Capítulo 7 Ela não permitiria

Capítulo 07

Por Contrato

O Sentido do Amor

- Que tal senhorita Sousa, você trabalha para mim como minha secretária pessoal assim que se recuperar? E, além disso, eu ficarei como seu credor no hospital!

- Isso é sério, doutor?

- Sim, muito sério. Quero você trabalhando diretamente comigo.

"Na verdade, não suporto a ideia de não te ver mais Thaila, e por isso estou disposto até a mandar minha secretária tirar umas férias imediatamente remunerada!"

Thaila ficou surpresa com essa nova versão, tão boazinha do médico. E o que ele propôs era simplesmente inacreditável. No entanto, ela não poderia mentir, e, por isso, decidiu ser honesta, revelando que não possuía qualificação para o cargo.

- Olha, doutor, seria ótimo sua proposta e eu agradeço muito pela sua gentileza comigo, mas eu não tenho qualificação suficiente. E, no momento, nem tempo tenho disponível para isso.

Alexissuos arqueou uma das sobrancelhas, pensativo. Não conseguia entender como uma moça tão jovem e bonita não priorizava os estudos. Na sua cabeça, só vinha uma coisa: Thaila era mais uma mulher jovem de cabeça oca, perdida em festas e amizades vazias, a decepção tomou conta dele, e então ele não se conteve.

- Deveria deixar essa vida louca e sem sentido, e buscar qualificação. Afinal, o tempo não para, senhorita. E a vida adulta é extremamente cara!

- Eu sei disso doutor!

Respondeu, Thaila com um suspiro.

- Não é o que parece.

- Olha eu não ando em festas, tá bom, doutor, pois não tenho tempo, além disso sou imigrante vinda do Brasil, e sinceramente não tenho amizades aqui. Trabalho muito, tenho dois empregos. E o único tempo livre que me resta é à noite. Mas também confesso que a única coisa em que sou boa é na limpeza e na cozinha.

Surpreso, Alexissuos ficou sem reação ao descobrir que Thaila era uma imigrante estrangeira e pobre. Percebeu então naquele instante, o quanto havia a julgado de forma equivocada. Precisou reorganizar seus pensamentos rapidamente, tentando encontrar uma maneira de ajudá-la sem ofendê-la ainda mais.

- Certo, eu sinto muito, e me desculpe, senhorita Sousa, por tê-la julgado errado. E não se preocupe, eu mesmo vou procurar uma vaga de trabalho para você no hospital depois. Mas agora, que está tudo resolvido, acho que vou levá-la para tomar um pouco de ar enquanto comemos alguma coisa.

- Mas, como assim, doutor? Eu pensei que meu caso fosse grave, já que não posso ter alta, e...

- Vamos, senhorita Sousa, não discuta comigo. Me deixe carregá-la, pois aqui eu sou seu médico e sei exatamente o que é melhor para você!

Alexissuos, mesmo com toda sua força e determinação, percebeu que Thaila não cederia tão fácil à sua vontade de carregá-la no colo. E, ouvir ela dizer isso com tanta clareza, o deixou um pouco contrariado. Afinal, tudo o que ele queria naquele momento, era tê-la nos braços.

- Eu entendi, ela disse firme, mas não quero ser carregada. Eu mesma posso andar, doutor, por favor, olha o que os outros vão pensar de mim, com o senhor me carregando assim pelos corredores do hospital?

- Não se preocupe com isso. Senhorita Sousa, pois ninguém dirá nada! E, mesmo que falem alguma coisa, eu não ligo a mínima para o que pensam de mim!

- Que ótimo pra você, doutor, mas eu não sou assim, e levo muito a sério o que falam ao meu respeito!

- Só lamento por você! Mas ok, senhorita Sousa, você venceu. Vou buscar uma cadeira de rodas. E já volto.

