Um vestido de Vera Wang, com suas cinco camadas de seda e renda francesa, sussurrava contra o banco alto do bar enquanto ela se ajeitava. Pequenas pérolas e cristais decoravam o corpete, moldando a silhueta delicada de seu corpo. A renda abraçava sua cintura fina, descendo em cascata até o chão em ondas etéreas. Seus sapatos Louboutin, ainda imaculadamente brancos, descansavam no chão de mármore negro - seus pés preferiam sentir o frio do metal do apoio do banco.
O reflexo no espelho revelava uma beleza que parecia saída de uma tela renascentista. Seus olhos, um raro tom de cinza esverdeado, eram emoldurados por cílios extraordinariamente longos e escuros, agora pesados com lágrimas não derramadas. O nariz delicado, levemente arrebitado, estava corado - uma característica que sempre a traía em momentos de emoção intensa. Sua pele, branca como porcelana e suave como veludo, tinha aquele brilho particular que só a inocência pode conferir.
O cabelo ruivo, sua marca registrada, caía em ondas luxuriantes bem abaixo da cintura. Os cachos naturais, normalmente domados em um penteado elaborado, agora se libertavam lentamente, formando uma cortina flamejante que capturava a luz dos lustres e a transformava em fios de cobre líquido. Suas mãos, longas e graciosas como as de uma pianista, tremiam levemente ao segurar o copo de cristal - mãos que costumavam criar obras de arte, agora tentando segurar os pedaços de seu coração partido.
O vestido, que deveria ter testemunhado sua primeira entrega ao amor, agora era somente um lembrete cruel de promessas vazias. Aos vinte e três anos, Asha havia guardado sua inocência como uma joia preciosa, acreditando nas tradições e no amor verdadeiro - uma decisão que agora parecia amplificar ainda mais sua humilhação.
Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha e ela a secou rapidamente com as costas da mão, um gesto que tinha a graça natural de todos os seus movimentos. Mesmo em seu momento mais vulnerável, havia algo de etéreo em Asha, como se ela não pertencesse inteiramente a este mundo de traições e mentiras.
"Srta. Laurent, tem certeza de que não quer que eu chame alguém?" Marcus, o bartender de cabelos grisalhos e olhos gentis, perguntou pela terceira vez na última hora.
"Não há ninguém para chamar, Marcus." Asha respondeu, sua voz rouca de tanto chorar. "Apenas mais um desses, por favor." Ela empurrou o copo de cristal Baccarat em sua direção, os cubos de gelo tilintando como sinos distantes.
O bar estava praticamente vazio, exceto por dois executivos absortos em seus laptops no canto oposto. A música ambiente - um jazz suave tocado no piano Steinway do lobby - flutuava pelo ambiente, transformando a cena em algo quase cinematográfico.
Asha observou seu reflexo fragmentado no espelho atrás do bar. Seu rosto de porcelana, normalmente impecável, estava manchado pelo rímel à prova d'água que afinal não era tão à prova assim. Seus olhos cor de âmbar, herdados de pais que nunca conheceu, estavam vermelhos e inchados. O penteado elaborado que levara três horas para ser feito começava a se desfazer, mechas cor de chocolate escuro escapando aqui e ali.
O uísque duplo dançava no copo de cristal, refletindo as luzes douradas do bar do Hotel Athena. Asha contemplava seu reflexo distorcido no espelho atrás do balcão, ainda usando seu vestido de noiva Vera Wang - uma obra-prima em renda francesa que agora parecia zombar dela. Seu nariz vermelho e os olhos inchados contavam a história do dia que deveria ter sido perfeito.
"Mais um," sussurrou ela ao bartender, seus dedos tremendo levemente ao tocar o copo. O vestido de US$ 50.000, presente de seu pai recentemente falecido, agora estava manchado na barra - uma metáfora perfeita para sua vida arruinada. Algumas horas antes, descobrira que Thackery, seu noivo, havia fugido com Ravenna, sua meia-irmã adotiva.
A porta giratória do bar silvou suavemente, e através dela entrou Cornellius Stavros. Seu terno italiano feito sob medida não conseguia esconder a tensão em seus ombros largos. Acabara de sair de uma videoconferência tempestuosa com o conselho da Stavros Global Shipping, onde o testamento de sua avó fora lido. A herança de bilhões viria com correntes douradas: casamento e um herdeiro em seis meses, ou perderia tudo para seu primo rival, Lysander.
Cornellius Stavros personificava a perfeição da antiga linhagem grega mesclada com o poder contemporâneo. Alto, com 1,92m de altura, seu corpo atlético revelava a disciplina de quem, mesmo entre reuniões de conselho, mantinha uma rotina rigorosa de exercícios. Seus ombros largos e postura impecável preenchiam o terno Brioni feito à mão, cor grafite, com uma elegância que parecia natural, não estudada.
