Acordei num quarto de hospital, com a barriga vazia e o eco das palavras do médico: o meu bebé tinha morrido de asfixia.
Tinha sangrado incontrolavelmente; cada minuto era uma luta pela vida.
Liguei ao meu marido, Pedro, esperando algum conforto.
Em vez disso, a sua voz foi de irritação: "O que foi agora, Lia? Estou ocupado!"
Ao fundo, ouvi a voz da minha cunhada, Sofia: o Bolinha, o cão dela, não queria comer.
Pedro priorizou o cão da irmã, enquanto eu, sua esposa, perdia o nosso filho.
Ele desligou-me o telefone na cara, depois de me acusar de egoísmo por não ter compaixão pelo animal, enquanto o nosso filho jazia sem vida.
Como pude casar com alguém assim?
Como pude dedicar a minha vida a um homem que abandonou a própria família na hora mais sombria?
Ele bloqueou-me, depois trocou as fechaduras da nossa casa, jogando as minhas coisas "para a caridade" e instalando lá a irmã e o cão.
Mas o que eles não sabiam é que, ao empurrarem-me para o abismo, não me destruíram.
Apenas me deram a força para revidar e fazê-los pagar por cada lágrima.