Renascida para Vingar-se
img img Renascida para Vingar-se img Capítulo 2 O Câncer e o Abandono
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Capítulo 6 Segunda Chance img
Capítulo 7 Mudando o Destino img
Capítulo 8 Reencontro com o Futuro Traidor img
Capítulo 9 Jogadas no Trabalho img
Capítulo 10 O Conselho e a Virada img
Capítulo 11 A Derrocada de Barbara (Parte 1) img
Capítulo 12 Inimigos em Silêncio img
Capítulo 13 Primeiras Fissuras img
Capítulo 14 Convite para o Topo img
Capítulo 15 Promoções e Armadilhas img
Capítulo 16 Ataque pelas Sombras img
Capítulo 17 A Queda Começa img
Capítulo 18 O Preço da Liberdade img
Capítulo 19 Vozes do Passado img
Capítulo 20 A Escolha Final img
Capítulo 21 Desafios no Comando img
Capítulo 22 Conflitos e Alianças img
Capítulo 23 Novos Desafios, Novas Forças img
Capítulo 24 Entre Dois Mundos img
Capítulo 25 Escolher é Renunciar img
Capítulo 26 Primeiros Voos img
Capítulo 27 Testes de Fogo img
Capítulo 28 A Visita img
Capítulo 29 Onde tudo começa img
Capítulo 30 Palestras em Cingapura O Inimigo Invisível img
Capítulo 31 Raízes e Asas Horizonte Infinito img
Capítulo 32 Chamas e Conexões img
Capítulo 33 Dias de Prazer img
Capítulo 34 A Outra Versão de Si Mesma Juntos, Selvagens e Livres img
Capítulo 35 O Amor Também é Escolha Sinais de Tempestade img
Capítulo 36 Confiança Sob Pressão img
Capítulo 37 Amar no Olho do Furacão Recomeçar Também é Poder img
Capítulo 38 Convite Inesperado A Proposta img
Capítulo 39 Encontro com o Poder Cicatrizes Abertas, Feridas Curadas img
Capítulo 40 A Casa que Nos Escolheu img
Capítulo 41 O Projeto Mais Bonito img
Capítulo 42 Vozes no Silencio img
Capítulo 43 O Nome das Coisas img
Capítulo 44 Primeiras Camadas img
Capítulo 45 Entre o Antes e o Depois img
Capítulo 46 Festa da Aurora img
Capítulo 47 Heranças Invisíveis img
Capítulo 48 Quando Começa a Doer img
Capítulo 49 O Dia em que Lia Quase Nasceu img
Capítulo 50 A Ultima Lua Cheia img
Capítulo 51 As Horas Silenciosas img
Capítulo 52 Quando o Mundo Parou img
Capítulo 53 A Primeira Noite img
Capítulo 54 A Primeira Visita img
Capítulo 55 As Pequenas Primeiras Vezes img
Capítulo 56 Alguém do Passado img
Capítulo 57 Entre Noites e Promessas img
Capítulo 58 Entre Leite e Poesia img
Capítulo 59 Pressão e Proteção img
Capítulo 60 Batismo de Amor img
Capítulo 61 Primeiros Medos img
Capítulo 62 Quando ela Sorriu para o Pai img
Capítulo 63 Silencios que Dizem Tudo img
Capítulo 64 Visita e Velhos Fantasmas img
Capítulo 65 Uma Carta do Passado img
Capítulo 66 Primeiros Sons img
Capítulo 67 De Volta ao Mundo img
Capítulo 68 Fome de Nós img
Capítulo 69 O Primeiro Corte de Cabelo img
Capítulo 70 Um Convite Irrecusável img
Capítulo 71 O Primeiro Passo Fora img
Capítulo 72 Noite em Claro img
Capítulo 73 Horizonte Claro img
Capítulo 74 Tudo o que Ficou img
Capítulo 75 Epílogo - Florescer img
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Capítulo 2 O Câncer e o Abandono

Capítulo 2 – O Câncer e o Abandono

Os corredores do hospital tinham aquele cheiro gelado de limpeza que grudava na pele como um lembrete constante de que ali se tratava mais de sobrevivência do que de cura.

