Cheguei ao hospital central sem fôlego.
A minha mãe estava à porta do quarto, o seu rosto pálido e cansado.
"Mãe, como está o avô?"
Ela abanou a cabeça, os seus olhos cheios de lágrimas.
"O médico disse... para nos prepararmos para o pior."
O meu mundo desabou. Entrei no quarto.
O meu avô estava deitado na cama, pálido, com um tubo de oxigénio no nariz. Ele parecia tão frágil.
Ele abriu os olhos lentamente quando me ouviu.
"Lia... minha querida..."
A sua voz era um sussurro fraco. Segurei a sua mão. Estava fria.
"Avô, estou aqui. Vai ficar tudo bem."
Ele sorriu, um sorriso triste.
"Eu sei que não vai... Onde está o Pedro? Ele não veio contigo?"
Senti um nó na garganta.
"Ele... ele está ocupado. A irmã dele está no hospital."
O meu avô suspirou.
"Essa família... eles nunca te trataram bem, pois não?"
As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Não consegui responder.
Ele apertou a minha mão com a pouca força que lhe restava.
"Lia, promete-me... sê feliz. Deixa esse homem. Tu mereces mais."
"Avô, não diga isso..."
"Promete-me."
Solucei.
"Eu prometo, avô. Eu prometo."
Ele fechou os olhos, um último suspiro a escapar dos seus lábios.
O monitor cardíaco apitou, uma linha reta e contínua.
O meu avô tinha-se ido.
O meu coração partiu-se em mil pedaços. A minha mãe abraçou-me enquanto eu chorava incontrolavelmente. A única pessoa que sempre me amou incondicionalmente tinha-me deixado.