"Senhores, meu nome é Maria Torres. A verdadeira Maria Torres."
Ela olhou para Patrícia, que se encolheu na cadeira.
"Há um boato circulando pela cidade. Dizem que a nova senhora Alcântara, que se diz ser eu, tem vergonha de sua própria caligrafia."
Um murmúrio percorreu a sala.
"Isso é ridículo", disse João. "Seguranças!"
"Não precisa de seguranças, João", disse Maria, com a voz calma e alta. "Vamos resolver isso de uma forma simples. Um teste público."
Ela se aproximou da mesa e pegou uma caneta e um papel.
"Eu desafio esta mulher", ela apontou para Patrícia, "a escrever o nome dela. Maria Eduarda Torres. Meu nome completo. E depois, eu escreverei. Deixemos que as pessoas decidam quem tem a caligrafia de alguém que cresceu no Brasil, educada por uma avó tradicional."
A sala ficou em silêncio.
Os investidores olhavam de Patrícia para Maria, curiosos.
Era um desafio direto, impossível de ignorar.
Patrícia ficou pálida como cera. Suas mãos tremiam.
"Isso é um absurdo! Não vou me prestar a esse circo!"
"Por que não?", insistiu Maria. "Está com medo?"
A pressão na sala era imensa.
Um dos investidores, um homem mais velho e respeitado, finalmente falou.
"Senhor Alcântara, talvez seja melhor acabar com isso de uma vez. É apenas uma assinatura."
João, vendo que não tinha saída, se virou para Patrícia e sussurrou.
"Faça. Escreva qualquer coisa. Apenas faça."
Tremendo, Patrícia pegou a caneta.
Sua mão pairou sobre o papel por um longo momento.
Finalmente, ela escreveu.
A caligrafia era infantil, desajeitada. As letras mal se conectavam. Parecia o trabalho de uma criança sendo alfabetizada.
Uma risada baixa soou no fundo da sala.
Patrícia jogou a caneta na mesa, o rosto vermelho de humilhação.
Maria então pegou a caneta.
Com movimentos fluidos e elegantes, ela escreveu seu nome.
A caligrafia era perfeita. Cursiva, clássica, cada letra desenhada com uma precisão artística.
Ela colocou o papel no centro da mesa, ao lado do rabisco de Patrícia.
O contraste era devastador.
Ninguém precisava dizer nada. A verdade estava ali, escrita em tinta preta sobre papel branco.
"Essa farsa não prova nada!", gritou Patrícia, desesperada. "Ela pode ter treinado isso!"
Maria a encarou.
"Treinado? Isso é quem eu sou. Agora me diga, quem é você? De onde você veio? Como conheceu João e por que roubou minha identidade?"
Maria se aproximou dela, passo a passo.
"Você achou que poderia simplesmente aparecer e tomar o que é meu? Acha que o nome da minha família é uma fantasia que você pode usar?"
A prima de Maria, Vera, que a tinha seguido até ali, interveio.
"Essa mulher é uma fraude! Eu conheço minha prima desde que nascemos!"
Patrícia, em um acesso de fúria, se levantou e empurrou Vera com força.
Vera, pega de surpresa, tropeçou e caiu, batendo a cabeça na quina da mesa.
Um pequeno filete de sangue escorreu por sua testa.
"Vera!", gritou Maria, correndo para ajudar a prima.
A sala entrou em caos.
Maria se ajoelhou ao lado de Vera, o coração disparado de preocupação e raiva.
Ela olhou para Patrícia, que agora parecia assustada com o que tinha feito.
"Você é um monstro", disse Maria, a voz baixa e carregada de ódio. "Você não só é uma mentirosa e uma ladra, mas também é violenta."
Ela se levantou, encarando João e Patrícia, sem medo.
"Vocês dois vão pagar por isso. Por cada mentira, cada humilhação, e agora, por isso."
Ela apontou para a prima caída.
"Vocês acharam que podiam me apagar, me descartar. Mas eu não vou a lugar nenhum. Eu vou expor vocês dois para toda a cidade ver quem vocês realmente são."
O discurso de Maria silenciou a sala novamente. Sua dor e sua força eram palpáveis.
Patrícia, vendo a situação sair de seu controle, perdeu a cabeça completamente.
Ela avançou sobre Maria, as unhas prontas para atacar.
"Sua desgraçada! Eu vou acabar com você!"
Ela deu um tapa forte no rosto de Maria.
O som ecoou na sala silenciosa.
A bochecha de Maria ardeu, a marca vermelha dos dedos de Patrícia se formando instantaneamente.