Thaila só queria ir embora. Para ela, teria sido muito melhor se não tivesse esse gasto alto com hospital. Mas entendia que lutar contra o que aquele médico prepotente determinava não a levaria a lugar nenhum. Afinal, não podia arriscar a própria saúde. Mas, convenhamos que ser levada para fora do quarto no colo, isso ela não permitiria jamais!

Só de pensar nos falatórios pelos corredores do hospital, suas mãos tremiam.

Sinceramente, ela não sabia o que pensar da mudança repentina no comportamento do médico. Mas não teve tempo de continuar sua linha de raciocínio, pois Alexissuos já estava de volta.

Ele não teve nenhuma dificuldade para encontrar uma cadeira de rodas. Contudo, demorou um pouco mais do que imaginava porque, no caminho, decidiu passar na cafeteria do hospital. Enquanto fazia um pedido bem generoso, voltou rapidamente ao quarto, e, com uma habilidade impressionante, pegou Thaila no colo, acomodando-a na cadeira de rodas. Sem dar chance para ela protestar, começou a empurrá-la pelos corredores até a cafeteria, onde pegou tudo que havia encomendado. Com as sacolas prontas para viagem, em seguida foi para o elevador, levando-a para o terraço do lado sul do hospital.

O local era simplesmente encantador, com um lindo jardim e bancos estrategicamente posicionados, oferecendo uma vista de tirar o fôlego da cidade de Milano.

Aquele espaço havia sido construído especialmente quando Alexissuos comprou o hospital, como um memorial para seu amigo falecido Paolo. O amigo nos seus últimos dias de vida, disse que seu maior desejo era sentir o vento no rosto e contemplar a cidade do alto.

Então o local era um memorial ao amigo, e que constantemente era elogiado pelos pacientes e funcionários, e tinha tudo para conquistar até a sua paciente mais arredia. Pelo menos, essa era a expectativa de Alexissuos.

Thaila ficou completamente encantada. Seus olhos brilhavam ao admirar o jardim exuberante e a vista magnífica da cidade. Estava tão hipnotizada que nem percebeu o médico arrumando uma linda mesa, repleta de opções variadas para o café da manhã. Só se deu conta quando ele a chamou, e se assustou com que viu.

- Minha nossa, como você conseguiu tudo isso?

- O quê...?

Alexissuos, fingiu não entender.

- Essa quantidade de comida! Isso deve ter lhe custado uma fortuna. Olha, doutor, eu não posso pagar e...

- Calma, senhorita Sousa, você é minha convidada. E, além disso, eu estou com muita fome. Pode ficar tranquila, prometo que não desperdiçamos nada.

- Ah sim, pelo seu tamanho eu realmente acredito, afinal parece que você precisa comer muito!

Thaila brincou, tentando disfarçar o constrangimento.

- Sim, eu sou grande. Mas, confesso... também sou guloso. Comer, para mim, é sempre um prazer. Porém, malho pesado para equilibrar.

- Hum, isso dá pra perceber de cara, pois você é bem forte, Já eu não sei nem por onde começar com tanta coisa gostosa. E sobre exercícios físicos, ah, doutor, sou uma completa zero à esquerda. Na verdade, acho que prefiro comer menos a fazer exercícios. Apesar de que isso não tá funcionando muito bem aqui na Itália. Pois, eu simplesmente amo as massas. E, sinceramente pizza é minha perdição.

- Que pena, eu não trouxe pizza. Mas, se quiser, posso ligar agora mesmo e pedir no Dom Pier. O dono é meu amigo, e lá tem a melhor pizza da cidade. E, pode ter certeza, se eu ligar, eles fazem na hora, mesmo sendo de manhã.

- Oh não, por favor, não precisa incomodar seu amigo, Doutor, pois eu realmente amo pizza, mas não como isso de manhã. E, sinceramente tudo que está aqui já é mais do que suficiente.

- Certo, se você tem certeza, senhorita Sousa, mas eu só quero que você saiba que não precisa se privar de nada comigo. Pois, por você eu sou capaz de fazer qualquer coisa.

Autora: Graciliane Guimarães

                         

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