Capítulo 2 2

NA MANHÃ seguinte, enquanto Elinor tomava banho, ela se lembrava horrorizada do diálogo que tivera com o príncipe Jasim. O álcool havia feito dela uma tola! Ela deveria ter sido mais cuidadosa com relação à bebida. Já haviam passado seis meses desde que ela bebera pela última vez, Elinor pensou, mordiscando o lábio inferior com nervosismo. Além disso, estava ressentida pelo fato de não ter ganhado permissão de sentir o gosto da liberdade e tirar uns dias de folga quando pedira para os patrões. Mas nem tanto a ponto de arriscar seu emprego, refletiu preocupada.

Um emprego, aliás, que iria acrescentar uma sólida importância ao seu currículo quando buscasse sua próxima posição. A última coisa de que ela precisava agora era ser demitida por ter sido audaciosa com um príncipe! Ela nem mesmo o chamara de "senhor" quando dirigiu a palavra a ele, Elinor se lembrou com um gemido de frustração.

Normalmente, ela era tão sensata e educada! Por que não conseguira ficar calada? A verdade era que ela estivera de mau humor e a infeliz combinação da inegável beleza do príncipe Jasim seguida por sua crítica mordaz havia sido a última gota. A julgar pelos ataques de fúria que o príncipe Murad sofria quando uma mínima coisa o aborrecia, ela já sabia que egos reais eram fracos e supersensíveis.

O príncipe Jasim jamais a perdoaria por ter sido rude com ele e certamente iria se queixar com o irmão, pensou Elinor.

Era sábado e Zahrah tinha aulas de equitação. Durante as aulas, Elinor normalmente saía para cavalgar também. Ela vestiu calça de moletom, uma camiseta verde e finalmente calçou as botas. Elinor estava prestes a sair do quarto quando ouviu uma batida na porta. Ao abri-la, ficou surpresa por receber de um dos criados uma enorme cesta com flores belamente arranjadas.

Inicialmente, Elinor mal conseguiu acreditar que as magníficas flores eram para ela e se embriagou com o delicioso aroma das rosas com um suspiro de júbilo, antes de detectar o envelope do cartão e abri-lo.

Desejo um feliz aniversário atrasado e peço desculpas, Jasim.

Elinor estava estupefata. Ele estava pedindo desculpas para ela? Até mesmo desejando um feliz aniversário e presenteando-a com flores? Isso era inacreditável. Ela havia feito uma imagem errada dele. Além de ser mais lindo do que qualquer homem tem o direito de ser, o príncipe Jasim a havia impressionado por ser arrogante e muito orgulhoso.

Definitivamente, ela não pensou que ele pudesse ser do tipo que pede desculpas. Na verdade, ela pensou que ele fosse o tipo de homem que sempre dá a última palavra. Mas, obviamente, as primeiras impressões não tinham sido agradáveis para nenhum dos dois na noite anterior. Era a primeira vez que um homem dava flores a Elinor e ela ficou impressionada e satisfeita com o gesto, mesmo porque havia tido uma noite de aniversário abominável e decepcionante.

Nesse instante, Zahrah correu para dentro do quarto. Exibindo um sorriso radiante, a menina de 4 anos era uma linda criança com cabelo escuro e encaracolado e olhos castanhos.

– Bom dia, Elinor! – exclamou Zahrah, abraçando-a com carinho. – Vaidescer para tomar o café da manhã?

As duas desceram a escadaria e Elinor estava prestes a se dirigir à pequena sala de jantar, onde normalmente tomava o café da manhã com a criança, quando Ahmed, o mordomo, interceptou-a. Zahrah agiu como intérprete e informou Elinor que tomariam o café da manhã com o seu tio Jasim.

Elas foram conduzidas até a enorme sala de jantar formal. Zahrah deixou escapar um grito de alegria e se jogou nos braços de Jasim. Isso proporcionou um minuto para Elinor se recompor, enquanto Jasim erguia-se da cadeira a fim de cumprimentá-la.

