Renascidos Para Amar: O Ciclo Quebrado
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Capítulo 2

A manhã seguinte chegou fria e cinzenta, espelhando o humor que se instalou no quarto.

Sofia acordou primeiro, sentindo o corpo dolorido, mas o coração estranhamente leve.

Rafael dormia ao seu lado, o rosto sereno. Por um instante, ela se permitiu a esperança.

Então, ele abriu os olhos.

A confusão da noite anterior havia sumido, substituída por uma frieza calculada que a atingiu como um soco.

"Bom dia," ela disse, a voz um pouco hesitante.

Ele se sentou, afastando-se dela.

"Preciso ir," ele respondeu, a voz desprovida de qualquer emoção. Ele nem sequer olhou para ela.

Sofia sentiu um nó na garganta. Aquele era o Rafael que ela conhecia da vida passada, antes de descobrir seus segredos.

Ou pior, era um Rafael que se lembrava de tudo.

Ela tentou se aproximar, tocou o braço dele.

"Rafael, sobre ontem à noite..."

Ele se esquivou do toque dela como se queimasse.

"Não há nada para falar sobre ontem à noite, Sofia. Foi um erro. Um grande erro."

Aquelas palavras, ditas com tanta indiferença, doeram mais do que qualquer crueldade do passado.

Ele se levantou e começou a se vestir em silêncio.

Ela ficou sentada na cama, nua e vulnerável, observando-o.

A resignação começou a se instalar. Ele se lembrava. Claro que se lembrava.

Ela tentou justificar a frieza dele para si mesma.

Ele estava magoado. Tinha todo o direito de estar.

Ela o fez sofrer tanto na vida anterior. Seria ingênuo esperar que ele a recebesse de braços abertos só por causa de uma noite.

A mudança dela parecia repentina demais, suspeita.

Ele provavelmente pensava que era por culpa, ou pena.

Não importava. Ela teria paciência. Ela provaria a ele que havia mudado.

"Rafael," ela começou, a voz mais firme, "precisamos conversar sobre nós. Sobre o nosso casamento."

Ele parou de abotoar a camisa, finalmente olhando para ela. Havia um brilho de escárnio em seus olhos.

"Nosso casamento? Que casamento, Sofia? Aquele em que você me trata como lixo e eu finjo que não me importo?"

As palavras eram duras, mas justas.

"Eu sei que errei," ela admitiu, engolindo o orgulho. "Mas eu quero consertar as coisas. Quero uma segunda chance."

Rafael riu, um som amargo que não combinava com ele.

"Segunda chance? Você acha que é simples assim? Você me destruiu, Sofia. Destruiu qualquer sentimento bom que eu pudesse ter."

Ele estava mentindo. Ou tentando se convencer disso. O amor dele era forte demais para ser destruído tão facilmente.

Mas a dor dele era real. Palpável.

"Eu sei que palavras não são suficientes," ela disse, levantando-se e se enrolando no lençol. "Mas eu vou te mostrar. Vou te mostrar que mudei."

Sofia sentiu a dor de ser mal interpretada, mas sabia que merecia a desconfiança dele.

Na vida anterior, ela teria explodido, o acusado de ser ingrato, de não reconhecer a "honra" de estar casado com ela.

Agora, ela apenas absorveu a amargura dele, aceitando-a como parte de sua penitência.

Ela não podia culpá-lo por pensar o pior dela.

Afinal, ela lhe dera todos os motivos para isso.

Ela tinha um plano. Um plano para o futuro deles.

Reconstruir a confiança, tijolo por tijolo.

Mostrar a ele, dia após dia, que ela era uma nova Sofia.

Uma Sofia que o amava, que o valorizava.

Seria difícil. Seria doloroso. Mas ela não desistiria.

"Eu não vou desistir de nós, Rafael," ela disse, a voz cheia de uma determinação recém-descoberta.

Ele a encarou por um longo momento, o rosto indecifrável.

Então, ele soltou a bomba.

"Eu já falei com seu pai, Sofia. Sugeri uma separação amigável."

