Carlos Torres de Mendonça caminhou a passos largos até sua filha.
Ele a abraçou forte, ignorando todos os outros na sala.
"Minha filha, o que fizeram com você?", ele disse, a voz cheia de dor e fúria ao ver a marca vermelha em seu rosto e o estado de sua sobrinha.
Ele olhou para Vera, que era amparada por um de seus assessores.
"Chamem uma ambulância. Agora."
A ordem foi cumprida imediatamente.
Então, ele se virou.
Seu olhar varreu a sala, pousando em João e Patrícia com uma intensidade que fez os dois recuarem.
O silêncio era total. Ninguém ousava se mover.
A autoridade que emanava dele era esmagadora.
"Eu sou Carlos Torres de Mendonça", ele disse, embora todos já soubessem. "E essa", ele colocou um braço protetor ao redor de Maria, "é a minha única filha, Maria Eduarda."
Ele então fixou o olhar em Patrícia.
"E quem é você, senhora? Disseram-me que uma mulher tem usado o nome da minha filha nesta cidade."
Patrícia tremia da cabeça aos pés.
Ela tentou falar, mas nenhum som saiu.
O homem que ela fingia ser filha estava ali, na sua frente, desmascarando-a publicamente.
Carlos se virou para João. O desprezo em seu rosto era evidente.
"E você, rapaz. Você era o noivo da minha filha. Eu confiei a honra dela a você. E o que você fez? Você a humilhou. Você permitiu que ela fosse agredida. Você se associou a uma impostora para manchar o nome da minha família."
Cada palavra era como um golpe.
João tentou se defender.
"Senhor Deputado, eu... eu não sabia... eu fui enganado!"
Carlos riu, um som seco e sem alegria.
"Enganado? Um homem de negócios como você? Não me faça rir. Você viu uma oportunidade e a agarrou, sem se importar com quem você destruiria no caminho. Você é fraco e sem caráter."
Ele se aproximou de João, o rosto a centímetros do dele.
"Você ordenou que seus seguranças atacassem a minha filha?"
João engoliu em seco, incapaz de responder.
O silêncio dele era uma confissão.
Maria, sentindo-se segura pela primeira vez, finalmente falou.
Sua voz estava embargada, mas firme.
"Pai, ele se casou com ela. Ele me expulsou da empresa de eventos, me chamou de louca. E quando eu tentei provar quem eu era, ela me bateu. E ele não fez nada."
A revelação de que João era cúmplice ativo no casamento falso foi a gota d'água.
Carlos se afastou de João, o rosto uma máscara de nojo.
"Isso acaba aqui", ele declarou.
A ambulância chegou, e os paramédicos levaram Vera, que já estava sendo cuidada.
Patrícia, vendo seu mundo desmoronar, caiu de joelhos.
Ela se arrastou até Carlos.
"Senhor Deputado, por favor... me perdoe... eu não queria... eu só queria uma vida melhor..."
Ela chorava, um choro desesperado e patético.
"Eles me obrigaram! Foi o João! Foi tudo ideia dele!"
Ela tentava se salvar, jogando toda a culpa em seu cúmplice.
Carlos a olhou com frieza.
"Você vai explicar isso para a polícia. E depois para um juiz."