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ANTES QUE Elinor tivesse tempo de registrar o que Jasim estava prestes a fazer, ele havia tirado a parte superior do biquíni violeta que ela usava, até que os seios fartos e sensuais ficassem expostos. Um suspiro de prazer escapou de sua garganta quando ele vislumbrou a proeminência dos mamilos rosados.
– Você tem o corpo mais maravilhoso que eu já vi.
Ele tocou-lhe os mamilos com as pontas dos dedos, fazendo com que ela gemesse e sentisse um calor se espalhar por todo o seu corpo. Elinor ansiava por mais e ele não demorou em responder a essa ansiedade. Jasim acomodou-a sobre a cama e, inclinando a cabeça, segurou-lhe um dos mamilos, mordiscando-o levemente, para então sugá-lo com ferocidade, deixando-a completamente enlouquecida. Elinor sentia a região mais íntima de seu corpo pulsar de excitação, aumentando a sua temperatura interna e acabando com o pouco controle que ainda lhe restava. Jasim prosseguia com a carícia, ao mesmo tempo em que baixava uma das mãos e tocava-lhe, fazendo com que ela arqueasse o corpo numa reação tão violenta que quase a deixou com medo.
– Você está muito tensa – censurou ele, livrando-a da parte inferior dobiquíni e erguendo-se da cama para retirar o short molhado que vestia.
Mais uma vez, a dúvida e o nervosismo a golpearam.
Tudo estava acontecendo muito rápido, e ela tentava entender como havia permitido que as coisas chegassem a esse ponto, sem que ela tivesse se perguntado seriamente sobre o que estava prestes a fazer.
Afinal, dormir com um homem pela primeira vez era um assunto muito sério para ela. Elinor fitava assombrada a sua primeira visão de um homem nu. Ela se sentia assustada e excitada ao mesmo tempo e se perguntava se estaria fazendo a coisa certa ou se estava simplesmente permitindo que essa forte atração a vencesse.
Jasim olhou para ela e sentiu uma satisfação que o deixou surpreso. Ela parecia uma deusa, ele pensou admirado, o cabelo sedoso e brilhante espalhado sobre o travesseiro era a combinação perfeita para o rosto delicado e as curvas voluptuosas de seu corpo. Nunca uma mulher conseguira lhe despertar um apetite tão voraz... nem mesmo Sophia tivera esse poder. Mas ele jamais seria vulnerável com uma mulher novamente, senão permitiria que o desejo superasse o seu juízo, ele pensou confiante.
– Eu a quero agora – confessou Jasim, voltando a se deitar ao lado dela;o corpo másculo e poderoso estava tenso de desejo.
Apesar do desejo incontrolável que sentia, Jasim se esforçou para se lembrar da sua primeira motivação: possuí-la serviria apenas para se assegurar de que ela perderia o poder de sedução sobre o seu irmão.
Só de contemplar os bonitos traços daquele rosto másculo, Elinor sentiu sua boca se ressecar e o coração disparar dentro do peito.
– Eu nunca me senti dessa forma antes – sussurrou ela com nervosismo.
Descartando imediatamente aquela declaração ingênua, Jasim suprimiu um riso de escárnio e, inclinando a cabeça, beijou-lhe os lábios novamente. Involuntariamente, Elinor se derreteu mais uma vez. Suas inseguranças desapareciam enquanto o seu corpo se rendia às deliciosas sensações do toque e do aroma masculino.
O corpo másculo e poderoso estava tão quente, forte e excitado... Ela teve uma imagem delirante de como seria a sensação de senti-lo dentro dela e ficou chocada pela direção de seus próprios pensamentos.
Jasim acariciou o ponto mais sensível de seu corpo e ela soltou um gemido alto de prazer. Com um dedo, ele descobriu que o seu interior era incrivelmente pequeno e apertado. Ela arfou e se contraiu, e Jasim ficou admirado com a habilidade teatral de Elinor. Claro que, como Sophia, ela deveria ter presumido que um príncipe árabe apenas a valorizaria se ela fingisse ser uma virgem. Sophia havia gasto uma fortuna para ter o seu hímen cirurgicamente restaurado e ele tinha sido estupidamente enganado, Jasim se recordou com profunda amargura.
– O que foi? – Elinor ofegou, notando os olhos dele se escurecerem. Aomesmo tempo, ela se perguntava se ele finalmente teria descoberto a sua falta de experiência.
– Nada poderia estar errado...
– Eu nunca dormi com nenhum outro homem – admitiu Elinor, sem graça. – Isso é um problema?
– Como poderia ser, quando está prestes a me honrar na frente de todosos outros homens? – O brilho cínico dos olhos dele se intensificou ainda mais ao ouvir a cautelosa afirmação que ela fizera no último minuto, alegando sua inocência sexual. Jasim estava louco pela expectativa de ter o corpo dela sob o seu, mas ele teria preferido o seu frio autocontrole para dizer a Elinor que ela era uma mentirosa e que a sua simulação não conseguira enganá-lo nem por um segundo.