Sob a luz intensa dos raios de sol que entravam através das imensas janelas, a pele bronzeada e os traços aristocráticos do rosto másculo eram surpreendentemente incríveis, e novamente ela descobriu que era impossível desviar os olhos dele. Jasim dominava a sala com sua poderosa presença e ela se sentia obrigada a observar os traços clássicos do rosto dele a fim de tentar descobrir o que possuía de tão especial para que sua atenção ficasse completamente voltada para ele. As batidas de seu coração aceleraram, fazendo com que ela sentisse dificuldade até em respirar. Enquanto Elinor o assistia, Jasim inclinou a cabeça e sorriu para a criança em seus braços, e a força do seu poderoso carisma a golpeou mais uma vez.

– Srta. Tempest... – murmurou ele lentamente, enquanto acomodava Zahrah em uma cadeira ao lado. Vestido com uma roupa de equitação feita sob medida, ele estava exuberantemente elegante e sofisticado.

– Por favor, sente-se – pediu ele, indicando uma cadeira.

Elinor se acomodou, ainda confusa. Sua respiração estava acelerada e se sentia como uma adolescente: embaraçada, tola e desajeitada, tudo ao mesmo tempo.

– Obrigada pelas flores. Você foi muito generoso – murmurou Elinorapressada em agradecer, enquanto Zahrah se ocupava em tagarelar com Ahmed sobre o seu cereal favorito.

O brilho intenso de seus olhos castanhos repousou sobre ela e Elinor honestamente pensou que seu coração fosse parar de bater.

– Não foi nada.

– Eu lhe devo desculpas... eu fui rude – confessou ela.

– Uma nova experiência para mim – declarou o príncipe com a voz impassível.

Por um segundo, Elinor desejou esbofeteá-lo por ele não ter lhe dado uma resposta mais piedosa à sua tentativa de se corrigir.

– Ninguém nunca lhe responde? Ou briga com você? – Ela quis saber.

– Ninguém – confirmou Jasim, como se isso fosse perfeitamente normal. Ele a assistiu baixar o olhar e notou que a face delicada de Elinor estava levemente corada. Jasim se perguntou sobre qual padrão ela estava tentando estabelecer em seu benefício. Ele não conseguia acreditar que essa era a mesma mulher, pois não havia nem sinal da jovem estridente e argumentativa que conhecera na noite anterior.

Nessa manhã, a insegurança no tom suave de voz dela e a relutância em encará-lo clamavam uma timidez e inocência sexual ideais para capturar um homem mais velho. Não era de admirar que o seu irmão mais velho estivesse preocupando a esposa com essa jovem vulgar e calculista, ele refletiu amargamente. Contudo, a atuação não funcionou tão bem com Jasim. Mas, até então, ele era mais sofisticado do que Murad e mais atento aos costumes sexuais liberais das jovens da mesma idade de Elinor Tempest.

– Diga-me por que o seu aniversário foi horrível – indagou Jasim suavemente, estudando-a com aqueles belíssimos olhos escuros e relaxando as costas na cadeira.

Elinor ficou tensa.

– Isso não seria apropriado, senhor.

Jasim uniu as sobrancelhas.

– Eu decido o que é apropriado – contestou ele. – Diga.

Por um instante, Elinor ficou impressionada por receber o comando imperioso de um homem acostumado à obediência imediata. E se sentiu aliviada quando Zahrah roubou o momento com suas tagarelices.

– Você pode explicar mais tarde – declarou Jasim. – Vou descer aosestábulos com você e Zahrah.

A expectativa a deixou nervosa e, ao encará-lo, Elinor congelou diante do brilho faminto que ele ostentava no olhar e apressou-se em fitar a própria xícara de café novamente. A forma com que Jasim a estudava sugeria que ele a achava atraente, mas Elinor não podia acreditar que um príncipe pudesse desenvolver interesse pessoal por ela. Talvez ele fosse tão gentil quanto o irmão e estivesse apenas tentando amenizar os desagrados que eles tiveram no primeiro encontro, pensou Elinor.

