/0/14968/coverbig.jpg?v=fbe5177e16ea6a5194d575e423db42f0)
Capítulo 04
Por Contrato
O Sentido do Amor
Thaila não queria saber quem ele era. Pois ela estava se negando a acreditar que não era mais virgem, e que sua pureza fora tirada de forma tão duvidosa.
Como estava bêbada demais na noite anterior, ela sinceramente não tinha certeza de nada, e por isso foi embora no automático, sequer percebeu como conseguiu chegar ao pequeno apartamento da prima. Assim que entrou, deu graças ao céu por Aline ainda estar dormindo, e pôde se trancar no quarto.
Em seguida, tomou um banho demorado e, sem saber o que fazer, ficou deitada olhando para o teto.
Thaila permaneceu olhando para o nada até quase três da tarde, já que esse era o horário em que Aline costumava sair para trabalhar. A batida na porta era quase como um relógio.
Aline trabalhava no expediente das 16 horas, mas, como era dedicada, sempre chegava bem antes para se preparar para os clientes e nunca se atrasava.
De repente, um gosto amargo de bile subiu à boca de Thaila fazendo-a permanecer inerte na cama o restante do dia.
Ela só queria esquecer. Porém, no dia seguinte, assim que a prima bateu na porta do quarto, ela finalmente conseguiu reagir.
Aline estava preocupada, pois tanto na escola de gastronomia quanto na empresa de limpeza Bianchi em que Thaila trabalhava, ambas haviam ligado, informando que Thaila não apareceu nem para a aula, nem para o trabalho.
Com medo dos gastos e das despesas que eram divididas, além do dinheiro que Thaila lhe devia e que estava ajudando a enviar para sua mãe. Aline então resolveu não cobrar de cara e se fingiu de preocupada.
Bateu insistentemente na porta do quarto até que Thaila permitiu que ela entrasse. Com a cara fechada diante da aparência desleixada da prima.
Já julgando aquilo como pura preguiça, tentou disfarçar o real motivo da visita.
- Thaila, você está bem? Pois, ligaram da escola de gastronomia e da empresa que você trabalha!
- Oh... sim, estou. Mas estou gripada, e acho que preciso ir ao médico, mas eu não queria gastar, porém não vai dar para continuar assim... - respondeu, com a voz fraca.
- Sério mesmo que você ainda está com gripe? Nossa, que chato. Olha, se quiser, eu conheço um médico... Ele, tipo me deve um favor e pode te atender sem custo algum. Espera só um minuto que vou pegar o celular e marcar pra você!
- Ah, sim... Obrigada, Aline. Eu realmente tentei me curar sozinha, mas acho que não é só uma gripe comum.
- Ok, sem problemas. O Giancarlo é um amor, super profissional e muito importante. Ele vai cuidar de você, Thaila. Mas, sinceramente, prima, acho que você deveria procurar algo menos pesado pra trabalhar, pois seu serviço é muito cansativo, e os produtos de limpeza são fortes demais. Olha né por nada não, mas talvez seja hora de você dar uma chance lá na Blue Nightclub, lá é bem mais tranquilo.
- Pelo amor de Deus, nem continue, Aline. Não hoje. Já te disse que nunca vou voltar àquele lugar!
"Nunca vou poder me envolver com ninguém. Não depois do que aconteceu... Oh, não... Foi só um pesadelo... Sim, foi isso, pois me recuso a acreditar que fui promíscua!"
Pensou, Thaila lutando contra o pânico.
- Calma, Thaila querida, não precisa se alterar nem gritar. Mas só pra você saber: eu amo o que faço, e dou muito prazer aos meus clientes. E, sinceramente, você é boba demais. Ganharíamos muito dinheiro juntas, pois você é jovem, bonita... Mas se prefere cozinha, esfregar chão, limpar privadas e morrer pobretona... Continue!
- Prefiro mesmo, Aline, agora, se você conseguir o médico, eu vou.
- Tranquilo. Eu disse que o doutor Giancarlo é um amor. Olha, ele já me respondeu! E, vai te atender daqui a duas horas, mas eu vou com você, pois acho que nada como dar um agrado ao cliente.
- Como assim, Aline? Ele é seu cliente, então?
- Claro que é! Mas não se preocupe, ele é super profissional. Nosso lance é só na Blue Nightclub.