Afastando as pernas dela com os joelhos, ele sentia leves tremores de excitação percorrerem toda a extensão de seu corpo. Levado por um desejo feroz, ele começou a penetrá-la lentamente, mas ficou tenso ao ouvi-la soltar um grito agudo de dor. Jasim sentiu o sangue congelar nas veias, sem esperar que o fingimento dela chegasse a esse ponto.
Elinor estava aflita.
– Desculpe... está tudo bem – murmurou ela, baixando os cílios.
– Eu devo lhe pedir desculpas. Deveria ter sido mais cuidadoso – falouJasim ofegante, admirado por conseguir corresponder ao disfarce dela, ao mesmo tempo em que avançava lentamente.
Conforme seu desconforto diminuía, ela sentia o prazer aumentar a cada movimento dele. Elinor arfou e envolveu os braços ao redor das costas poderosas de Jasim, descobrindo que novamente ele estava lhe proporcionando sensações que ela nunca ousara sonhar que existissem. Violentas ondas de prazer tomaram Elinor, levando-a ao ápice explosivo e deixando-a completamente saciada.
Jasim baixou os olhos e fitou seu rosto com admiração.
– Você me levou ao paraíso – declarou ele enquanto a abraçava. Elinorsentia as fortes batidas do coração dele contra o seu próprio peito e teve que se esforçar para conter as lágrimas de emoção que começavam a brotar nos olhos.
Elinor espalhou beijos carinhosos sobre um dos ombros largos e bronzeados de Jasim, ao mesmo tempo em que guerreava interiormente contra a onda de embaraço que ameaçava derrubá-la mais uma vez.
– Eu preciso voltar para o meu quarto – murmurou ela, poucos minutosdepois.
Jasim a abraçou com ainda mais força. Ele tinha toda a intenção de satisfazer completamente o seu desejo por ela.
– Esta noite você é minha e ficará aqui comigo – declarou ele em umtom rouco. E ela era sua agora, Jasim refletiu triunfante, sentindo o corpo começar a despertar novamente. Contudo, uma noite roubada era tudo o que ele ousaria conquistar debaixo do teto que também abrigava a sua sobrinha. Qualquer coisa a mais seria um insulto.
ELINOR ACORDOU na manhã seguinte com a luz do sol entrando através das cortinas e iluminando o magnífico quarto. Naquele primeiro instante de consciência após uma noite agitada, ela refletiu com espanto sobre o que havia feito.
O que tinha acontecido com ela? Será que teria ficado completamente insana?
Mal haviam se passado 36 horas desde que eles se conheceram e ela já passara a noite na cama dele, permitindo que ele fizesse amor com ela, mais de uma vez. Na verdade, ela nem mesmo tinha certeza de que seria capaz de andar se levantasse da cama, uma vez que Jasim tinha se mostrado um amante muito exigente e insaciável.
Elinor permaneceu deitada, admirando os bonitos traços daquele rosto másculo, iluminados pelos raios de sol da manhã. Ele era lindo e ainda conseguia roubar-lhe o fôlego, e isso a assustava, porque Elinor nunca acreditara em amor à primeira vista.
Porém, o que mais ela poderia ter feito com as poderosas emoções que a dominaram? Jasim não saíra da mente dela nem por um segundo. Na cama, ele provara ser a realização dos seus sonhos. No entanto, ela mal o conhecia e certamente ele pensaria o pior dela depois da facilidade com que ela se jogara em seus braços.
Satisfeito por estar sendo o foco da admiração de Elinor, Jasim se perguntava se ousaria fazer amor com ela mais uma vez. Contudo, os criados deveriam estar acordados e, por sua experiência, ele sabia que, se fizesse isso, um boato se espalharia rapidamente entre os funcionários e um escândalo atingiria o palácio real em questão de minutos. Seu plano havia se cumprido e tinha sido executado em tempo recorde, ele pensou, sentindo uma cruel satisfação. Agora, seu irmão não iria cobiçá-la novamente.
Jasim sentou-se na cama e, ao afastar o edredom, avistou a mancha de sangue que ficara impregnada no lençol de linho branco.
– Bom dia – sussurrou ela.
Diferentemente de Sophia, Elinor era uma virgem, Jasim refletiu chocado. Uma virgem: um caso raro para uma jovem de 21 anos que vive em um mundo onde o sexo casual é tão comum. Jasim se sentiu culpado; ele jamais escolheria seduzir uma virgem. Mas, mesmo que soubesse disso antes, será que ele a deixaria intacta, sabendo que Murad poderia considerar essa pureza como uma tentação irresistível? Jasim agora teria conseguido acabar com a possibilidade de um relacionamento que poderia induzir o irmão a deixar Yaminah e trocá-la por Elinor para ser sua segunda esposa. Apesar de todos os casos que Murad tivera fora do casamento, ele era um homem firmemente tradicional e Jasim estava convencido de que, se Elinor tivesse dormido com ele, o irmão teria proposto casamento a ela. Bem, ao menos esse desastre não poderia mais acontecer.
Alcançando-a, Jasim tomou-a em seus braços.
