Capítulo 5 A reação

Capítulo 05

Por Contrato

O Sentido do Amor

Alexissuos tinha acabado de finalizar uma cirurgia e estava no lavabo, ao lado do centro cirúrgico, quando Giancarlo o encontrou, pedindo para que ele atendesse uma paciente sua, já que teria que entrar no centro cirúrgico por conta de uma emergência.

- Tudo bem, estou liberado Giancarlo e já vou lá!

- Certo, obrigado, amigo. Fico te devendo essa!

Era bem comum eles trocarem esses favores, onde um atendia o paciente do outro.

Com passos largos, Alexissuos seguiu para o consultório, e assim que avisou sobre a substituição à secretária, ela informou que a paciente já estava aguardando no consultório do doutor Giancarlo. Deitada na maca.

Vestido com o scrub completo, ainda usando a touca na cabeça, por ter saído praticamente do centro cirúrgico, ele entrou no consultório com cuidado, quase sem fazer barulho, acreditando que encontraria uma paciente idosa, já que ela precisava ficar deitada na maca.

Porém, Alexissuos se surpreendeu imediatamente, pois tratava-se de uma mulher muito jovem e incrivelmente linda, que parecia estar dormindo.

Como se estivesse hipnotizado, ficou parado, olhando para a mulher, que, mesmo adormecida, parecia ainda mais bela. Não havia nela nenhum artifício de vaidade. Era nítido que ela não estava nem aí para a aparência e se mostrava totalmente natural.

Um pouco chocado com a própria reação diante da paciente, algo que nunca lhe ocorreu antes, Alexissuos quase saiu assim que recobrou a consciência, mas o lado profissional falou mais alto, então ele resolveu agir, afinal qualquer reação fisiológica poderia ser facilmente ignorada por ele, que era médico, e o corpo humano sempre fora sua zona de conforto.

Com uma tosse um pouco mais alta, ele chamou a atenção da paciente, que abriu os olhos, ainda um pouco atordoada.

Thaila, ao abrir os olhos e ver o médico, ficou imediatamente sem graça por ele tê-la encontrado tão à vontade e, por isso, tratou logo de se desculpar, visivelmente constrangida.

- Oh... Olá, doutor. Me desculpe, mas eu estava precisando descansar... Estou sentindo um mal-estar terrível, e sua secretária me disse que eu poderia ficar aqui.

- Não há problema. Fique à vontade, senhorita. Mas, se você se sentia já tão mal, por que negligenciou sua saúde e não veio antes ao hospital?

Alexissuos não fazia ideia do porquê estava falando com tamanha grosseria, mas o coração acelerado, o pulso disparado e as mãos suando eram sinais claros de que ele também não estava nada bem.

- Sinto muito, doutor... Eu realmente fui irresponsável. É que não tenho tempo, nem dinheiro para gastos extras e...

- Ah! Então, hoje em dia, cuidar da saúde é considerado perda de tempo e gasto extra para os jovens? Que piada! Ok, moça, por favor levante-se e sente-se na cadeira. Vamos logo começar sua consulta, porque, definitivamente, não quero mais ouvir sobre suas escolhas erradas e sua negligência consigo mesma!

Thaila ficou atordoada por ouvir um médico ser tão sem noção e grosseiro, mas, no fundo, sabia que realmente precisava começar algum tipo de antibiótico e fazer exames, pois, definitivamente, não estava lidando apenas com uma gripe simples.

Com certa dificuldade, ela se sentou na maca, desceu e foi até a cadeira destinada aos pacientes, enquanto o médico se acomodou na poltrona confortável, lançando-lhe um olhar nada aprovador, pois era quase fuzilante.

Totalmente desconfortável com a situação, mas tentando ser racional, pois não adiantaria nada ela sair dali sem uma receita.

Thaila teve que engolir em seco várias vezes antes de voltar a falar, tentando soar calma, embora, por algum motivo, estivesse começando a sentir uma raiva crescente daquela postura sem ética do digníssimo profissional.

- Ok, doutor, tudo bem. Então, eu estou pronta. Por favor, podemos começar a consulta?

