Abandonada no Dilúvio: A Vingança de Lia
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Capítulo 3

Acordei num quarto de hospital branco e estéril.

O cheiro a desinfetante era forte.

A primeira coisa que fiz foi levar a mão à minha barriga.

Estava vazia. Lisa.

Um vazio oco e doloroso.

Uma enfermeira entrou no quarto, o seu rosto era uma máscara de compaixão profissional.

"Lia, que bom que acordou. O seu marido e a sua sogra estão lá fora."

O meu bebé. Onde estava o meu bebé?

"O meu filho?" perguntei, a minha voz era um sussurro rouco.

A enfermeira desviou o olhar, e essa foi toda a resposta que eu precisava.

"Lamento muito," ela disse, suavemente. "Fizemos tudo o que podíamos. O stress e a hipotermia... induziram o parto. Era demasiado cedo. Ele não sobreviveu."

O mundo parou.

O som no quarto desapareceu, substituído por um zumbido agudo nos meus ouvidos.

Não chorei. Não gritei.

Apenas senti um buraco a abrir-se no meu peito, um buraco tão grande que me sugava todo o ar.

A porta abriu-se e o Marcos entrou, seguido pela mãe dele, Helena.

Ele tinha o cabelo húmido, a roupa amarrotada. Parecia cansado.

"Lia, meu Deus, que susto," ele disse, aproximando-se da cama.

A mãe dele ficou perto da porta, os braços cruzados, a olhar para mim com pena e reprovação.

"Onde estavas?" perguntei, a minha voz surpreendentemente firme.

Ele parou.

"Eu vim assim que soube. A Sofia ficou muito mal, tive de a levar ao hospital, a crise dela foi muito forte."

Ele ainda estava a mentir. Ainda estava a defender-se.

"O nosso filho morreu, Marcos."

As palavras saíram da minha boca, mas pareciam pertencer a outra pessoa.

Ele baixou a cabeça. "Eu sei. Sinto muito."

"Sentes?" repeti, uma risada amarga escapou-me. "Tu deixaste-me para morrer num túnel para ires cuidar da crise de pânico da tua amiga. E dizes que sentes muito?"

            
            

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