– Bom dia – falou ele com a voz rouca, cobrindo-lhe os seios com ambas as mãos e provocando-lhe gentilmente os mamilos intumescidos com as pontas dos dedos.
Elinor ficou tensa.
– Eu devo voltar para o meu quarto...
– Um dos criados irá trazer suas roupas e fazer as suas malas – murmurou Jasim, enquanto inclinava a cabeça e segurava um dos mamilos rijos. Só mais uma vez, ele pensava, ansioso para possuí-la novamente.
Apesar do prazer que sentia, Elinor protestou.
– Fazer as minhas malas?
Jasim desejou ter feito amor com ela antes de ter contado a notícia.
Erguendo a cabeça, ele fitou o verde dos olhos dela.
– Você não pode mais ficar em Woodrow Court.
– Do que você está falando? – indagou ela perplexa, afastando-se dele,ao mesmo tempo em que puxava o edredom com força e cobria os seios desnudos.
Jasim suspirou impaciente.
– É claro que você não poderá mais ficar aqui depois de termos divididoa mesma cama. Não seria apropriado que continuasse cuidando de minha sobrinha.
Elinor empalideceu.
– Você quer dizer que o fato de eu ter feito sexo com você é um motivopara que eu seja demitida?
– Eu não julgaria isso de maneira tão cruel.
Elinor abraçou o edredom e sentiu seus olhos arderem com as lágrimas que começavam a brotar. Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
– Então, como julgaria isso?
– Nosso relacionamento irá entrar em uma nova etapa – declarou elenum tom macio de voz. Apreensiva, Elinor mordiscou o lábio inferior.
– Que tipo de etapa?
– Quero que você se mude para Londres a fim de que possamos nos vercom mais frequência.
– Mas eu gosto de trabalhar aqui! Adoro cuidar de Zahrah.
– Sinto muito, mas isso não poderá mais continuar. Não posso conduzirum caso com você na presença da minha família.
– Porque você está envergonhado do seu envolvimento comigo! – condenou-o Elinor e, erguendo-se da cama, vestiu o robe com impaciência.
– Não, isso seria um comportamento indiscreto e inaceitável de minhaparte. Em Londres eu poderei fazer o que desejar e o que desejo é vê-la com frequência – declarou Jasim serenamente. – Não podemos simplesmente esquecer a intimidade que compartilhamos. Você deve confiar em mim. Despeça-se de Zahrah e eu a levarei comigo depois do almoço.
Com as mãos trêmulas, Elinor reuniu as peças do biquíni que estavam jogadas no chão. Ela estava chocada e profundamente confusa. Durante a noite anterior, ele havia sido o amante dos seus sonhos, mas, de repente, ele estava lhe ditando regras e fazendo exigências inegociáveis que ameaçavam destruir a sua vida.
– E se eu dissesse que não vou a lugar nenhum e que deveríamos esquecer o que aconteceu?
– Acredito que você seja muito sensata para ousar me desafiar.
Nesse instante, ela sentiu a tensão reinar no ambiente. Os olhos dele se tornaram frios e escuros. Pela primeira vez, Elinor notou a frieza de Jasim e ficou seriamente irritada.
– Eu gostaria de ter adivinhado antes no que eu estava me envolvendo –desabafou ela.
– Agora você já sabe – observou Jasim calmamente.
Elinor estava muito abalada com o que tinha acontecido. Em seu coração, ela se sentia comprometida com Jasim, mas não gostou da forma com que ele a estava tratando. Quais eram as chances de um príncipe tratála com respeito? Ou se importar realmente com ela, para além de uma parceira sexual? Elinor percebeu que tinha entrado em um jogo do qual não teve conhecimento, e agora era tarde para voltar atrás e argumentar sobre as regras. Assim que obtivesse uma referência, ela poderia conseguir rapidamente outro emprego em Londres. Seja lá como for, a questão era que ela já havia arruinado o seu emprego em Woodrow Court.
Elinor voltou para o seu quarto e, enquanto tomava banho, as lágrimas rolavam desenfreadas, ao mesmo tempo em que ela se perguntava se teria cometido o maior erro da sua vida quando se entregou para Jasim. Ele estava virando o seu mundo de cabeça para baixo, mas ela ainda não estava preparada para desistir da esperança de um futuro melhor depois de sua partida. Logo que terminou de se vestir, ela procurou por Zahrah e contou à pequena garota que teria que partir para ver a sua família. Ela detestou ter que mentir, e Zahrah ficou em prantos até a criada vir buscá-la para o café da manhã.
Elinor sabia que a pequenina ficaria bem sem ela. Zahrah seria muito bem cuidada pela criada que estivera com ela desde o dia em que nascera.
Elinor subiu as escadas e terminou de arrumar as malas. Um criado bateu à porta do quarto a fim de apanhar as bagagens. Ao meio-dia, Jasim telefonou.
– Vejo você em Londres – avisou ele.
Ao entrar no carro que a aguardava em frente à casa, Elinor se admirou por não ter perguntado exatamente sobre o local para onde estaria sendo levada.
