Sofia não se afastou. Ela deixou-o beijá-la, o seu corpo passivo, a sua mente a milhas de distância.
No meio do beijo, o telemóvel de Diogo tocou. Ele afastou-se para olhar para o ecrã.
Era Carolina.
Ele atendeu.
"Sim, Carolina... Acalma-te... Não, claro que não... Sim, vou já para aí."
Ele desligou e olhou para Sofia, sem qualquer sinal de desculpa no rosto.
"Tenho de ir. Um problema urgente."
Sofia apenas assentiu.
"Claro."
Ele vestiu o casaco e saiu, deixando-a sozinha na sala silenciosa.
A porta fechou-se atrás dele. Sofia ficou imóvel por um longo momento. Depois, pegou no seu próprio telemóvel. Abriu a mensagem de Tiago que tinha ignorado.
"Ainda em Lisboa?"
escreveu ela.
A resposta foi quase imediata.
"Sempre. Para ti."
"Onde estás?"
Ele enviou-lhe a morada do bar em Alfama.
"Vem ter ao meu apartamento no Chiado. A porta está aberta."
enviou ela, e depois acrescentou a morada.
Ela não esperou por uma resposta. Foi até ao seu bar pessoal e serviu-se de um copo de Vinho do Porto velho, um dos melhores da sua família. Bebeu-o lentamente, saboreando a doçura e a complexidade. Era uma despedida do seu antigo eu, da mulher que aguentava em silêncio.
Cerca de uma hora depois, ouviu a porta da frente abrir-se e fechar-se suavemente. Passos leves no corredor.
Tiago apareceu à porta do quarto. Ele não parecia um barman agora. Usava calças de ganga escuras e uma simples t-shirt preta que realçava a sua figura. O seu olhar percorreu o quarto luxuoso e depois pousou nela.
"Isto é muito mais chique do que o meu lugar."
disse ele, o seu sorriso habitual a brincar nos seus lábios.
Sofia não sorriu. Ela pousou o copo.
"Tira a roupa."
A ordem foi direta, sem emoção.
Tiago ergueu uma sobrancelha, mas o sorriso não desapareceu. Ele tirou a t-shirt lentamente, revelando um peito liso e musculado.
"Mandona. Gosto disso."
Ele aproximou-se dela, o seu corpo jovem e quente a irradiar energia. Ele inclinou-se para a beijar, mas Sofia virou o rosto.
"Isto não é sobre romance. É uma transação. Eu pago, tu ficas."
Ela abriu a gaveta da sua mesa de cabeceira e tirou o maço de notas que tinha preparado. O mesmo que tinha deixado no hotel, mas com mais dinheiro. Atirou-o para cima da cama.
Tiago olhou para o dinheiro e depois para ela. O sorriso desapareceu, substituído por uma expressão curiosa.
"Estás a tentar magoar alguém, não estás?"
perguntou ele, a sua voz suave.
"Isso não te diz respeito."
"Tudo bem."
disse ele, dando de ombros.
"Mas se vamos fazer isto, vamos fazer à minha maneira."
Antes que ela pudesse reagir, ele pegou-a ao colo e levou-a para a cama. As suas ações não foram rudes, mas firmes e cheias de uma confiança que a surpreendeu.
Naquela noite, Sofia não pensou em Diogo. Não pensou em Carolina. Não pensou em nada. Pela primeira vez em muito tempo, ela apenas sentiu.