto de Summer, carregando um prato de comida coberto. A cada passo, penso na mensagem que estou prestes a transmitir. Ela precisa entender que, no meu mundo, nada escapa ao meu controle.

Abro a porta sem bater. Ela está sentada na cama, os olhos perdidos em algum ponto da janela.

- Aqui está sua janta - anuncio, colocando o prato sobre a mesa de cabeceira.

Summer olha para mim com desconfiança, como sempre.

- O que é? - pergunta, franzindo o nariz.

Meu sorriso é lento, quase divertido. Levanto a tampa, revelando o que há no prato.

- O coração do Príncipe - digo, em um tom que mistura humor sombrio e desafio.

Os olhos dela se arregalam, e por um momento vejo o pânico surgir. Em um acesso de raiva, ela bate no prato, que cai no chão com um estrondo, espalhando seu conteúdo.

Sem hesitar, ela se levanta e começa a me bater no peito, os tapas desajeitados e impulsivos, como se estivesse tentando extravasar toda a dor e a raiva que sente. É quase engraçado, se não fosse tão patético. Seguro seus pulsos firmemente, obrigando-a a parar.

- Olhe para mim - ordeno, minha voz baixa e cortante. Ela tenta desviar o olhar, mas não deixo.

- Esse coração - continuo, aproximando meu rosto do dela - é um símbolo. Para te mostrar que, no meu mundo, eu faço o que quero. E você, Summer, não tem poder algum para impedir.

As lágrimas que começam a brotar nos olhos dela não me afetam. Pelo menos é o que eu quero acreditar.

Ela me encara, os olhos fervendo de ódio e dor, mas não diz nada. Apenas respira fundo, como se tentasse reunir forças para me desafiar mais uma vez.

- Você é a reencarnação de Lúcifer - sussurra, finalmente.

- E você é uma erva daninha... minha erva daninha. Nunca esqueça disso. - enfatizo a palavra "minha" e solto seus pulsos dando um passo para trás.

Saio do quarto sem olhar para trás, deixando-a ali, com os destroços de mais uma parte de sua alma.

            
            

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