No meio da tarde, o motorista a acompanhou até o elevador do luxuoso edifício. Ele não falava uma palavra em inglês, então ela não podia questioná-lo e, assim que foi apresentada ao flat, Elinor se perguntou se esse seria o apartamento em que Jasim ficava quando estava na cidade. Será que ela estaria se mudando para o apartamento dele?
Elinor se lembrou de que possuía uma generosa conta bancária e estava longe de ser impotente quando se tratava de cuidar dos seus próprios interesses. Mas, ainda assim, as mudanças repentinas lhe custaram caro; ela sempre fora cautelosa, e, no entanto, a forte atração que sentiu por Jasim fez com que ela perdesse o autocontrole.
Uma hora depois, Jasim entrou no apartamento. Ele a puxou contra os seus braços e a beijou como se estivesse querendo lembrá-la do poder que conseguia exercer sobre ela. Elinor ficou corada e sentiu um frio percorrerlhe a base da espinha. Tudo ficaria bem, ela prometeu a si mesma enquanto fitava os bonitos traços daquele rosto másculo. Ela apenas precisaria dar a eles um pouco de tempo e espaço.
– Esta noite eu pegarei um voo para Nova York, onde ficarei duas semanas – informou Jasim. – É por isso que eu pedi que o motorista a deixasse aqui. Esse apartamento é meu, e você ficará confortável enquanto eu estiver no exterior.
– Posso arcar com a minha acomodação, embora eu talvez nem precisepor muito tempo. A maioria dos empregos de babá oferecem um quarto e, se você puder me conceder uma referência, eu já estarei trabalhando quando você voltar de Nova York...
Jasim a estudou com admiração. Incapaz de acreditar que ela estivesse desejando seriamente ser autossuficiente, ele soltou um riso de escárnio.
– Não há necessidade de você procurar outro emprego. Babás costumamtrabalhar por muitas horas... Como eu poderia vê-la? Será que não entende o que estou lhe oferecendo?
Elinor ficou pálida.
– Não, eu devo ser incrivelmente estúpida porque eu ainda não descobrio que você está me oferecendo...
Jasim deu um passo à frente e afagou uma mecha do cabelo sedoso dela.
– Naturalmente, eu quero cuidar de você...
– Não, obrigada. – Elinor forçou um sorriso e desejou mentalmente queele não a depreciasse com algum tipo de proposta indecente. – O único homem que irá cuidar de mim com o meu consentimento será o meu marido. Estou disposta a esperar por sua volta, mas não serei sua. Sou uma mulher muito independente e o que eu concedo é voluntariamente.
Jasim franziu as sobrancelhas.
– Você faz tudo parecer tão sério.
– O que aconteceu entre nós na noite passada proporcionou um verdadeiro caos na minha vida – confessou ela, enquanto repousava uma das mãos sobre a lapela do paletó que ele vestia. – Ficarei aqui por enquanto, mesmo porque no momento não tenho para onde ir, mas preciso voltar à realidade e será bom se você ficar afastado um tempo.
Jasim apanhou a carteira e retirou um cartão.
– Meu número particular.
Antes de fechar a carteira, o polegar dele roçou a embalagem de um preservativo e ele sentiu o sangue congelar nas veias. Jasim se deu conta de que em seu entusiasmo na noite anterior ele havia negligenciado o uso de preservativos com Elinor. Levando uma das mãos à testa, ele se perguntava como poderia ter sido tão negligente. Embora Jasim normalmente fosse cuidadoso, haviam feito sexo sem proteção diversas vezes durante a noite anterior. E se ela tivesse engravidado? Jasim se lembrou de que, de acordo com Murad, uma mulher não engravida tão facilmente. Certamente, Yaminah havia sido muito desventurada nessa questão. Jasim decidiu que deveria esperar pelo melhor. Ainda assim, ele sabia que uma gravidez indesejável seria uma avalanche em sua vida, exterminando a sua liberdade e deixando-o sufocado.
UM DIA depois da despedida de Jasim, Elinor assinou calmamente um contrato com uma agência para trabalhar como babá de emergência. Permanecer apenas alguns dias em cada residência era surpreendentemente agradável e a manteve ocupada demais para pensar. Ela sabia que não iria gostar desse tipo de mudança a todo instante, mas, por enquanto, essa liberdade parecia ser o que ela mais estava precisando.
Toda noite, Elinor retornava para o conforto do luxuoso apartamento e adormecia minutos depois de ter se deitado na cama.
Jasim telefonava para ela quase todos os dias. As conversas eram curiosamente impessoais e insatisfatórias, apenas fazendo com que ela se sentisse ainda mais insegura. As únicas informações que Jasim lhe dava sobre ele eram superficiais. Ele nunca mencionava sobre o futuro, ou que estivesse sentindo a falta dela.
Seu período menstrual deveria ter começado no fim daquela primeira semana e, quando isso não aconteceu, Elinor tentou não se preocupar.