Júlia caminhava devagar, apoiando-se na parede como se seus ossos estivessem prestes a se desmanchar.

Era a terceira sessão de quimioterapia.

E, mais uma vez, ela estava sozinha.

Rodrigo dissera que "tentaria ir", mas como nas vezes anteriores, não apareceu. Nem ao menos mandou mensagem. Bárbara, por sua vez, simplesmente sumira.

Desde que Júlia confessara seu diagnóstico com voz embargada, a "melhor amiga" se tornara cada vez mais difícil de encontrar sempre "ocupada", sempre "correndo com o trabalho".

Sentada na poltrona fria da sala de aplicação, Júlia sentia o soro pingar lentamente no cateter enfiado em seu braço. O líquido gelado queimava, mas o que doía mesmo era o vazio.

Ela olhou para o lado. Uma senhora de cabelos grisalhos cochilava, com uma filha segurando sua mão. Na poltrona seguinte, um adolescente ouvia música com os olhos fechados, e o pai acariciava seus cabelos curtos.

Todos tinham alguém. Todos, menos ela.

Fechou os olhos, lutando contra as lágrimas. Ela não chorava pela dor física, nem pela náusea constante, nem pelos enjoos que a deixavam deitada por horas. Chorava pela ausência.

Pela indiferença. Pela certeza de que, se morresse ali, naquele momento, Rodrigo não sentiria falta.

Bárbara talvez soltasse uma lágrima falsa em algum velório abafado, e no dia seguinte tomaria café da manhã com ele, rindo da nova liberdade.

Foi ali, naquela poltrona de hospital, com o corpo enfraquecido e a alma em ruínas, que Júlia começou a se perguntar o que fizera para merecer tudo aquilo. Sempre fora leal. Sempre colocara os outros em primeiro lugar. Sempre cedeu. Sempre perdoou.

Mas o mundo não recompensava a bondade. Recompensava os espertos. Os frios. Os que sabiam jogar.

- Você está se sentindo bem? - perguntou uma enfermeira gentil, aproximando-se com um sorriso preocupado.

- Estou - mentiu ela, devolvendo um sorriso frágil.

No caminho de volta para casa, o mundo parecia girar mais rápido do que suas forças podiam acompanhar. O metrô estava lotado, o sol pesava sobre sua cabeça raspada coberta apenas por um lenço azul, e cada passo doía.

Ao entrar no apartamento, sentiu de imediato o perfume amadeirado de Rodrigo misturado ao mesmo doce que sentira dias antes. Ela congelou.

Não estava sozinha.

Do corredor, escutou uma risada feminina abafada, seguida por um sussurro masculino.

O coração de Júlia batia devagar, pesado. Não precisava ver. Já sabia. Ele a trouxera para casa.

Ela caminhou até a porta do quarto, que estava entreaberta, e viu o suficiente.

Bárbara, deitada na cama que foi deles. Rodrigo por cima, os dois rindo como adolescentes apaixonados. E, por um instante, Júlia não sentiu raiva. Sentiu apenas... um silêncio absoluto dentro de si. Como se algo tivesse morrido ali. E talvez tivesse mesmo.

Ela se afastou sem fazer barulho. Trancou-se no banheiro, encarou o próprio reflexo por longos minutos. As olheiras, o lenço cobrindo os cabelos que já caíram, a pele pálida, os olhos fundos.

- Eu estou morrendo - sussurrou para o espelho. - E ninguém se importa.

Ali, sentada no chão frio do banheiro, Júlia tomou uma decisão. Não iria mais implorar por amor, nem por compaixão. Se a vida não lhe dava escolha... então ela faria as suas próprias regras.

Se o destino ousasse lhe dar outra chance, ela reescreveria cada passo.

Cada. Um. Deles.

            
            

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