Seu rosto parecia esculpido em mármore por um artista obsessivo: maxilar forte e bem definido, coberto por uma barba por fazer precisamente aparada que realçava seus lábios cheios e firmes. O nariz reto e aristocrático deixava clara sua herança helênica. Mas eram seus olhos que capturavam - e prendiam - a atenção: profundos, da cor do Mar Egeu durante uma tempestade, um azul-esverdeado intenso cercado por cílios escuros e sobrancelhas expressivas.
Os cabelos negros, naturalmente ondulados, estavam estrategicamente desalinhados - um estilo que custava uma pequena fortuna para parecer despretensioso. Algumas mechas prateadas nas têmporas, precoces para seus 35 anos, apenas acrescentavam um ar de distinção à sua aparência devastadora.
Suas mãos, grandes e bem cuidadas, ostentavam apenas um anel de platina com um selo familiar antigo no dedo mindinho direito. Um relógio Patek Philippe Nautilus, em ouro rosa, adornava seu pulso esquerdo - uma herança de seu falecido pai.
Quando se movia, era com a graça controlada de um predador - cada gesto preciso e proposital. Seu perfume, uma fragrância exclusiva criada em Grasse, mesclava notas de bergamota, sândalo e um toque de almíscar, criando uma aura de luxo discreto e masculinidade refinada.
Uma cicatriz quase imperceptível cortava sua sobrancelha esquerda - única imperfeição em sua aparência impecável, resultado de um acidente de carro na infância que havia tirado a vida de seus pais. Sua voz, grave e melodiosa, carregava um leve sotaque grego que se intensificava quando estava irritado ou... excitado.
O poder emanava dele como uma força física palpável, não apenas por sua aparência extraordinária, mas pela autoconfiança absoluta de alguém que nasceu para comandar. Mesmo parado, Cornellius dominava o ambiente, atraindo olhares tanto de admiração quanto de inveja.
O olhar de Cornellius varreu o ambiente luxuoso do bar, mas congelou ao pousar sobre a figura etérea sentada sozinha. O contraste era surreal - uma noiva que parecia uma fada perdida em meio ao ambiente masculino do bar. A cascata de cabelos ruivos flamejantes caía sobre as costas delicadas, algumas mechas rebeldes escapando do que um dia fora um penteado elaborado.
Algo nela o atingiu como um soco no estômago. Talvez fosse a vulnerabilidade mesclada com dignidade em sua postura, ou o modo como seus dedos delicados seguravam o copo de uísque - um gesto tão incongruente com seu vestido de noiva imaculado.
Aproximou-se como se atraído por um ímã invisível, seus passos silenciosos sobre o mármore negro. O perfume dela - uma mistura suave de jasmim e baunilha - chegou até ele antes mesmo de alcançar o bar. De perto, pode observar o tremor quase imperceptível de seus ombros e o modo como ela mordia suavemente o lábio inferior para conter as lágrimas.
"Este lugar está ocupado?" Sua voz saiu mais rouca que o normal, o sotaque grego mais pronunciado que o habitual. No espelho, capturou o momento exato em que ela ergueu os olhos - aquele extraordinário tom de cinza esverdeado velado por lágrimas não derramadas.
O nariz delicado estava corado, e algo naquela vulnerabilidade fez seu coração, normalmente protegido por camadas de desconfiança, apertar inexplicavelmente. Ela diferia das mulheres que normalmente povoavam seu mundo - não havia artifício em sua beleza, nenhum cálculo em seu sofrimento.
"Por um fantasma do passado ou um demônio do presente?" A voz dela era suave como seda, mas carregada de uma amargura que parecia deslocada em alguém tão jovem.
Cornellius sentou-se ao seu lado, consciente do modo como o vestido de noiva roçava levemente sua perna. De perto, podia ver os detalhes delicados de seu perfil, a curva graciosa de seu pescoço, a pele aveludada que parecia brilhar sob as luzes douradas do bar.
"Macallan 25, puro," pediu ao bartender, sem tirar os olhos dela. "Às vezes, os fantasmas e os demônios são o mesmo," respondeu, observando como ela estremeceu levemente com suas palavras.
O silêncio entre eles vibrava com uma tensão indefinível. Pela primeira vez em anos, Cornellius sentiu-se desarmado. Havia algo nesta noiva abandonada que ultrapassava todas suas defesas cuidadosamente construídas, algo que fazia seu instinto protetor - há muito tempo adormecido - despertar.
"Cornellius Stavros" apresentou-se, sua voz carregando uma suavidade que surpreendeu a ele mesmo.