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Depois do inesperado encontro com Anthony e após ter-se refrescado no banheiro, Kathryn voltou à varanda, onde Jane estava conversando animadamente com um grupo de mulheres elegantes, que ela nunca vira.
- Kathryn, meu bem, onde você se meteu? Eu estava ficando preocupada!
Vendo a cara de Kathryn, Jane acrescentou:
- Nossa, menina, eu te conheço faz tantos anos, que cara é essa, o que se passou com você?
Kathryn sorriu debilmente. Na verdade, nada se passara com ela e, ao mesmo tempo, tudo tinha acontecido. Tinha beijado o anfitrião da festa, um dos milionários mais cobiçados de Nova Iorque, e ele a havia acariciado e despertado nela sensações que, para ser justa, ela nem sabia que podiam existir. Isso mudava a sua perspectiva sobre as relações entre homens e mulheres e mudava tudo. Por outro lado, tinham sido interrompidos por uma amante de Anthony. Embora ele lhe tivesse pedido para ficar, ela decidira sair e tinha a certeza que, aquele momento, que para ela tinha sido tão especial, não tinha passado de um bom momento, igual a tantos outros, para Anthony. Isso reduzia o seu momento especial a nada.
- Está tudo bem, Jane, eu demorei um pouco mais a encontrar o banheiro.
- Ah tá - retorqui Jane, bem desconfiada. Deixa eu te apresentar estas meninas, que eu conheci quando fiz uma reportagem para a rádio na Moda Nova Iorque.
- Na verdade, está ficando um pouco tarde e eu gostaria de ir andando, replicou Kathryn.
- Mas Kathy (Jane sempre lhe chamava de Kathy, desde a infância), você não quer ficar nem mais um pouquinho? Está tão legal esse ambiente...
Kathryn olhou em volta. Os convidados, elegantes nos seus vestidos de noite e smoking, sorriam e olhavam-se por entre as suas lindas máscaras. Só ela, Kathryn, se sentia de repente com um peso no peito e vontade de sair dali.
- Eu ainda tenho um novo protocolo de intervenção fisioterapêutica para estudar amanhã, para por em prática assim que um menino meu, que se machucou e está no hospital, regressar - se justificou Jane.
- Tem certeza? Quer que um chame um táxi para você?
Kathryn agradeceu. Voltaria no metro para o seu lado da cidade, e para a sua vida simples. Se despediu de Jane, desceu no luxuoso elevador e apanhou seu casaco quente com o mordomo. Agora, parara de nevar, mas uma fina camada branca cobria os passeios e molhou os seus pés, calçados com uns elegantes sapatos altos. Definitivamente, este não é o meu mundo, pensava Kathryn, enquanto o frio se entranhava nos seus pés.
Anthony se sentia relaxado e sonolento, como sempre no final de um pouco de divertimento com alguma menina. Alice sorria, agarrada ao seu peito, como uma gata ronronando satisfeita.
-Alice, é pouco delicado deixar meus convidados na festa e continuar aqui com você, disse Anthony finalmente.
- Ah, Anthony, nunca vi você se preocupar com os convidados. Fica aqui mais um pouco comigo, eles têm champanhe e boa música...
No entanto, Anthony se levantou e dirigiu-se para a porta. Alice se levantou também, para acompanhá-lo, sem uma palavra. Pelo menos, as meninas na festa veriam quem acompanhava Anthony. Logo rodeou a cintura dele com uma mão, mas a sua mão foi afastada, e Anthony repetiu o de sempre para ela:
- Você é perfeita, Alice, mas eu não estou procurando me comprometer nesse momento, e nunca enganei você sobre minhas intenções.
Resignada, Alice retirou a mão. Ela iria convencê-lo. Custasse o que custasse.