Do Adeus à Coroa: A Jornada de Sofia
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Capítulo 2

A acusação era tão absurda que Sofia quase se riu.

"O teu Diogo?"

repetiu ela, com uma calma que enfureceu ainda mais Carolina.

"Eu sou Sofia Almeida Monteiro. A esposa dele."

Uma das amigas de Carolina bufou.

"Esposa? Uma esposa que ele não ama. Uma esposa que ele deixa sozinha enquanto vem ter comigo. Ele ama-me a mim!"

Carolina deu um passo em frente, invadindo o espaço pessoal de Sofia.

"Se não fosses tu, ele já se teria divorciado. Estás a agarrar-te a ele por causa do dinheiro da família dele, não é, sua vadia interesseira?"

Sofia recuou um passo, não por medo, mas por puro nojo. A situação era surreal. A amante do seu marido estava à sua porta, a acusá-la de ser a outra mulher.

"Saiam da minha casa."

disse Sofia, a sua voz baixa e perigosa. Ela pegou no telemóvel para ligar para a segurança do prédio.

Carolina foi mais rápida. Arrancou-lhe o telemóvel da mão e atirou-o ao chão, onde o ecrã se estilhaçou.

"Ligar para quem? Ninguém te vai ajudar. O Diogo disse-me que não se importa contigo. Disse que és fria e aborrecida. Um pedaço de gelo."

As amigas de Carolina riram-se, um som agudo e maldoso. Elas entraram no apartamento, empurrando Sofia para o lado.

"Vamos dar uma lição a esta cabra."

disse uma delas.

Sofia tropeçou e caiu no chão de mármore polido. A dor no seu quadril foi aguda.

"O que é que vocês pensam que estão a fazer?"

gritou ela, tentando levantar-se.

Mas elas eram demasiadas. Duas delas seguraram-na pelos braços enquanto Carolina se agachava à sua frente, um sorriso triunfante no rosto.

"Vês? Ninguém te quer. És a esposa, mas és tu que estás a ser tratada como lixo. Porque ele ama-me a mim."

Carolina agarrou no cabelo de Sofia e puxou-lhe a cabeça para trás com força.

"Ele compra-me presentes. Leva-me a viajar. Diz-me que sou a sua musa."

Cada palavra era uma bofetada. Sofia olhava para o rosto de Carolina, um rosto jovem e bonito, mas distorcido pela arrogância e pela crueldade. E viu algo mais. Viu que Carolina estava a tentar imitar o seu próprio estilo de quando era mais nova, a forma como usava o cabelo, a maquilhagem, até a forma como falava.

Era patético. E doloroso.

"Ele comprou-me este colar."

disse Carolina, apontando para a joia que brilhava no seu pescoço.

"Custou uma fortuna. O que é que ele te comprou ultimamente, Sofia? Além de solidão?"

Uma das amigas deu um pontapé nas costas de Sofia. Outra cuspiu-lhe no chão, perto do seu rosto.

A humilhação era pior do que a dor física. Ser atacada na sua própria casa, pela amante do seu marido, que agia como se fosse a vítima.

"Parem!"

Uma voz masculina, fria e autoritária, cortou o ar.

Todas se viraram. Diogo estava parado à porta, a sua expressão indecifrável. Tinha a chave do apartamento.

Carolina soltou imediatamente o cabelo de Sofia e correu para ele, os seus olhos cheios de lágrimas de crocodilo.

"Diogo! Ainda bem que chegaste! Esta mulher... ela atacou-me! Ela disse coisas horríveis sobre nós!"

Diogo olhou para Carolina, depois para Sofia, ainda no chão, com o cabelo desgrenhado e a roupa amarrotada. Havia um silêncio tenso.

Sofia esperava que ele as expulsasse. Esperava que ele a defendesse. Afinal, ela era a sua esposa. Aquela era a sua casa.

Mas o que ele fez a seguir quebrou a última réstia de esperança que ela tinha.

Ele estendeu a mão e ajudou Carolina a levantar-se. Ignorou completamente Sofia.

"Está tudo bem, Carolina. Acalma-te."

disse ele, a sua voz suave de uma forma que Sofia nunca a tinha ouvido.

Sofia olhou para ele, incrédula.

"Diogo?"

A sua voz era um sussurro.

Ele finalmente olhou para ela, mas o seu olhar era frio, irritado.

"Sofia, o que é isto? Já não tens idade para estas cenas. Levanta-te e para de fazer um espetáculo."

O mundo de Sofia desabou.

Ele não a estava a defender. Ele estava a defender a amante dele. Na frente dela. Na casa dela.

Ele estava a escolher Carolina.

            
            

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