Ahmed assegurou que Zahrah se acomodasse na cadeirinha de segurança no banco traseiro do Range Rover. Elinor se acomodou no banco de passageiro e observou Jasim enquanto contornava o capô do veículo.

Mesmo com o cabelo escuro desalinhado pelo vento, ele continuava bonito e elegante. Elinor fitou o dourado dos olhos dele através do vidro dianteiro e surpreendeu-se com a súbita reação de seu próprio corpo. Os mamilos enrijecidos pressionavam o tecido fino do sutiã e seu íntimo pulsava de excitação. Estava chocada, pois não havia se dado conta de que sentir atração por um homem pudesse provocar tal experiência física, fazendo com que o seu corpo se incendiasse por dentro.

Elinor sentiu seu rosto aquecer, enquanto o observava ligar o carro.

– Você gosta de cavalos? – indagou Jasim.

– Sou louca por eles desde criança – confessou Elinor com um sorrisosincero. – Comecei a ter aulas de equitação com a mesma idade de Zahrah.

Um vizinho mantinha um estábulo e eu tinha aulas depois da escola.

– Você já teve um cavalo ou uma égua?

Elinor ficou tensa.

– Sim, dos 9 até os 14 anos. Depois, meu pai a vendeu. Ele achava que otempo que eu passava com a Starlight estava interferindo em meus estudos...

– Você deve ter ficado aborrecida.

– Eu fiquei arrasada. – Elinor comprimiu os lábios, incapaz de explicaro quanto aquela perda repentina a havia afetado. O pai não a avisara de suas intenções e ela nem mesmo teve a chance de se despedir da égua que tanto adorava. Starlight também havia sido a sua verdadeira amiga, a única que lhe dera forças para que ela superasse a sua infeliz adolescência. – Mas ela ainda era uma égua jovem e tenho certeza de que foi dada para alguma outra garota para ser absolutamente adorada de novo.

– Parece que seu pai foi bem rígido – observou Jasim, ávido para extrairmais informações. Ele não estava surpreso por ela ter lhe contado uma história triste a fim de despertar-lhe a compaixão.

– Muito rígido – concordou ela. – Depois disso, ele não permitiu que eu tivesse nenhum interesse que não fosse a escola. Sair de casa foi um alívio – admitiu Elinor com tristeza, pensando na liberdade de não precisar conviver com as críticas e as constantes reprovações do pai.

Jasim comprimiu os lábios ao ouvi-la confirmar suas suspeitas sobre a real natureza dela. Ele se lembrou da promessa sensual que os olhos de Elinor expressaram quando ela o encarou e notou que seus mamilos estavam enrijecidos sob o tecido fino da camiseta. Certamente, ela se sentia atraída por ele e Jasim apreciou o fato de Elinor não conseguir ocultar a reação de seu próprio corpo.

De qualquer forma, um pai decente teria procurado impor restrições para uma filha liberal, ele pensou, esperando se sentir enojado diante da prova de sua provável promiscuidade. Em vez disso, Jasim ficou tenso pela forte excitação que o atormentava na presença de Elinor Tempest. Apenas a satisfação sexual resolveria esse problema e ele não estava disposto a ter paciência. Atento à presença da sobrinha, Jasim se concentrou em não pensar em como Elinor poderia ser facilmente persuadida em satisfazer os seus desejos.

Assim que chegaram à fazenda, o gerente e outros dois funcionários vieram receber Jasim, enquanto Elinor verificava se o cavalo em que Zahrah iria montar estava bem selado. O instrutor da pequena garota logo se aproximou.

– Você quer o Amaranth? – indagou a Elinor.

– Sim, por favor – respondeu ela com um grande sorriso. Em seguida,Elinor acariciou o animal e o guiou para fora do boxe. Havia levado meses de visitas regulares até que ganhasse confiança para conseguir montar os cavalos mais velozes. A liberdade de andar a cavalo sempre que quisesse e sem nenhum custo era outro bom motivo para Elinor desejar manter o emprego.

Enquanto conversava com os funcionários, Jasim a assistiu sair com o

cavalo e ergueu as sobrancelhas.