- Entendi... Mas eu não quero mais. Pode deixar que eu vou marcar outro médico.
- Por quê? Tá doida, Thaila? Você sabe que uma consulta aqui é caríssima, ainda mais com um médico igual ao doutor Giancarlo. Agora, deixe de boba e de ser puritana, pois ele não vai achar que você é uma puta só porque tá comigo!
- Ok... Tudo bem. Eu vou, então. Acho que preciso mesmo de antibióticos, ah não foi nada... Foi só um pesadelo, é isso! Eu sonhei!
- O quê? Pesadelo? Sonho? Que papo é esse? Thaila, você tá delirando. Minha nossa, não tô entendendo nada!
- É isso... Deve ser a febre. Por isso estou delirando, obrigada, prima. Pode ir, que eu vou tomar um banho e me arrumar.
- Está bem. Eu também vou me arrumar e te espero na sala.
- Ok.
Thaila permaneceu com olhar perdido enquanto fazia a higienização do próprio corpo. Suas partes íntimas estavam sensíveis, seu canal vaginal ainda estava dolorido, mas a dor era suportável. Logo após o banho, ainda se olhou no espelho, procurando alguma marca no corpo.
Nada, pelo menos. ela se tranquilizou, oh ainda bem. Apesar disso, ela não deixaria de pedir orientação ao médico. Contudo, só de pensar em se abrir sobre sua intimidade, tremia de vergonha, e seu rosto ficava corado.
Resolveu então que não falaria com o médico sobre seu tormento pessoal. Iria apenas tratar da maldita gripe.
Com sorte, depois encontraria uma consulta barata com uma ginecologista mulher. Afinal, ela ainda não queria acreditar que... transou.
Vestida casualmente, com uma calça jeans e uma blusa branca de mangas, colocou seu tênis Adidas.
Seu único luxo, passou base, pó, um gloss discreto e deixou os cabelos soltos. Encontrou Aline na sala, toda glamourosa, mexendo no celular.
- Nossa... Você tá igualzinha a uma colegial, Thaila, e só faltam os óculos, Ai minha nossa, como eu queria parece jovem como você!
- Até parece, Aline, pois eu me sinto uma velha, isso sim! E só de pensar que idade só piora as doenças, me dá aflição.
- Pois é... Mas você só pensa em trabalhar duro!
- Por favor, não comece, Aline!
- Ok, Thaila, já parei, vamos, pois o doutor é muito ocupado.
- Vamos.
Dando um suspiro de alívio por sua prima finalmente desistir de convencê-la a ser igual a ela, Thaila ficou calada no táxi, só pensando se realmente teria coragem de falar com o médico sobre sua intimidade.
Não... Melhor não, decidiu novamente.
Assim que chegou no hospital ela ficou esperando na sala de espera, e tentou pensar no que iria dizer.
*****************
Alexissuos sabia que transou com alguém, mesmo acordando com uma ressaca infernal, o corpo completamente relaxado e as memórias turvas, eróticas, do ocorrido. A cama bagunçada e o sangue no lençol... Foram provas ainda mais reais do que aconteceu.
Atrasado para trabalhar, simplesmente foi tomar banho e se arrumar, carregando consigo um sentimento de vazio que o assustava.
Tentando entender aquele sentimento novo, acreditou no fim que devia ser efeito da ressaca forte. Então, antes de sair para o hospital, ele resolveu tomar um remédio para dor de cabeça e um café expresso bem forte.
Apesar de se sentir relaxado sexualmente, algo o incomodava... Talvez por ter feito algo totalmente fora de seu padrão.
Ele não fazia ideia da identidade da mulher com quem fez sexo. E, assim que chegou ao trabalho, tentou falar com Giancarlo, perguntando se ele tinha enviado a garota de programa na sua casa, porém o amigo não sabia de nada, e até desconversou, provavelmente ele nem lembrava também.
Como estavam cheios de trabalho, o assunto pessoal foi sendo deixado de lado, e Alexissuos seguiu sua rotina árdua, embora a curiosidade sobre aquela noite o assombrava.
Mesmo assim, não tinha muito interesse em saber quem ela realmente era. No fundo, não se orgulhava nem um pouco de ter sido tão irresponsável ao ponto de fazer sexo com uma completa desconhecida, e que provavelmente era garota de programa.
Autora: Graciliane Guimarães