Ela começou a achar que tinha sido muito tola quando se lembrou de que Jasim não tomara precauções naquela noite em Woodrow Court. Será que teria entendido que ela estaria tomando anticoncepcionais, como fazem muitas mulheres? Como ela pôde ter sido tão estúpida? Quando sentiu que não iria mais suportar essa espera angustiante, Elinor comprou um teste de gravidez. O teste garantia proporcionar um resultado acurado dentro de alguns dias de um funcionamento irregular do ciclo menstrual, então ela resolveu fazê-lo de imediato.
O resultado positivo a deixou em choque. De alguma forma, ela não acreditava realmente que pudesse ter engravidado. Agora, Elinor soube que estivera errada. Ela esperava um bebê! Em apenas uma noite de amor selvagem, Jasim havia conseguido engravidá-la.
No final daquela mesma tarde, Elinor recebeu uma visita inesperada. O interfone tocou e, quando ela atendeu, ouviu a voz do príncipe Murad. Elinor estava alarmada pela chegada dele e não teria nada que pudesse fazer para evitar a humilhação de ter que atender a porta e lidar com o seu expatrão.
– Posso entrar para conversarmos? – indagou ele educadamente.
– É claro. – Na elegante sala de estar, Elinor fitava o homem com nervosismo. – O senhor deve estar se perguntando por que eu deixei a propriedade de Woodrow tão de repente...
– Elinor... deixe-me ser franco. Eu sei que esse edifício pertence ao meuirmão. – Sua expressão demonstrava seriedade e preocupação. – Eu sinto muito por você ter deixado o seu emprego e preferia que tivesse sido por qualquer outro motivo, exceto esse. Eu tenho um grande carinho por sua mãe e me sinto responsável por você. Elinor, você optou por dar o passo mais imprudente que poderia ter dado em sua vida.
Ela ficou tensa e enrubesceu.
– Sei que o senhor quer o meu bem, mas sou adulta e estou aqui porminha própria vontade, Alteza.
– Jasim já teve muitas mulheres em sua vida, Elinor. Ele não amou nenhuma delas, e não irá se casar com qualquer mulher que já tenha morado com ele.
Elinor mordiscou o lábio inferior com nervosismo. Confrontada pela cruel honestidade, ela se sentia como se o seu coração estivesse se partindo em milhões de pedacinhos.
– Não estou procurando um casamento...
– Mas você merece algo melhor do que esse acordo barato – falou Murad com severidade. E, dando um suspiro, prosseguiu: – Eu amava e respeitava a sua mãe. Eu nunca exigiria que ela fosse minha amante. Esse não é o futuro que você deseja, certo?
Embora ainda fosse cedo naquela noite, assim que Murad deixou o apartamento, Elinor rumou para o quarto e, após se deitar na cama, debulhou-se em lágrimas. Ainda que tivesse ficado aborrecida com as palavras do príncipe Murad, ela sabia que não estaria preparada para ser amante de Jasim! A gravidez iria mudar tudo, pensou com melancolia. Quando Jasim a levara para a cama com um desejo insaciável, conceber um filho com ela certamente teria sido a última coisa que passara na mente dele. Como ele iria reagir quando soubesse de sua gravidez?, Elinor se perguntava, aflita.
Jasim tinha retornado de Nova York um dia antes. Avisado por sua equipe de seguranças de que seu irmão havia visitado Elinor, chegou ao apartamento algumas horas depois. O fato de Murad tê-la procurado confirmava as suas suspeitas quanto à natureza do relacionamento deles, e Jasim ficou furioso e cheio de desconfiança. Seu irmão nunca havia interferido antes em sua vida particular! Que tipo de poder Elinor exercia sobre Murad para que ele sentisse a necessidade de ir até Londres especificamente para confrontá-la?
– Jasim... – Elinor sentou-se na cama, assustada ao ver a lâmpada doabajur ser acesa. – Eu não imaginava que você fosse voltar esta noite!
Vestindo um terno cinza que se adaptava perfeitamente ao corpo másculo e poderoso, ele estava simplesmente espetacular. Jasim observava a cama desarrumada, questionando-se por que ela estaria ali se ainda eram 20h e perguntando-se se o seu próprio irmão teria dividido a cama com ela. As pálpebras inchadas de Elinor denunciavam que ela estivera aborrecida e chorando. Uma onda violenta de fúria e aversão o dominou.
– É óbvio que...
– O que quer dizer com isso? – indagou ela, confusa.
– Você dormiu com meu irmão?
Elinor arregalou os olhos, chocada ao ouvir a pergunta.
– Eu não acredito que esteja me perguntando uma coisa tão terrível...
– Mas é uma coisa ainda mais terrível para se suspeitar – devolveu Jasim com zombaria e, aproximando-se da cama, agarrou-a por um dos braços e forçou-a a se levantar para que ela pudesse encará-lo. – Respondame.
– Por quê? Você e seu irmão têm o hábito de dividir mulheres? – indagou Elinor com a voz embargada. – Eu dormi com você, mas isso não lhe dá o direito de achar que sou uma mulher vulgar que ficaria feliz em dormir com o seu irmão também! – Profundamente magoada pela falta de confiança dele, Elinor o fitou com censura. – Como soube que o seu irmão me visitou?
– Minha equipe de seguranças está atenta ao que se passa nesse apartamento.