– Você deixou a babá passear com Amaranth? – indagou ele ao funcionário em um tom de censura.

– Elinor é muito talentosa, Vossa Alteza – respondeu o empregado. – Elaé uma excelente amazona.

Naquele momento, Jasim teve a oportunidade perfeita para enxergar essa verdade com seus próprios olhos, enquanto ela comandava o animal de forma graciosa e incrivelmente habilidosa, deixando-o impressionado.

Ao ouvir o trotar de um cavalo se aproximando, Elinor girou a cabeça. Montado no poderoso cavalo negro, Mercury, Jasim a alcançava rapidamente. Erguendo o queixo, Elinor encorajou Amaranth a uma corrida em campo aberto, o que fazia da propriedade de Woodrow um verdadeiro paraíso para os amantes de cavalos.

Jasim ficou surpreso ao ver a coragem de Elinor em desafiá-lo, uma vez que havia esperado que ela fosse parar e aguardá-lo. Ele raramente cavalgava em companhia feminina, porque as mulheres costumavam se agarrar a ele, conversavam e flertavam continuamente, e esse tipo de comportamento interferia em seu raro momento de relaxamento. Por outro lado, Elinor lhe deu a oportunidade perfeita de persegui-la e ele apreciou o desafio.

Amaranth perdeu a energia próximo ao lago e Elinor o guiou até a sombra de uma árvore. Em seguida, Jasim desceu do seu cavalo com facilidade e observou Elinor retirar o capacete de equitação, libertando o cabelo sedoso e alongando-se em um movimento que delineou cada curva de seu corpo. Embora ele estivesse convencido de que fosse um movimento deliberado para chamar sua atenção, o truque barato funcionou perfeitamente.

Em seu interior, Jasim sentia o desejo fervilhar, provocando reações em seu corpo em questão de segundos. Ciente de que a calça que vestia não seria capaz de ocultar nada, ele retirou o capacete e caminhou até a beira do lago a fim de recuperar o autocontrole. Jasim estava furioso e desequilibrado pela perda da autodisciplina, o que não vivenciava desde os anos da adolescência. Elinor dirigiu o olhar para o lago e se alegrou com o início do verão e a beleza natural do lugar.

Embora muitas vezes se sentisse isolada em Woodrow, Elinor não sentia vontade de trocar a tranquilidade do campo pelos ruídos da cidade.

– Você é uma excelente amazona – murmurou Jasim.

Um brilho divertido surgiu nos olhos verdes de Elinor ao perceber que ela o havia irritado.

– Você teria ganhado com Mercury, se não fosse a minha vantagem inicial.

A atenção de Jasim ficou totalmente voltada para os delicados traços do rosto de Elinor. Ele não estava acostumado a ser provocado e sua natureza era tão competitiva que ele sempre chegava em primeiro lugar em qualquer aspecto de sua vida. Até mesmo o seu melhor amigo não ousaria chamá-lo de perdedor. Ainda assim, ao ser confrontado pela cativante mistura de travessura e inocência que transparecia no sorriso de Elinor, sua exasperação desapareceu.

Sob o olhar atento de Jasim, sentia sua pele se incendiar e, enquanto inspirava profundamente o ar fresco do campo, Elinor decidiu que ficar sozinha com ele nessa circunstância poderia induzi-los a ter o tipo de conversa que apenas danificaria a sua posição em uma família conservadora.

– Acho melhor eu voltar. A aula de Zahrah irá terminar logo.

– A governanta virá buscá-la. Eu ordenei que nos trouxessem uma refeição leve... Ah, aqui estão eles.

Elinor ficou boquiaberta quando seguiu o olhar dele e avistou um suv se aproximar.

– Você pediu que nos servissem uma refeição leve aqui?

Jasim franziu as sobrancelhas, demonstrando ironia.

– Por que não?

Sua indiferença era tão evidente que apenas reafirmava a opinião dela quanto à enorme desigualdade entre eles. Elinor ficou surpresa por ele ter reorganizado o seu dia ao chamar a governanta para cuidar de sua tarefa quando ela poderia perfeitamente tê-la realizado.

