Nova Aventura: Além Deste Mundo
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Capítulo 5

Depois da humilhação na festa de aniversário, eu me torno uma piada nacional. As imagens de eu sendo expulsa circulam por toda a internet. As pessoas me xingam, me amaldiçoam, até criam memes com fotos minhas e as sobrepõem em lápides. "Descanse em paz, dignidade."

Eu não saio mais da suíte do hotel. A doença está progredindo rapidamente. Passo a maior parte do tempo na cama, tossindo sangue e lutando para respirar. A contagem regressiva é a única coisa que me mantém sã. 10 dias.

Às vezes, na névoa da febre e da dor, eu tenho alucinações.

Eu vejo Ricardo ao meu lado, limpando minha testa com um pano frio. Sua expressão é de preocupação genuína. Ele segura minha mão e sussurra: "Me desculpe, Ana. Eu sinto muito."

A sensação é tão real, tão reconfortante. Uma parte de mim, a parte tola que ainda o ama, quer se afundar nessa ilusão.

Mas então uma crise de tosse me traz de volta à realidade. O quarto está vazio. Estou sozinha. Sempre estive sozinha.

A campainha da suíte toca, me assustando. Eu me arrasto para fora da cama e olho pelo olho mágico.

É Ricardo.

Meu primeiro instinto é não abrir. Mas a curiosidade me vence. O que mais ele poderia querer de mim?

Eu abro a porta. Ele está impecavelmente vestido, como sempre. Em suas mãos, ele segura um envelope grosso, branco e elegante.

"O que você quer?", pergunto, minha voz fraca.

"Eu vim entregar isso pessoalmente", ele diz, evitando meu olhar. Ele me estende o envelope.

É um convite de casamento. O dele e de Beatriz.

A ironia é tão cruel que eu quase rio. Ele me humilha publicamente, corta todos os laços e depois vem me convidar para o seu casamento?

"Eu... eu queria explicar", ele começa, parecendo desconfortável. "A coletiva de imprensa... foi ideia da mãe da Beatriz. Eu não queria..."

"Não importa, Ricardo", eu o interrompo. Eu pego o convite. A data do casamento é em uma semana. "Parabéns."

Eu tento fechar a porta, mas ele a segura.

"Ana Lúcia, você não parece bem. Você está pálida."

"Estou ótima", minto, forçando um sorriso. "Apenas animada com o seu casamento."

Finalmente, ele desiste e vai embora. Eu fecho a porta e me encosto nela, o convite de casamento em minhas mãos. O papel caro parece queimar meus dedos.

Uma onda de náusea me atinge. Corro para o banheiro e vomito na pia. É quase todo sangue.

A contagem regressiva na minha visão brilha. 07:00:00:00.

Uma semana. A mesma semana do casamento deles.

Nos dias seguintes, a cidade é inundada com a imagem deles. Outdoors gigantes com suas fotos de noivado. Anúncios de TV sobre o "casamento do século". É impossível escapar.

Faltam três dias. A dor no meu peito é constante. Eu sei que não tenho muito tempo.

Decido que não vou morrer trancada neste quarto. Se estes são meus últimos dias, vou vivê-los.

Eu me maquio cuidadosamente, escondendo a palidez da minha pele e as olheiras sob meus olhos. Coloco meu vestido mais chamativo e contrato dois seguranças enormes para me acompanhar.

Eu volto para o mesmo clube exclusivo onde encontrei Ricardo e Pedro. O lugar está lotado. E, como se o destino gostasse de piadas cruéis, eles estão lá novamente. Ricardo, Beatriz e Pedro, sentados em um camarote VIP.

Eles me veem no momento em que eu entro. Beatriz sussurra algo no ouvido de Ricardo, e ele franze a testa.

Eu os ignoro. Peço uma garrafa do champanhe mais caro e me sento em uma mesa bem no centro da pista de dança.

Depois de um tempo, sinto uma presença ao meu lado. É Ricardo. Sozinho desta vez.

"O que você está fazendo aqui?", ele pergunta, sua voz baixa e tensa.

"Celebrando", digo, levantando minha taça. "Um brinde ao feliz casal."

"Ana Lúcia, pare com isso. As pessoas estão olhando."

"Que olhem", digo. "Eu não me importo mais com o que as pessoas pensam."

Pedro se aproxima, segurando a mão de Beatriz. Ele me olha com uma mistura de raiva e confusão.

"Por que você não nos deixa em paz?", ele pergunta.

Eu olho para ele, o menino que um dia foi meu mundo, e depois para Ricardo e Beatriz.

"Não se preocupem", digo, minha voz soando surpreendentemente forte. "Depois do casamento de vocês, eu prometo... vocês nunca mais vão me ver."

Eu me levanto, deixando a taça de champanhe intocada na mesa.

"Aproveitem a noite. E felicidades no casamento, Ricardo. E para você também, irmã."

Eu me viro e saio do clube, com meus seguranças abrindo caminho. Não olho para trás.

A contagem regressiva pisca. 02:15:30:10.

A promessa que fiz a eles era a mais pura verdade.

                         

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