Traída, Humilhada, Libertada: O Recomeço
img img Traída, Humilhada, Libertada: O Recomeço img Capítulo 2
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Capítulo 2

Ricardo voltou para casa no dia seguinte, tentando agir como se nada tivesse acontecido.

Ele trazia flores, o tipo favorito de Maria Antônia, e um sorriso forçado no rosto.

"Querida, eu sei que as coisas andam tensas," ele começou, tentando abraçá-la.

Ela se esquivou sutilmente, mantendo uma distância segura.

"Estou cansada, Ricardo."

Ele não desistiu.

"Eu trouxe uma coisa para você. Algo que você queria há muito tempo."

Ele estendeu uma caixa de uma joalheria famosa.

Dentro, estava o colar de diamantes que ela havia admirado em uma vitrine meses atrás.

Em outra época, seu coração teria acelerado.

Agora, ela sentia apenas um vazio gelado.

O gesto parecia uma tentativa desesperada de comprar seu silêncio, seu perdão.

Ela aceitou a caixa com um aceno de cabeça.

"Obrigada. É lindo."

Ela colocou a caixa de lado, sem sequer experimentar a joia.

"Eu também tenho um presente para você," ela disse, a voz monótona.

O rosto de Ricardo se iluminou.

"Sério? O que é?"

"Você só poderá abri-lo daqui a uma semana. No dia exato em que assinamos nosso acordo pré-nupcial, lembra?"

Ele franziu a testa, confuso com a condição, mas concordou, ansioso.

"Claro, meu amor. O que você quiser."

O presente era um envelope pardo, lacrado. Dentro, os papéis do divórcio.

No dia seguinte, um sábado, Ricardo insistiu que eles precisavam sair, "para espairecer".

Ele a levou para um passeio de barco, um de seus programas favoritos no início do namoro.

Ele falava sem parar, apontando para a paisagem, contando piadas sem graça, tentando arrancar um sorriso dela.

Maria Antônia permaneceu em silêncio na maior parte do tempo, o olhar perdido no horizonte.

O som do celular de Ricardo tocando quebrou a farsa de normalidade.

Ela viu o nome "Leo" brilhar na tela.

Ricardo olhou para o celular e depois para ela, o pânico estampado em seus olhos.

Ele rejeitou a chamada apressadamente.

"Quem era?" ela perguntou, embora já soubesse a resposta.

"Número desconhecido. Vendedores. Você sabe como é."

O celular tocou novamente.

E de novo.

E de novo.

A insistência era enlouquecedora.

Ricardo, suando frio, desligou o celular.

"Droga de telemarketing!" ele praguejou, a voz um pouco alta demais.

Maria Antônia o observou. Ele não havia bloqueado o número. Apenas rejeitado as chamadas e, por fim, desligado o aparelho.

Ele não queria cortar o contato. Ele só não queria que ela visse.

"Ricardo," ela disse, a voz calma, mas firme. "Ele não vai te deixar em paz, não é?"

"Do que você está falando?" ele tentou se fazer de desentendido, mas seu corpo o traía. As mãos tremiam levemente, e ele não conseguia sustentar o olhar dela.

"Eu não sou idiota."

A tensão no barco era quase insuportável.

Ele estava prestes a responder quando o motor do barco engasgou e morreu.

Eles estavam à deriva.

Ricardo, aliviado por ter uma distração, foi até a casa de máquinas para verificar o problema.

Enquanto ele estava ocupado, Maria Antônia viu outro barco se aproximando em alta velocidade.

Era Leo.

Ele parecia descontrolado, manobrando a lancha de forma perigosa.

Ele estava vindo diretamente na direção deles.

"RICARDO!" ela gritou.

Ricardo saiu da casa de máquinas, os olhos arregalados de terror ao ver a lancha de Leo vindo como um míssil.

Não havia tempo para desviar.

O impacto foi brutal.

Maria Antônia foi arremessada contra a lateral do barco, sua cabeça batendo com força na amurada de metal.

A dor foi aguda, seguida por uma escuridão que a engoliu.

A última coisa que ela ouviu antes de perder a consciência foi o som de madeira se partindo e o grito desesperado de Leo.

Quando ela abriu os olhos, sua visão estava turva.

Havia água por toda parte. O barco deles estava afundando.

Ela sentiu uma dor lancinante no braço e viu um corte profundo jorrando sangue.

Ricardo estava de pé, aparentemente ileso, olhando freneticamente ao redor.

"Ricardo..." ela chamou, a voz fraca. "Me ajuda..."

Ele se virou para ela, o rosto uma máscara de pânico.

Mas então, seu olhar se desviou para o outro barco, onde Leo se debatia na água, gritando.

"Ricardo, me salve! Eu não sei nadar!"

O grito de Leo era histérico, desesperado.

Maria Antônia viu a hesitação no rosto do marido.

Um momento de escolha.

Ela, sua esposa, sangrando e ferida.

Ou ele, o artista obsessivo que havia acabado de causar o acidente.

"Ricardo, por favor, meu braço..." ela implorou.

Mas Ricardo já tinha tomado sua decisão.

Ele se virou de costas para ela e, sem uma segunda olhada, mergulhou na água em direção a Leo.

Ele o alcançou, o envolveu em seus braços e começou a nadar em direção à costa, deixando Maria Antônia para trás no barco que afundava.

Naquele instante, a dor do corte em seu braço não era nada comparada à dor que rasgou seu coração.

Não era apenas traição.

Era abandono.

Era a prova final e irrefutável de que, na lista de prioridades de Ricardo, ela não estava mais no topo.

A água fria subia ao seu redor, e a escuridão ameaçava tomá-la novamente.

Mas uma nova força, nascida da mais pura raiva e do mais profundo desprezo, a manteve consciente.

Ela não ia morrer ali.

Ela não ia dar a eles essa satisfação.

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