Eu tinha tudo o que uma mulher podia desejar: um lar, um marido amoroso e a doce promessa de um filho, o nosso Leo.
Estávamos prestes a ser a família perfeita.
Mas, num piscar de olhos, tudo desabou.
Presa em casa, nas chamas de um incêndio devastador, eu ligava desesperadamente ao meu marido, Miguel.
O nosso bebé esperava nascer a qualquer momento.
Mas ele nunca atendeu.
Em vez disso, em meio ao fumo e à dor lancinante, dei à luz o nosso filho, Leo, já sem vida.
No hospital, com o cheiro a queimado ainda no cabelo, soube a verdade que me rasgou a alma.
Miguel não estava incontactável.
Ele estava a confortar a sua prima "frágil", Cláudia, que supostamente tinha um ataque de pânico.
A dor da perda foi eclipsada por uma raiva fria e uma sensação de traição indizível.
A minha sogra defendeu-o: "Ele estava ocupado. O que se foi, foi-se. A vida continua."
Mas a vida dele continuava, e a minha acabara.
A mensagem que ele me enviou enquanto Leo morria: "A Cláudia precisa de mim. Não me ligues."
Senti um vazio gélido.
Como podia o homem que jurei amar abandonar-me no meu momento mais sombrio?
Ele realmente não se importava, ou havia algo mais que eu não sabia?
Agarrei o meu telemóvel estilhaçado e, tremendo, digitei: "Miguel, quero o divórcio."
Agora, não havia volta.
Eu ia desvendar a verdade por trás da sua traição e reaver a minha vida, custasse o que custasse.