Cicatrizes de Um Passado Que Não Volta
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Capítulo 4

A calma inesperada de João Miguel desconcertou as primas e Isabella.

Elas esperavam raiva, ressentimento, talvez até um escândalo.

Mas ele estava sereno, distante.

Perceberam que algo havia mudado nele, algo irreversível.

Ricardo aproximou-se de Isabella, passando o braço pela cintura dela de forma possessiva.

Ela inclinou a cabeça no ombro dele, um gesto de afeto que cortou o ar.

A nova dinâmica estava clara para todos.

João Miguel observava a celebração.

Os discursos, os presentes, os brindes.

Tudo era uma repetição do que antes era para ele.

O mesmo uísque caro que ele gostava, agora servido a Ricardo.

A mesma música que Isabella dizia ser "a nossa música", agora tocada para o novo casal.

Então, Clara se aproximou de Ricardo com uma pequena caixa de veludo.

"Ricardo, querido, isto é para você. Era do nosso avô, um símbolo da nossa família."

Ela abriu a caixa, revelando um relógio de ouro antigo.

O relógio que João Miguel sempre admirara, o relógio que as primas prometeram que seria dele um dia.

João Miguel sentiu as mãos se fecharem em punhos, as unhas cravando na palma.

Uma dor aguda, física e emocional, o atravessou.

O relógio no pulso de Ricardo era uma afronta, uma profanação.

Ricardo, percebendo o olhar de João Miguel, sorriu com malícia.

"Ah, primo, que belo presente, não? Mas sabe, para combinar, eu precisaria daquela corrente de ouro que você sempre usa. Aquela que o vovô também usava. Você não se importaria de me dar, não é? Afinal, parece que você tem roubado o que era meu por direito a vida toda."

A provocação era clara, a insinuação venenosa.

Isabella interveio, a voz fria e ameaçadora.

"João Miguel, dê a corrente a ele. É o mínimo que você pode fazer."

A corrente.

Um presente de Isabella, no início do namoro.

"Para selar nosso amor", ela dissera.

Ele a tirou do pescoço, o metal frio em seus dedos.

Entregou a Ricardo sem uma palavra.

Um ato de desapego final, a última gota de sentimento escorrendo por entre seus dedos.

"Preciso ir", ele anunciou, a voz neutra. "Não estou me sentindo bem."

Era uma desculpa, claro. Ele só queria fugir daquele circo de horrores.

As primas e Isabella, de repente, demonstraram uma preocupação superficial.

"Oh, João, o que você tem?" perguntou Sofia, tentando tocá-lo.

"Quer que chamemos um médico?" ofereceu Helena.

Isabella o olhou com uma falsa compaixão.

"Não vá assim, podemos cuidar de você."

Hipocrisia.

Ele recuou do toque delas.

"Não preciso da ajuda de vocês. Vocês já fizeram o suficiente."

A amargura em sua voz era palpável.

Ricardo, mais uma vez, se fez de vítima.

"Oh, céus, será que foi algo que eu disse? Eu não queria chateá-lo, primo. Por favor, não fique doente por minha causa."

Ele monopolizou a atenção delas novamente, afastando-as de João Miguel.

            
            

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