Elinor assentiu com gesto de cabeça e, em seguida, se dirigiu ao armário.
– Vou me trocar. Nós precisamos conversar – avisou ela.
Tensa e constrangida na presença dele, Elinor rumou para o toalete e vestiu um jeans e uma camiseta que havia escolhido na pressa. Ela desejou que tivesse sido avisada de que ele retornaria antes, para que pudesse ter a chance de se vestir adequadamente. Quando fitou o próprio reflexo no espelho, ela deu um gemido de frustração, notando o rímel manchado pelas lágrimas derramadas e a palidez de cansaço estampada em seu rosto.
Assim que ela retornou ao quarto, Jasim se encontrava de costas, fitando a paisagem através da enorme janela. Ao se virar para encará-la, ele indagou em um tom severo de voz:
– O que o meu irmão queria com você?
Elinor sentiu as faces se aquecerem e desejou ter sido mais franca com Jasim sobre a relação de sua falecida mãe com o príncipe Murad. Porém, em seu primeiro dia de trabalho em Woodrow Court, ele a havia feito prometer que ela jamais revelaria a história a alguém, pois temia que a verdade pudesse ser mal interpretada, causando-lhes embaraço. Desde que sua amiga Louise fizera insinuações sobre o mesmo assunto, Elinor decidira que o príncipe Murad havia sido mais astuto do que ela em prever o que os outros pudessem pensar da história, e ela não tinha intenção de ser igualmente franca com mais ninguém.
– O príncipe achou que eu estava cometendo um erro ao deixar o meuemprego e me envolver com você. Ele disse que se sente responsável por mim.
Jasim sentiu o corpo ficar tenso. Bem, certamente ela estava lhe contando uma grande mentira! Murad havia ficado suficientemente furioso para viajar até Londres e questioná-la sobre as atuais circunstâncias. Dirigindo o olhar para ela, Jasim estudou o rosto delicado e os cabelos sedosos e brilhantes. Como ele pôde ter falhado em ignorar o fato óbvio de que uma mulher tão bela pudesse ter o poder de colocar irmão contra irmão? Mas agora era tarde para reparar esse erro. Não era? Jasim se sentia insultado por Murad ter ousado se aproximar dela, cruzando fronteiras que ele esperava que fossem respeitadas. Ela era dele agora.
Elinor sentou-se na poltrona e ergueu os olhos para encará-lo.
– Eu tenho que lhe contar uma coisa. – E, dando um profundo respiro,ela declarou sem rodeios: – Estou grávida.
Jasim ficou imóvel. No minuto em que ouviu a notícia, ele soube que a sua vida sairia do controle.
– É minha culpa – reconheceu ele. – Quando passamos aquela noite juntos, eu não usei proteção. Eu mereço pagar o preço por isso – finalizou ele com um tom amargo de voz.
– O preço? Não existe preço...
– Você está errada. Ou pagamos o preço, ou o nosso filho pagará. Sevocê der a luz a um menino, ele será um herdeiro do trono de Quaram, mas ele só poderá assumir essa posição se casarmos e ele nascer dentro do casamento. Se isso não acontecer, minha família jamais o reconhecerá.
– Um herdeiro do trono... ele seria... honestamente? – exclamou Elinorcom espanto. – Casar?
– Não acho que temos escolha. Assim que você tiver a gravidez confirmada por um médico, eu terei que me casar com você. Recuso-me a envergonhar a minha família com um escândalo.
Elinor percebeu que as decisões dele eram baseadas em uma série de parâmetros diferentes dos dela, mas ela estava impressionada com a disposição de Jasim em ficar ao lado do filho e zelar pelo futuro dele.
– Eu poderia ter uma menina.
– Ela também terá a herança negada se não nascer dentro do casamento.O nascimento de uma criança ilegítima ainda é um assunto muito sério em minha província.
– Você está preparado para se casar comigo a fim de impedir que issoaconteça?
– Estou. A questão mais importante aqui não é garantir o futuro do nossofilho?
– Mas nós mal nos conhecemos. – Ela ergueu os olhos para ele, sentindo-se embaraçada. – Sou apenas uma babá... e você é um príncipe.
– Nosso filho não irá se importar com quem somos. O importante é queele seja amado – respondeu ele.
Elinor ficou comovida ao ouvir a declaração. Jasim era responsável e seria um bom pai; ele já estava se preocupando com um bom futuro para o filho deles. Está certo que ela podia ver que ele não estava exatamente celebrando a expectativa de se casar com ela, mas ele também não estava pensando em abandoná-la e deixar que ela lidasse sozinha com a gravidez.
– Você acha que conseguiremos ter um bom casamento? – murmurouElinor.
– Estou disposto a fazer o esforço. – O brilho dourado dos olhos delerepousou sobre os lábios de Elinor e depois para os seios fartos e sensuais, provocando rubor. – Eu a considero muito atraente. Isso é um ótimo fundamento.
