Capítulo 4 Livia e Darian

Os dias estavam se tornando cada vez mais difíceis para Aria. Cada vez que ela olhava para fora de sua janela, via Darian e Livia, que agora circulavam juntos como um casal. Livia sempre foi uma figura que causava desconforto em Aria, mas agora, depois de tudo o que aconteceu, seu simples olhar para a prima a fazia sentir um nó no estômago. Era uma sensação amarga, um lembrete cruel de que, mesmo depois de tudo, Livia sempre foi a escolha certa para todos, enquanto ela nunca foi suficientemente boa.

Era difícil para Aria esconder seus sentimentos. A dor de ver o ex-marido com Livia, a mulher que ela sabia que sempre foi preferida pela família de Darian, era quase insuportável. Livia parecia ter tudo que ela não tinha: um lobo forte, uma presença que iluminava os cômodos, e agora, o amor de Darian. Não havia dúvidas de que eles eram feitos um para o outro. A conexão deles era evidente, como se fosse uma dança bem ensaiada que Aria nunca teve com Darian. O amor que Aria pensava que tinha com ele se dissolvia a cada novo encontro dos dois, e ela se via consumida pela frustração e pela tristeza.

Em suas caminhadas diárias com Tom, Aria tentava ao máximo evitar qualquer interação com o novo casal. Mas sempre que passava por eles, o sorriso falso de Livia e a atitude despreocupada de Darian a faziam se sentir como uma estranha, como se ela não pertencesse àquele mundo que eles agora compartilhavam. A cada beijo que trocavam ou gesto de carinho, Aria sentia sua alma se apertar, como se o tempo tivesse parado naquele momento, e ela fosse forçada a assistir tudo aquilo de longe, como uma espectadora em um filme que ela não queria ver.

Mas ela se forçava a engolir a dor e seguir em frente, como sempre fez. Para Tom, ela tinha que manter a compostura. Ele não merecia ver sua mãe se afundar em tristeza, e, por mais difícil que fosse, Aria se empenhava para garantir que o pequeno continuasse a ter uma vida normal. Quando eles se encontravam com Darian e Livia nas ruas, Aria fazia questão de sorrir, cumprimentar educadamente e seguir em frente. Por dentro, no entanto, ela se sentia despedaçada, tentando lutar contra a onda de ressentimento que surgia toda vez que via a felicidade deles.

A cada dia que passava, Aria tentava se convencer de que já não importava mais. Darian havia seguido em frente, e ela também deveria fazer o mesmo. Mas a sensação de traição estava profundamente cravada em seu peito. Como ele poderia trocá-la tão facilmente por Livia? Como ele poderia esquecer, com tanta rapidez, os cinco anos que passaram juntos, os sonhos que ela acreditava que compartilhavam? A dor da separação era ainda mais profunda porque ela sentia que, ao perder Darian, estava perdendo o pouco que restava de seu lugar no mundo, a sua conexão com aquela família que sempre a havia visto como uma outsider.

Livia, por sua vez, parecia não se importar com a dor que estava causando a Aria. Ela se mostrava cada vez mais presente na vida de Darian, em encontros com amigos em comum, jantares familiares e, até mesmo, nas reuniões com os outros membros da alcateia. Aria observava tudo com um coração pesado, tentando se convencer de que a felicidade deles não deveria mais afetá-la. Mas, no fundo, ela sabia que o amor que sentia por Darian ainda não havia desaparecido por completo. Ele era o pai de seu filho, e a separação, por mais que fosse a única escolha sensata, ainda a deixava com um vazio que ela não sabia como preencher.

Em momentos de solidão, Aria se perguntava se ela tinha sido suficiente para Darian. Será que ele a amou alguma vez? Ou será que ela sempre foi uma escolha temporária, alguém com quem ele se casou por conveniência? Essa dúvida corroía seu interior. Quando Darian começou a se envolver com Livia, Aria se deu conta de que, talvez, ela nunca tenha sido a mulher ideal para ele. O lobo dele, tão forte, tão dominante, sempre soubera o que ele queria. E, ao contrário dela, Livia parecia ser a resposta para todos os seus desejos, a mulher que, em sua visão, se encaixava perfeitamente na vida dele.

Mas Aria não tinha tempo para se perder em pensamentos sobre Darian e Livia. Ela tinha Tom, e ele era a única coisa que a mantinha firme. Quando ele estava com ela, era como se o mundo lá fora não existisse. Ela tentava se concentrar em ser uma mãe presente, em dar a ele o melhor que ela poderia oferecer, apesar das dificuldades que surgiam a cada dia. Mas cada vez que ela via Darian e Livia juntos, a dor se reabria, e ela se perguntava se algum dia seria capaz de se curar completamente.

As semanas passaram, e a nova dinâmica entre Darian e Livia se tornava cada vez mais evidente. Os dois estavam inseparáveis, e Aria começou a perceber que talvez nunca mais pudesse voltar ao mundo que conhecia. Tudo estava mudando ao seu redor, e ela se via cada vez mais afastada daquele círculo. Quando Darian e Livia começaram a ser vistos em eventos públicos, Aria sentiu como se tivesse sido deixada para trás, excluída de algo que ela jamais foi capaz de ter.

Ela se forçava a seguir em frente, a criar uma vida para ela e Tom. Mas os encontros casuais com Darian e Livia, o brilho nos olhos deles, as palavras sussurradas entre risos e carícias, tudo aquilo a fazia questionar seu valor. Em silêncio, ela chorava. Não por darian, mas por tudo o que ele representava em sua vida – o amor que ela acreditava ter e agora estava perdido.

Aria tentava se convencer de que o melhor para ela era seguir em frente, deixar o passado para trás. Mas, até que isso fosse possível, ela precisava encontrar forças para suportar a dor e a rejeição. Para Tom, ela continuaria lutando. Ela tinha que ser forte. Mesmo que dentro dela, a batalha fosse mais intensa do que qualquer luta física, ela precisava estar inteira para o filho. Ela se obrigava a olhar para frente, a esquecer o passado e a encontrar a cura, mesmo que fosse um caminho longo e difícil.

            
            

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