Afinal, cuidar de Zahrah era o seu trabalho. Mas sua surpresa havia sido substituída pelo espanto que ela sentiu ao ouvir o anúncio casual dele de que seriam servidos no campo. Ela notou que Jasim, assim como o irmão, não via nada de errado em ser prontamente atendido. A equipe de funcionários saiu do veículo em pares e uma variedade de bebidas quentes e frias, louças de porcelana, copos e aperitivos foram apanhados enquanto uma refinada manta de lã era estendida sobre a grama. Elinor, que mal esperava um piquenique, ficou perplexa ao receber uma xícara com o café fresco. Jasim preferiu apenas água. Ela o assistia enquanto ele levava o copo aos lábios sensuais, notando a luz do sol iluminando as maçãs bronzeadas do rosto másculo e refletindo nos cabelos escuros e desalinhados pelo vento. Elinor sentiu a garganta se fechar. Sentada sobre a manta, enquanto ele se recostava no tronco de uma árvore, ostentando pura masculinidade, ela forçou-se a sorver o café da requintada xícara de porcelana.

– Agora você pode me dizer o motivo de seu aniversário ter sido umadecepção – pediu Jasim.

– Eu esperava que você fosse esquecer esse comentário – confessou Elinor.

Jasim exibiu um sorriso malicioso, o que provocou a aceleração das batidas do coração dela. Incapaz de desviar os olhos daquele rosto másculo, ela explicou sobre os cupons do clube noturno, enquanto se perguntava por que as feições dele se enrijeceram no momento em que ela elogiou a generosidade de seu irmão.

– Murad é um patrão muito generoso. – A observação dela confirmavaainda mais as suspeitas de Jasim, enquanto ele enxergava nisso um bom motivo para a preocupação de Yaminah.

Ele não conseguia acreditar que tal favoritismo pudesse ser inocente, ou isso significaria que ela não teria flertado e seduzido o seu irmão deliberadamente. Ele até mesmo entendia por que Murad havia colocado uma limusine da família à disposição dela. Naturalmente, seu irmão tinha desejado que ela voltasse a Woodrow no fim daquela noite.

– Mas eu não gosto tanto de clubes noturnos – admitiu Elinor. – Mesmoporque nunca conheci ninguém, eu sou muita alta para a maioria dos homens...

– Sua altura é ideal para mim – interrompeu Jasim num tom de vozrouco, provocando um calafrio em Elinor.

Perturbada por aquele comentário pessoal, Elinor enrubesceu.

– Eu acho a minha altura embaraçosa.

Jasim estendeu uma das mãos.

– Levante-se. Deixe-me vê-la.

Repousando a xícara sobre o pires com uma força desnecessária que revelava a sua confusão, Elinor aceitou a mão que ele havia estendido e se ergueu. Por um momento interminável, o brilho dourado dos olhos dele semiencobertos pelos cílios longos e espessos examinou o rubor na face dela. Elinor apoiou os quadris contra o tronco da árvore a fim de se amparar, pois sentia os joelhos tremerem.

– Suas pernas são fabulosas – murmurou Jasim, afastando uma mechado cabelo sedoso que lhe caía sobre o rosto. – Cabelo lindo e lábios que são uma tentação para qualquer homem que tenha sangue correndo nas veias. – Ele repousou o olhar sobre os lábios dela e Elinor sentiu o coração disparar. – Desde o primeiro instante em que a vi, eu desejei beijá-la...

– Você estava furioso comigo – contestou ela, ainda que estivesse sesentindo aprisionada pelo brilho intenso dos olhos dele.

– Isso não me impediu de imaginar como seria o seu gosto.

