Minha irmã gêmea, Sofia, estava à beira da morte e eu, como a única compatível, doei-lhe meu rim, acreditando que salvava uma vida e fortalecia minha família.
Mas ao acordar da cirurgia, a ternura que meu marido, Lucas, dedicava à Sofia não era de compaixão, mas de um amor íntimo.
Ele a chamou de "querida", segurava sua mão e, sem um olhar para mim, disse: "Ela é minha prioridade. Eu sou o noivo da Sofia."
Meu mundo desabou. Meu marido e minha irmã, a quem eu acabara de dar uma parte de mim, haviam me traído.
Meus pais, cúmplices da farsa, me acusaram de egoísmo e me disseram para me alegrar por Sofia.
Ele me forçou a assinar o divórcio, sem nada, ameaçando meu pai. Minha mãe me chamou de ingrata por sequer pensar em vingança.
Deitada sozinha no hospital, com uma cicatriz visível no corpo e uma invisível na alma, pensei:
Como puderam fazer isso? Eles me usaram!
Agora, sem dinheiro, sem família e sem um rim, só me restava uma opção: reconstruir minha vida do zero e provar que não sou a "doadora de órgãos de reserva" deles.
Esta não era a história de uma vítima, mas de uma mulher que, mesmo despedaçada, lutaria para se reerguer.