O chão pareceu sumir sob os pés dela.

"O quê? Por quê?" ela gaguejou.

Isso não estava nos planos. Na vida anterior, ele nunca teria sugerido isso, apesar de tudo.

Rafael deu de ombros, a indiferença cortando-a profundamente.

"Porque é o melhor para nós dois. Você não me ama. Eu... eu não posso mais viver assim." A última parte soou quase como uma confissão dolorosa, rapidamente mascarada.

"Você pode ter sua liberdade, Sofia. Ficar com quem quiser. Eu não vou mais ser um empecilho na sua vida."

Ele estava oferecendo a ela exatamente o que ela pensava que queria na vida anterior.

Mas agora, a ideia de perdê-lo era aterrorizante.

O pedido de divórcio a atingiu com a força de um trem.

"Não, Rafael. Por favor. Não faça isso."

As lágrimas que ela segurou por tanto tempo ameaçaram transbordar.

Ela não podia perdê-lo. Não de novo. Não quando ela finalmente entendeu.

"Eu não quero o divórcio," ela disse, a voz embargada. "Eu quero você."

Nesse momento, o celular de Sofia tocou. Era o pai dela.

Ela atendeu, tentando controlar a voz.

"Alô, pai."

"Sofia, querida, onde você está? Rafael me ligou mais cedo, parecia... estranho. Ele mencionou algo sobre separação. O que está acontecendo?"

A voz do Sr. Pereira era uma mistura de preocupação e autoridade.

Alívio temporário a inundou. Seu pai não aprovaria o divórcio.

"Pai, eu e Rafael tivemos uma discussão. Ele está chateado, mas vamos resolver. Não se preocupe."

Rafael a observava, uma sobrancelha arqueada, cético.

"Pai, aproveitando que estou falando com o senhor," Sofia mudou de assunto rapidamente, "precisamos conversar sobre o Grupo. A Família Albuquerque está planejando algo grande. Eles vão tentar nos prejudicar."

Ela tentou alertá-lo, usar seu conhecimento prévio.

Mas o Sr. Pereira desconversou.

"Sofia, querida, não se preocupe com isso agora. Os Albuquerque sempre estão tramando algo. Temos uma equipe para lidar com eles. Concentre-se no seu casamento. Rafael é um bom homem. Não o perca."

Ele desligou antes que ela pudesse insistir.

Impotência. Seu pai não a levaria a sério sobre os negócios, não ainda.

Rafael terminou de se vestir e caminhou até a porta.

Ele não esperou por ela.

Aquele simples ato de abandono doeu profundamente.

Ele estava realmente determinado a se afastar.

O desespero começou a tomar conta dela.

Ela se vestiu às pressas e correu atrás dele.

Alcançou-o no corredor do hotel.

"Rafael, espera!"

Ele parou, mas não se virou.

"Por favor, vamos conversar. Em casa. Eu preparo o café da manhã."

Ele finalmente se virou, e o olhar dele era gélido.

"Não há nada para conversar, Sofia. E eu não vou para casa com você. Pedi para um motorista me buscar."

Ele cortou a comunicação, erguendo uma muralha entre eles.

Sofia ficou parada no corredor, observando-o se afastar.

A mudança nele era gritante.

Na vida anterior, mesmo magoado, ele nunca a trataria com tanto desprezo calculado.

Ele sempre fora gentil, mesmo em sua tristeza.

Agora, ele era um estranho. Um estranho que a conhecia bem demais.

A culpa a corroía. Ela fizera isso com ele.

Ela o transformara nesse homem frio e desconfiado.

Mas a resolução dela não vacilou.

Ela o reconquistaria.

Reconquistaria a confiança dele, mesmo que levasse uma vida inteira.

Desta vez, ela lutaria pelo amor deles.

Ela não o deixaria ir.

Ela voltaria para casa. Para a casa deles. E esperaria por ele.

Ela transformaria aquele lar, antes frio e sem vida, em um refúgio para ele.

Ela provaria que era digna do amor dele.

            
            

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