Jasim estava tão próximo que ela mal conseguia respirar, até que ele finalmente inclinou a cabeça para satisfazer sua curiosidade. Já fazia meses que Elinor havia sido beijada. Mas ela nunca, nunca fora beijada como agora por Jasim bin Hamid al Rais. O desejo intenso dele deixou-a fascinada. Jasim intensificou o beijo, explorando com sensualidade todo o interior úmido da boca feminina. Elinor sentiu a região mais íntima do seu corpo pulsar de excitação. Seus mamilos enrijecidos pressionavam o tecido fino do sutiã de renda. Agarrando-se aos ombros largos e poderosos, ela se amparou. Com uma das mãos, Jasim pressionou seu corpo contra o dela e ela sentiu a força da excitação masculina. Inesperadamente, ela estava descobrindo o que realmente significava desejar um homem, e a intensidade desse desejo fez sua mente voltar à realidade.

Quase no mesmo instante em que recuperou a sanidade, Elinor se afastou dele, virou o rosto para um lado e levou uma das mãos trêmulas aos lábios inchados, como se ainda não pudesse acreditar no que havia acontecido.

– Desculpe, mas isto não está certo – murmurou ela.

Jasim ficou surpreso à aparente rejeição e considerou isso uma manobra inteligente de uma mulher experiente. Não havia nada mais tentador para um homem do que o gosto da fruta proibida seguido por uma inocente demonstração de relutância. Ele também preferia a emoção da caça a uma fácil rendição, mas a urgência do seu desejo quase o havia persuadido a se esquecer do jogo de armadilha sexual que ele havia planejado.

– O que há de errado? – Jasim quis saber.

– Eu trabalho para a sua família... Nossos mundos são diferentes. Dequantas razões você precisa? – retrucou ela com honestidade.

Ele decidiu conceder à Elinor o que sabia que ela deveria estar desejando... um encorajamento para que ela desistisse de Murad e voltasse a atenção para ele. Jasim decidiu seduzi-la com palavras que eram o verdadeiro oposto de sua habitual frieza.

– Eu a considero incrivelmente atraente e não sou um esnobe. Meu tataravô era um homem pobre mas virtuoso quando assumiu o trono de Quaram. Eu conheci muitas mulheres, mas nunca me senti dessa forma antes. Devemos explorar o que está havendo entre nós.

Elinor o fitou, o brilho de seus olhos verdes demonstrando confusão. Ela queria acreditar no que ele acabara de dizer, mas, ao mesmo tempo, estava com medo de se machucar da mesma maneira que sua mãe, quando se envolveu em um romance de conto de fadas que desmoronou rapidamente e a levou a uma vida de comparações infelizes e arrependimentos.

– Não acho que o seu irmão iria aprovar isso, e eu valorizo o meu emprego – confessou Elinor.

Os olhos escuros de Jasim cintilaram ao receber a resposta sincera.

Alcançando-lhe uma das mãos, ele assegurou:

– Eu lhe prometo... você não vai se machucar comigo.

A promessa dele ecoava na mente de Elinor durante o caminho de volta aos estábulos. Zahrah já se encontrava com a governanta quando Elinor reapareceu. Ela notou a surpresa que ficou estampada nas feições da menina ao vê-la com Jasim. Enquanto Elinor se perguntava se os seus lábios estariam tão inchados quanto ela os sentia, enrubesceu completamente. Jasim insistiu para que ela viajasse de volta para a casa com ele, provocando em Elinor ainda mais embaraço.

Naquela tarde, Elinor seguiu sua rotina normal e levou Zahrah ao shopping e depois a um cinema local para assistirem a um filme infantil. Como era de costume, no sábado, elas compartilharam um jantar leve no quarto de crianças. Elinor deu banho em Zahrah e então colocou-a na cama para dormir, abraçando-a com carinho e desejando-lhe uma boa noite de sono. Sentindo-se muito inquieta para assistir a televisão, Elinor vestiu o biquíni violeta, cobriu-se com um robe branco e foi para a piscina. Quando os pais de Zahrah estavam em casa, ela não gostava de usar a piscina, a menos que estivesse com a criança, mas, uma vez que o casal havia viajado, Elinor achou que não teria o menor problema.

A piscina era enorme e espetacular, completa, com jatos subaquáticos e uma impressionante cascata.