- Claro, é para isso que estou aqui. Então, senhora Sousa, o que a trouxe até aqui?

Com certo alívio por finalmente o médico parecer agir como tal, Thaila logo relatou tudo o que vinha sentindo há dias, sem, obviamente, mencionar o ocorrido de dois dias atrás, que só tinha contribuído para agravar seu estado. Nem morta ela teria coragem de se abrir com um médico tão cheio de julgamentos.

- Bem... O que me trouxe aqui é que já faz três semanas que estou passando mal. Começou com uma gripe, coriza e um tipo de alergia que me deixa estranha... Cansada... Sem energia nenhuma. Ah, mas não tenho tosse, doutor. Nenhuma.

- Típico dessa época de início de outono... Olha, só pelo seu relato e pelo exame clínico que irei fazer, acho que já teremos um diagnóstico.

- Sério, que bom, doutor!... Então, por favor, onde eu faço esse exame clínico? E quanto custa?

- Aqui mesmo, senhorita Sousa, eu mesmo vou ouvir seu pulmão. E, se houver alguma dúvida, solicitamos um raio-x, seguido de uma tomografia, se necessário.

- Ah, entendi.

Alexissuos anotou algumas informações no relatório médico da paciente, e em seguida, pegou o estetoscópio para examiná-la. Porém, o contato, que deveria ser algo absolutamente normal, se mostrou extremamente difícil para ele, que chegou a vacilar ao pedir para que Thaila respirasse fundo.

O sobe e desce dos seios dela, a cada respiração, tornou-se um tormento que ele nunca tinha enfrentado antes, em quase dez anos de profissão.

Para seu alívio, a jovem mulher sequer percebeu o seu nervosismo. Finalmente Alexissuos deu por encerrados todos os exames clínicos e voltou a se sentar, anotando tudo no prontuário. Em seguida, foi bem categórico, mas antes pediu para que Thaila se dirigisse à sala de raio-x.

- Bem, pelo que estou vendo, e pelos seus sinais, realmente foi uma gripe forte que evoluiu para uma pneumonia. Mas é preciso fazer o exame para verificar o estágio da doença, e assim definirmos o melhor tratamento.

- Entendi... Mas... demora muito esse exame raio-x, é caro?

- Não demora. E não é caro. Mas, agora, senhorita Sousa, aconselho você a dar um tempo para cuidar de si mesma e se preocupar menos com gastos que são, sim, necessários!

- Sim, doutor, o senhor tem razão. Então... Onde é que eu faço o exame?

- No fim do corredor, à esquerda. Mas Sarah irá te acompanhar até lá. Só um momento, que vou chamar ela, e assim que estiver pronto o exame, volte para me mostrar o resultado.

- Está bem. Muito obrigada. Até daqui a pouco, então doutor.

Com uma sensação nada boa, após agradecer ao médico que agora ela até começava a achar, ao menos, profissional.

Thaila se levantou. Porém, antes mesmo de dar o primeiro passo em direção à porta, desmaiou.

Alexissuos, mesmo pego de surpresa, imediatamente se levantou e a amparou, evitando que ela batesse com a cabeça.

Em seguida, pegou Thaila nos braços e a colocou novamente na maca do consultório.

A emergência foi acionada, e logo depois, ele próprio cuidou de todo o protocolo, solicitou exames e providenciou sua internação. Realmente, seu primeiro diagnóstico estava correto: era uma pneumonia.

Sem conseguir se afastar da linda paciente, pelos sentimentos que ela despertava nele. Alexissuos cancelou toda a sua agenda de trabalho, chocando a todos no hospital.

Giancarlo ficou sabendo do ocorrido e entrou no quarto para perguntar se era algo realmente muito sério, a ponto de o próprio Alexissuos largar tudo.

Sem querer dar explicação ao amigo, ele tentou desconversar rapidamente, e para não ter que contar algo que nem ele sabia explicar, encerrou seu expediente e foi para casa.

Antes, porém, falou com a equipe de plantão e deixou seu contato pessoal, solicitando que o avisasse assim que a paciente acordasse.

Autora: Graciliane Guimarães

            
            

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