Sete anos.
Sete anos da minha vida.
Eu era o seu sol na escuridão, a mulher que o tirou do abismo da doença e o ajudou a reconstruir um império.
Nós estávamos no carro, os beijos dele quentes, as mãos explorando o meu corpo.
Mas então, o telemóvel dele tocou.
Ele atendeu, e a voz do seu melhor amigo, Lucas, invadiu o carro, revelando um segredo que me despedaçou: "Porque é que vais casar secretamente com a Nicole?"
Casar? Com a Nicole? A mulher que o tinha abandonado quando ele mais precisava?
Ouvi cada palavra em francês, uma língua que aprendi para me aproximar dele.
Ele planeava proteger Nicole, a família dela estava à beira da falência, mas a custo da minha sanidade.
Ele ia arranjar uma certidão de casamento falsa para mim, uma mentira para me manter quieta.
Fingiu uma emergência na empresa e abandonou-me na berma da estrada, envolta no frio cortante da desilusão.
As memórias inundaram-me: a minha mãe cozinheira na propriedade dele, o meu amor ingénuo pelo herdeiro Hugo; a sua doença, a cegueira e a perda do olfato após salvar Nicole.
Eu desisti de tudo para o salvar.
Viajei até ao coração da Amazónia, ajoelhei-me por três dias e três noites à porta de um neurocirurgião recluso para ele.
Eu trouxe-o de volta.
Ele tornou-se o rei da cachaça, e eu, a sua sombra, a sua namorada, a sua âncora.
Mas para a mãe dele, eu era apenas uma criada, indigna.
Agora, o seu desprezo era uma libertação, porque a minha decisão estava tomada.
Peguei no meu telemóvel, liguei para a mãe de Hugo e aceitei a oferta dela.
Cinquenta milhões de reais.
Eu ia desaparecer da vida de Hugo para sempre.
Mas antes de partir, eu tinha de o ver pagar.