Ao sair do elevador interno da casa, Jasim ficou surpreso por ver que Elinor já o aguardava na água. Essa não era uma garota que deixava as oportunidades passarem despercebidas, ele pensou. O brilho dourado dos olhos dele se dirigiu para as curvas sensuais do corpo feminino e uma forte excitação despertou em seu interior, fazendo com que ele perdesse o fôlego.

Contudo, Jasim se ressentiu pela forte atração que Elinor causava nele e duvidou do olhar de surpresa dela ao avistá-lo. Elinor era uma ótima atriz! Quantos homens ela já teria conseguido seduzir? Ninguém sabia melhor do que Jasim que uma vez que uma mulher conseguisse seduzir um homem ela poderia convencê-lo de qualquer coisa. Jasim sentiu um gosto amargo na boca ao se recordar de seu próprio passado.

Elinor não achou certo permanecer na piscina quando Jasim entrou na água. Afinal, essa era a casa dele e ela não podia deixar de se preocupar com o que os outros funcionários pudessem pensar. Certamente eles achariam que ela estaria se atirando nos braços do príncipe. Decidida, Elinor saiu da piscina e vestiu o robe.

Jasim nadou até a borda e, após sair da água, caminhou na direção dela.

– Por que está saindo?

– Eu só acho que é prudente – murmurou Elinor, tentando impedir que asua atenção se voltasse para o corpo másculo e poderoso, enquanto ele se secava com uma toalha.

Dirigindo o brilho dos olhos para ela, Jasim fitou-lhe os lábios.

– Por quê? Você também me quer. Não tente negar o que sentimos.

A declaração audaciosa de Jasim fez com que a face delicada de Elinor ficasse completamente corada. Com as mãos trêmulas, ela apertou o laço do robe que vestia.

– Mas isso não é o suficiente – protestou ela, tentando manter o controleda situação.

Jasim segurou-a gentilmente pelos pulsos e puxou-a contra o seu próprio corpo.

– Isso é apenas o começo...

E ela se rendeu aos beijos famintos e ardentes que se seguiram. Jasim beijava-lhe os lábios com um apetite voraz, e o desejo que ela sentia aumentava a cada segundo, até seu corpo começar a estremecer contra o dele, ansiando por mais.

– Sei que aqui não é o lugar certo para isso, mas você é irresistível –falou ele ofegante. Em seguida, Jasim ergueu-a em seus braços e a carregou até o elevador.

Elinor nunca havia entrado no elevador antes, pois o mesmo levava até o quarto principal para facilitar os mergulhos matinais que Jasim aparentemente apreciava. Ele a colocou de volta ao chão, perto da enorme cama, e em seguida deslizou o robe que ela vestia pelos ombros roliços até fazer com que a peça caísse, tocando-lhe os pés descalços. Elinor ergueu os olhos para encará-lo, e a atenção de Jasim se voltou novamente para os lábios cheios e rosados dela.

– Não podemos fazer isso! – exclamou ela, alarmada pela intimidade doquarto. Jasim pegou uma de suas mãos, colocando-a sobre o short que vestia, para que ela sentisse o poder do seu membro rígido por baixo do tecido.

– Por favor... eu não vou conseguir dormir desse jeito.

Elinor poderia ter resistido a qualquer outra reação, mas o desejo a excitava até o centro de seu ser, tocando-lhe até mesmo o coração. Quando um homem a desejara dessa maneira? Até onde Elinor se recordava, os homens sempre a fizeram se sentir estranhamente alta e indelicada.

Encontrando o brilho intenso dos olhos dele, ela se regozijou pela atração que ele demonstrava por ela e suprimiu a voz da razão que lhe avisava para ter cautela. Ela não fora sempre sensata e controlada? Havia algum dano real em se arriscar apenas uma vez? Principalmente quando ela estava completamente atraída por ele? Elinor se segurou a este último pensamento, ávida para se render ao forte desejo de Jasim. Esta poderia muito bem ser a única vez em sua vida em que um homem a chamaria de "irresistível"...

            
            

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