Abandonada no Dilúvio: A Vingança de Lia
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Capítulo 2

Tentei ligar para os serviços de emergência, mas a rede estava em baixo.

Todas as minhas chamadas falhavam. O pânico instalou-se de vez.

A água continuava a subir, implacável. Já sentia a humidade fria nos meus pés.

O bebé mexia-se violentamente, como se sentisse o meu medo.

Eu batia no vidro, gritava, mas ninguém me podia ouvir. O túnel era uma armadilha de betão e água.

Fechei os olhos, a minha mão a proteger a minha barriga.

Pensei em todas as vezes que o Marcos pôs a Sofia em primeiro lugar.

As festas de família que perdemos porque a Sofia "precisava dele".

As férias canceladas porque o gato da Sofia ficou doente.

Eu sempre aceitei, sempre achei que era eu a ser ciumenta, insegura.

A minha sogra, Dona Helena, sempre dizia: "Oh, querida, eles são como irmãos. Tens de compreender."

Compreender.

Agora, a compreensão parecia uma estupidez sem tamanho.

Uma dor aguda atravessou a minha barriga, diferente de tudo o que já tinha sentido.

Não era o bebé a mexer-se, era uma cãibra, forte, paralisante.

Gritei, não de medo, mas de dor.

Foi nesse momento que o vidro da janela traseira se estilhaçou.

Um bombeiro, com a cara séria e molhada, olhou para mim.

"Senhora, temos de a tirar daqui, agora!"

Ele não esperou por uma resposta, abriu a porta por dentro e a água entrou de rompante.

A corrente era forte, mas os braços dele eram mais.

Ele puxou-me para fora, para um pequeno barco insuflável.

A última coisa que vi antes de desmaiar de dor foi o meu carro a ser engolido pela água escura.

            
            

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