Elinor sabia que, com um pequeno encorajamento, ele a ergueria em seus braços e a levaria para a cama a fim de saciar o seu desejo. Ela sentia os mamilos enrijecidos pressionarem o tecido do sutiã e uma dor familiar começou a despertar a região mais íntima de seu corpo. Mas se sentia muito vulnerável para se entregar a Jasim. Elinor queria ser mais do que apenas a mulher que satisfizesse as necessidades sexuais dele. Mas, ainda assim, estava preparada para se casar com ele da forma prática e fria que havia descrito. Se ele estava pronto para lhe dar total apoio, ela estava disposta a fazer o que fosse para assegurar um futuro seguro e feliz para o seu bebê.
– Está certo, eu me casarei com você – declarou ela rispidamente.
Jasim quase deu risada com a ideia de que pudesse precisar daquela confirmação. É claro que ela se casaria com ele e agarraria a chance de ter uma vida luxuosa pelo resto de seus dias! Em momento algum, ele duvidara desse fato.
– Eu vou cuidar disso. Por favor, não divida os nossos planos com ninguém por enquanto. Precisamos manter isso em segredo, se quisermos nos livrar dos tabloides. – E, dizendo isso, ele rumou para a porta do quarto.
Jasim estava chocado e furioso ao mesmo tempo. Ele sabia que estava lidando com uma jovem desonesta e mercenária que estivera disposta a seduzir um homem casado. No entanto, ainda que tivesse consciência disso, ele também tinha caído na armadilha sexual dela, e ainda havia a culpa induzida de ter recebido o presente de sua virgindade. Elinor Tempest tinha simplesmente vendido o seu corpo para o licitante mais alto, e o seu pagamento prometia ser enorme.
O casamento com um membro da família Rais iria recompensá-la com uma riqueza imensa, e essa verdade o enfurecia.
Exibindo incerteza no brilho dos olhos verdes, Elinor quis saber:
– Você vai embora?
– Tenho trabalho a fazer – falou ele, lançando um olhar frio para ela. –Entrarei em contato.
NO DIA do casamento, Elinor estava totalmente indecisa.
Ela mal havia visto Jasim desde o dia em que contara a ele que estava grávida.
Jasim a havia acompanhado pessoalmente ao consultório de um ginecologista, que havia confirmado a gravidez dela. Desde então, apesar de Elinor ter desistido do emprego temporário, Jasim não visitara o apartamento novamente, nem a acompanhara a lugar algum; eles só se comunicavam por telefone. De todas as maneiras possíveis, ele havia se distanciado dela.
Ela havia se apaixonado loucamente por um homem que não correspondia aos seus sentimentos, Elinor pensou com melancolia. Será que ele nunca a amaria? Ou será que o fato de ele ter que se casar com ela pelo bem da criança significava que jamais poderia inspirá-lo a sentir qualquer coisa por ela? Essas eram as questões cujas respostas Elinor se esforçava para encontrar, enquanto se preparava para o que uma vez pensara que pudesse ser o dia mais feliz da sua vida.
Sentindo-se muito insegura para comprar o vestido de noiva branco dos seus sonhos e prová-lo, Elinor arrumou-se com um terninho rendado na cor creme, composto por um casaco e saia levemente abaixo dos joelhos. Nenhum dos enfeites que a maioria das mulheres desejava nesse dia parecia ser apropriado. Jasim mandou um carro para apanhá-la e Elinor foi conduzida até o cartório onde seria realizada a cerimônia civil.
A atenção dela se voltou diretamente para Jasim, vestido com um terno escuro, combinando com a gravata de seda dourada; a expressão do rosto másculo exibia preocupação e seriedade. Elinor sentiu o estômago se revirar, notando que o seu noivo parecia mais estar indo a um funeral do que a um casamento. Dê a ele a opção de ir embora, uma voz interior a alertava.
– Posso falar com você em particular? – indagou Elinor com nervosismo.
Jasim destacou-se da companhia dos dois assessores e se aproximou dela.
– O que foi? Não temos muito tempo.
– Você não é obrigado a fazer isso. Se não quer se casar comigo, apenasvá embora. Não vou impedir que você veja o bebê – sussurrou ela. – Apenas não se case comigo porque se sente obrigado, pois isso só irá trazer infelicidade a nós dois.
– Nós temos um futuro junto ao nosso filho. Eu não posso abandonarnenhum de vocês dois.
– Mas eu não quero um marido nobre, um herói altruísta – declarouElinor, apesar de ele ter virado o rosto para o outro lado.
Jasim alcançou-lhe uma das mãos e conduziu-a de volta para o lugar onde o escrivão estava situado.
– Não temos tempo para besteiras.
A cerimônia foi rápida. Usando uma linda aliança, Elinor entrou na limusine que os levou de volta às ruas barulhentas da cidade até chegarem a uma enorme residência georgiana, com um exuberante jardim.
Jasim, durante o trajeto inteiro, foi falando ao celular, o que o salvou do desafio de ter que conversar com ela, Elinor reconheceu amargamente.
Eu cometi um erro, ela admitiu em pensamento. Eu cometi um erro terrível ao me casar com ele e agora é muito tarde para fazer qualquer coisa a respeito!
