A Arquiteta Ignorada e Sua Ascensão
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Capítulo 2

Laura marchou diretamente para o escritório do Sr. Mendes, a raiva pulsando em suas veias como um tambor de guerra. Ela não bateu, apenas abriu a porta e entrou.

Ele estava sentado atrás de sua grande mesa de mogno, e nem sequer levantou o olhar do papel que fingia ler. A reunião tinha sido encerrada abruptamente após a saída dela.

"Laura. Que surpresa desagradável", ele disse, com a voz carregada de sarcasmo.

"Eu quero uma explicação", a voz de Laura saiu firme, sem nenhum traço de hesitação. "Três anos. Eu dei tudo de mim para esta empresa. O projeto 'Jardins do Amanhã' foi ideia minha, desenvolvido por mim, liderado por mim. Como o senhor ousa me fazer isso?"

O Sr. Mendes finalmente levantou a cabeça, e seu olhar era de puro desdém.

"Fazer o quê, exatamente? Eu sou o dono desta empresa. Eu decido quem é promovido. Sofia é minha filha, ela tem o meu sangue. Isso é mais importante do que qualquer projeto."

A desfaçatez dele era inacreditável.

"Então o mérito não vale nada aqui? Competência, resultados, lealdade... nada disso importa?"

Ele riu, uma risada curta e cruel.

"Você é ingênua, Laura. O mundo dos negócios é sobre poder e família. Você é apenas uma funcionária. E a propósito, sua nova função será como assistente da Sofia. Ela vai precisar de alguém que conheça os projetos para... ajudá-la na transição."

Aquilo foi a gota d'água. Rebaixada a assistente da garota que roubou seu lugar. A humilhação era profunda, calculada para quebrá-la.

"Eu não vou fazer isso", ela disse, a voz baixa e perigosa.

O Sr. Mendes se levantou, apoiando as mãos na mesa e se inclinando para a frente. Sua expressão se tornou ameaçadora.

"Escute aqui, garota. Na minha empresa, as regras são minhas. Ou você trabalha, ou você sai. Não há outra opção. Se você acha que pode sair daqui e arrumar algo melhor, boa sorte. Eu farei questão de que nenhuma construtora decente nesta cidade te contrate. Eu vou destruir sua carreira."

A ameaça pairou no ar, pesada e venenosa. Mas em vez de medo, Laura sentiu uma clareza gelada. Ela não podia mais trabalhar para um homem como aquele.

Ela pegou o crachá da empresa que estava pendurado em seu pescoço, o plástico com seu nome e foto, e o jogou com força sobre a mesa dele. O som do plástico batendo na madeira ecoou na sala silenciosa.

"Então eu saio."

Ela se virou, sem olhar para trás.

"Você vai se arrepender disso!", ele gritou às suas costas.

Laura apenas sorriu com desprezo, sem se virar. "Veremos quem vai se arrepender, Sr. Mendes."

Ela caminhou para fora do escritório, passando pela sua antiga mesa sob os olhares chocados de seus colegas. Pegou sua bolsa e seus pertences pessoais, ignorando os chamados e as perguntas.

Ao sair do prédio, o ar frio da rua pareceu libertador. Ela respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções. A primeira coisa que fez foi pegar o celular para ligar para Pedro. Ela precisava do apoio dele, precisava ouvir sua voz, desabafar sobre a injustiça terrível que acabara de sofrer.

O telefone chamou uma, duas, três vezes. Caixa postal.

Estranho. Ele sabia da reunião, deveria estar esperando sua ligação.

Ela mandou uma mensagem.

"Me liga urgente. Aconteceu o pior."

Ela esperou. Cinco minutos. Dez minutos. A pequena caixa de texto permaneceu ali, solitária, sem resposta. Uma ansiedade ruim começou a se formar no fundo do seu estômago, uma sensação pior do que a da demissão.

Ela tentou ligar de novo. E de novo. Nada.

Ela ficou parada na calçada por quase uma hora, olhando para a tela do celular, a esperança se esvaindo a cada minuto que passava. O silêncio de Pedro era mais ensurdecedor do que os gritos do Sr. Mendes.

Finalmente, uma notificação. Não era uma ligação, mas uma única, curta mensagem de texto.

O coração de Laura gelou antes mesmo de abrir.

A mensagem dizia:

"Laura, acho melhor a gente terminar. Nossos caminhos são diferentes agora. Adeus."

Laura olhou para a mensagem, incrédula. Foi como levar um soco no estômago. Sem explicação, sem uma conversa, sem nem mesmo a decência de uma ligação. Apenas um texto frio e covarde.

Ela tentou ligar para ele imediatamente, mas a chamada foi direto para a caixa postal. Ele a havia bloqueado.

Em poucas horas, ela havia perdido a promoção, o emprego e o namorado. A traição era dupla, um golpe vindo de duas frentes diferentes, deixando-a completamente desnorteada e sozinha no meio da calçada.

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