Capítulo 3 Um Formigueiro Inesperado

Jane sorriu.

-Eu sabia que você acabaria por adorar, minha amiga. Vamos explorar a varanda sim!

As duas avançaram pela sala, apreciando a música ambiente e a elegância dos convidados, com vestidos de noite e bonitas máscaras, que cobriam parcialmente seus rostos, conferindo um aspeto misterioso e divertido à festa.

Uma cobertura tinha sido colocada no exterior para proteger os convidados da neve e enormes aquecedores de chamas davam à atmosfera um aspeto lindíssimo, além de aquecerem os convidados.

De repente, Jane soltou um gritinho e disse:

- Kathryn, Kathryn, ali está Anthony Montgomery. Vamos cumprimentar ele!

Kathryn se viu arrastada por Jane até junto de um homem alto, musculado e elegante que observava a paisagem, encostado ao alto muro que protegia o final da varanda, vestindo um elegante fato cinzento escuro e uma simples máscara preta. Olhando com atenção pelo meio da máscara, Kathryn vislumbrou um par de olhos penetrante, do mais verde que já alguma vez vira.

Subitamente, o coração dela disparou. Sentiu-se sem jeito no vestido emprestado, com os joelhos fracos e com uma sensação estranha na barriga.

" Controla-te, Kathryn! Podes nunca ter tido nenhum namorado a sério, mas esta reação de adolescente é tão desnecessária. Um homem destes nunca olharia para uma menina como você!"

- Jane, olá, como está, minha querida? E quem é a sua acompanhante? - perguntou Anthony, numa voz com um timbre que voltou a fazer Kathryn estremecer e sentir calafrios na barriga.

- Olá, Anthony, que festa maravilhosa! Esta é minha amiga de infância Jane. Sempre fico tentando trazer ela para festas e para se divertir, mas ela sempre fica me dando negas. Finalmente, hoje ela acedeu e veio comigo.

Os olhos de Anthony se fixaram em Kathryn. Por um momento, apesar das máscaras, os seis olhares se cruzaram e Kathryn sentiu um arrepio, uma espécie de corrente elétrica, a percorrê-la de cima a baixo.

-Que bonita é sua amiga, Jane - disse Anthony, parecendo também um pouco surpreso pela intensidade do momento em que se tinham olhado. Espero que vocês se divirtam nesta festa e que Kathryn decida passar a vir com você a minhas festas, meu bem.

Mentalmente, Kathryn pensou que não voltaria aquelas festas, para sentir de novo aquela estranha atração adolescente pelo inacessível anfitrião.

Anthony pediu licença com um ar pouco feliz por se afastar, e se deslocou na direção de um grupo de convidados, onde uma menina com um vestido curto com lantejoulas e longo cabelo o chamava entusiasticamente, acenando fazia tempo.

-Aquela é Alice Gaultier, uma socialite falida que alguns rumores dizem ser uma das namoradas não oficiais de Anthony. Já fiz um entrevista com ela para a rádio, e não confio nessa menina nem um bocadinho - comentou Jane.

Alice rodeou Anthony com os braços em volta do pescoço, com muita familiaridade e fez tenção de o beijar na boca. Muito mais alto, Anthony se esquivou do beijo e cumprimentou todos do grupo.

- Olha, ali está Peter Jones, da Minutes. Vamos falar com ele!

Arrastando Kathryn pelo braço, Jane se aproximou de um sujeito alto e magro, com um ar simpático e astuto.

-Jane, minha cara, quem é essa beldade que te acompanha? -perguntou Peter, sorrindo.

- Peter, meu bem, está me substituindo por minha amiga? Eu pensava que era a eterna eleita de seu coração -gracejou Jane. -Esta é minha amiga Kathryn.

- Olá Kathryn, prazer em conhecer você. E não, Jane, nenhuma outra vai te substituir no meu coração, não. Mil perdões, Kathryn.

Kathryn sorriu. Peter era simpático. Entretanto, notou que já bebera a sua primeira taça de champanhe. Não estava acostumada a beber álcool, mas o líquido fresco estava delicioso, sentia-se leve e divertida decidiu tomar outra taça.

Jane e Peter conversavam animadamente sobre a influência dos meios de comunicação nos comportamentos de consumo das audiências e Kathryn decidiu desxulpad-se e ir ao banheiro. Depois de perguntar a um dos garçons onde era, seguiu por um corredor que partia da sala, com várias portas, e abriu a terceira do lado esquerdo, como lhe fora recomendado.

Para seu espanto, aquela sala não era um banheiro, mas uma sala onde estava Anthony, encostado num sofá em pele castanha, com os pés sobre uma mesa de centro.

- O que você está aqui fazendo? - perguntou ele, com um sorriso malicioso.

            
            

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