– Nós vamos almoçar agora – murmurou Jasim, conduzindo-a para ointerior da casa. – Por que está tão calada?
Elinor quase perdeu a calma, quase disse a ele que a cerimônia tinha sido horrível e que ela havia lhe dado a oportunidade de desistir do casamento, e, uma vez que ele não agarrou a chance, o mínimo que poderia ter feito seria ter se esforçado para assegurar que tivesse sido uma ocasião agradável! Porém, estando ciente de que os seguranças e a governanta os assistiam, ela preferiu conter sua fúria.
– Acho que estou apenas cansada.
– Você deveria se deitar por uma hora. – Jasim chamou a governanta eElinor foi escoltada até um elegante quarto.
Ao sentir as lágrimas de indignação brotando nos olhos verdes devido à facilidade com que ele a dispensara, Elinor logo decidiu que deveria descer e dizer a Jasim exatamente o que ela pensava do casamento que ele a forçara a aceitar. Afinal, se ele não soubesse o que ela sentia, como poderia melhorar a situação? Mas e se ele não se importasse com isso nem tentasse melhorar as coisas? Esse era o seu pior medo.
Da janela do quarto, Elinor vislumbrou uma limusine estacionar em frente à casa. Ela franziu as sobrancelhas quando avistou Yaminah, já que nenhum membro da família real havia comparecido à cerimônia de casamento. Saindo do quarto, Elinor rumou para a escadaria.
Antes de alcançar o hall, ela ouviu Yaminah aos berros.
– Sinto-me culpada por você ter se envolvido com a garota... Afinal, eulhe implorei para que mostrasse interesse por ela a fim de que ela perdesse o interesse pelo meu marido! – gritou a mulher fervorosamente. – Agora eu arruinei a sua vida! Não posso acreditar no que fez. Você nem pediu a permissão do seu pai para se casar com ela!
– O rei jamais me concederia essa permissão... – observou Jasim.
– Então não é tarde para voltar atrás. O casamento pode ser anulado! –exclamou Yaminah. – Não importa se ela está grávida, isso pode ser omitido. Dê dinheiro a ela, faça qualquer coisa, mas não sacrifique a sua felicidade com esse casamento ridículo!
Ao ouvir o diálogo revelador, Elinor sentiu como se o seu coração estivesse sendo arrancado de dentro do peito. O suor escorria por sua testa e ela apressou-se em rumar ao toalete da suíte, sentindo-se terrivelmente enjoada. De uma só vez, Elinor se deu conta de que tinha sido uma completa idiota em não questionar o motivo de um príncipe espetacularmente lindo começar a demonstrar interesse por ela.
A esposa de Murad havia temido que o seu marido estivesse correndo o risco de ser desviado pela babá e persuadiu o príncipe Jasim a apresentar-se como uma alternativa.
Meu Deus, realmente eles temiam que ela pudesse ter um caso com um homem casado e bem mais velho? Jasim tinha sido um sucesso arrasador quando tratou de seduzi-la e muito viril para o seu próprio bem, Elinor reconheceu dolorosamente. Não era de admirar que a complicação de uma gravidez o tivesse golpeado! Jasim nunca a quisera de verdade, quanto mais se casar com ela.
Elinor abriu a torneira e, com as mãos trêmulas, refrescou o rosto. Ela faria um último favor a Jasim: pelo bem de ambos, ela deveria abandoná-lo. Elinor não poderia sonhar em ter um bom futuro ao lado de um homem que não a amava. Desde o início, o relacionamento deles havia sido uma grande mentira, uma armadilha para atraí-la e capturá-la. Ela fora uma tola em acreditar que ele pudesse considerá-la irresistível... E agora tudo o que lhe restava era a profunda dor da humilhação. Quanta tolice e ingenuidade!, Elinor se repreendia em pensamento.
Remexendo nas malas, ela apanhou joias, documentos importantes e alguns itens necessários para mantê-la vestida até que tivesse tempo de ir às compras. Ela não se importava em abandonar o restante... Aliás, tudo o que ela queria era sumir dali o mais rápido possível.
Elinor reuniu tudo o que precisava dentro de uma bolsa e vestiu uma roupa mais prática, um jeans e uma blusa. Em seguida, ela arrancou a aliança do dedo e repousou-a sobre o pequeno móvel ao lado da cama. No mesmo instante, ela se sentiu melhor. Jasim era um homem lindo, rico e poderoso, mas ele a havia manipulado de maneira cruel, e ela jamais se esqueceria disso.
Como ela tinha sido imatura em entregar sua confiança tão facilmente!
Ela não precisava dele enquanto poderia depender de si mesma. Elinor possuía disposição para trabalhar e uma boa conta bancária. Ela e o seu bebê poderiam viver perfeitamente bem sem ele.
Ainda assim, lágrimas desciam por seu rosto, enquanto ela caminhava pelo hall e escapava silenciosamente pela porta da frente. Elinor caminhou a passos largos pela rua e não olhou para trás em nenhum momento. Ela já estava fazendo planos para se assegurar de que, ainda que Jasim a procurasse, seria muito difícil encontrá-la novamente.