Capítulo 4 Memórias de Elyndor

Ela sentiu um arrepio subir pelos braços. O contato despertava memórias que ainda não tinham forma. Flashes. Sensações. Ele a envolvendo num campo de flores douradas. Ela tocando seu rosto sob um céu de duas luas. "Você sempre foi o meu lugar seguro," ela sussurrou, surpresa com as próprias palavras. James não respondeu. Apenas se aproximou até que os lábios quase se tocassem. O beijo não veio de repente - ele nasceu devagar, com a mesma delicadeza de quem descobre o gosto da eternidade.

E quando finalmente seus lábios se encontraram, Leonor teve certeza: nenhum sonho seria tão vívido quanto estar desperta com ele.

O toque de James ainda ardia na pele de Leonor quando ela fechou os olhos por um instante... e viu. Não era um sonho. Era uma lembrança. *Elyndor.* O nome veio com uma dor doce no peito, como uma música que ela não ouvia há séculos, mas que ainda sabia cantar. Um reino escondido entre véus de luz e florestas suspensas, onde os céus tinham dois sóis e a magia era viva - fluía pelo chão, pelo ar, pela pele. Ela e James viviam ali. Não como estudantes comuns, mas como parte de algo maior. Guardiões de um poder antigo. Amantes destinados. Reencarnações ligadas por ciclos que sempre voltavam a se encontrar... até que foram separados. Ela se viu mais jovem, mais livre. Correndo pelos campos dourados, com James sorrindo atrás dela, os olhos âmbar queimado brilhando sob o sol duplo de Elyndor. E então, a ruptura. Uma guerra. Uma traição. Alguém que não aceitava o amor deles, que os queria separados. Um feitiço - que os lançou para longe, para tempos diferentes, corpos diferentes. Ela acordou ali, neste mundo. Sem lembranças. Sem ele. Até agora.

Leonor abriu os olhos, encarando James diante dela no campus, como se ele também tivesse sentido tudo. "Você se lembra...?" ela perguntou, a voz embargada. James assentiu, devagar. "Elyndor. Nós viemos de lá. Fomos trazidos pra cá... para sobreviver. Mas nunca para esquecer." Ela encostou a testa na dele. O mundo ao redor já não importava. Agora, ela sabia quem era. Sabia quem ele era. E sabia que o amor deles atravessava reinos.

            
            

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