Capítulo 3 Entre olhares e silêncio

Encostado em uma das pilastras do antigo prédio de História, calmo, observando. Alto, cabelos escuros como a noite sem lua. Mas foram os olhos que a paralisaram: *âmbar queimado*, como no sonho. Como na floresta. Como nela. Quando ele sorriu, Ayla soube. Ali, no meio da multidão, os dois estavam sozinhos. "Oi," ele disse, como se a conhecesse há mil anos. Ela sorriu de volta, sentindo o mundo ao redor desaparecer. "Você veio." "Eu sempre vim," ele respondeu. "Mas hoje... você estava pronta pra me ver."

Leonor não lembrava de respirar. Estava diante dele - James - como se o universo tivesse esperado exatamente aquele momento para se alinhar. Os olhos âmbar queimado dele não apenas a olhavam. Eles a atravessavam, reconhecendo partes dela que nem ela mesma sabia que existiam. "Você sente também, não sente?", ele perguntou, a voz baixa, quase um segredo. Ela assentiu. O coração pulsava no ritmo da presença dele. Não era ansiedade. Era saudade. De algo que ainda estava por acontecer. James deu um passo à frente. Ela sentiu o calor. A energia que ele carregava parecia chamá-la com suavidade, sem pressa, mas com a certeza de quem já a amou mil vezes. "Desde que acordei com essa marca, eu sabia que algo estava vindo. Mas você... você é mais do que imaginei," Leonor disse. James sorriu. Era um sorriso lento, firme, de quem sabia o que dizer sem precisar dizer. Ele estendeu a mão e, hesitante, Leonor segurou. Um toque simples - mas naquele instante, tudo se calou. A cidade, as vozes, o mundo.

            
            

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