Quando o Destino é Reescrito
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Capítulo 3

A reunião na escola foi um desastre.

O diretor chamou os pais de Paula.

Tia Célia chegou como um furacão, com uma expressão de ultraje no rosto.

"Como vocês ousam acusar a minha filha?", ela gritou, antes mesmo de se sentar. "A minha Paula é uma santa! É essa sua filha, Ana Lúcia, que vive com inveja dela!"

Minha mãe tentou argumentar com calma, explicando o padrão de comportamento, as evidências.

Mas tia Célia não ouvia. Ela interrompia, distorcia os fatos.

"Inveja! É tudo inveja porque a minha Paula é mais bonita, mais inteligente, mais popular!", ela repetia sem parar.

O diretor, um homem fraco que claramente não queria problemas, tentou apaziguar a situação.

"Vamos todos nos acalmar. Crianças às vezes brigam..."

Foi então que a situação tomou um rumo ainda pior.

Paula, que estava esperando do lado de fora, foi chamada para a sala.

Ela entrou com os olhos vermelhos, fingindo chorar.

"A Ana Lúcia... ela me ameaçou," disse Paula com a voz trêmula. "Ela disse que se eu não parasse de ser a melhor da turma, ela ia fazer algo terrível comigo."

Eu fiquei em choque. Era uma mentira descarada, cruel.

Meus pais protestaram, mas a performance de Paula foi convincente.

E para piorar, ela apresentou "provas".

Um dia antes, ela tinha me pedido meu caderno de história emprestado.

Eu, na minha ingenuidade, emprestei.

Ela mostrou ao diretor uma página onde, com uma caligrafia que imitava a minha, estava escrito um bilhete ameaçador.

Era uma armadilha perfeita.

Eu fui acusada de bullying e ameaça.

Fui suspensa por uma semana.

A humilhação foi imensa.

Andar pelos corredores da escola para ir à diretoria, sabendo que todos pensavam que eu era a culpada, foi uma das piores experiências da minha vida.

Paula passou por mim com um sorriso vitorioso e sutil.

Ninguém viu, só eu.

Aquela semana em casa foi um tormento.

Eu me sentia injustiçada, impotente.

Meus pais estavam furiosos, mas não havia nada que pudessem fazer. A escola tinha tomado sua decisão.

"Nós vamos te tirar dessa escola," meu pai disse, sua voz firme. "Você não vai ficar em um lugar que permite que isso aconteça."

A ideia de mudar de escola me deu um pingo de esperança.

Um novo começo, longe de Paula.

Mas os problemas da nossa família estavam apenas começando.

Enquanto meus pais procuravam uma nova escola para mim, uma crise se instalou no trabalho do meu pai.

Ele trabalhava como gerente de produção em uma fábrica local, um cargo que ele conquistou com anos de trabalho duro e dedicação.

Ele estava sendo cotado para uma grande promoção, a diretoria da fábrica.

Era o sonho da vida dele.

Então, do nada, as coisas começaram a dar errado.

Um lote inteiro de produção saiu com defeito, causando um prejuízo enorme.

A culpa recaiu sobre o departamento do meu pai.

Ele investigou e descobriu que alguém havia sabotado as máquinas durante a noite.

Ele tinha suas suspeitas, mas não tinha provas concretas.

E foi nesse momento de crise que o pai de Paula, tio Roberto, que trabalhava na mesma fábrica em um cargo inferior, de repente começou a se destacar.

Ele apresentou um "plano de recuperação" milagroso.

Ele apontou "falhas" no sistema do meu pai que nunca existiram.

Ele usou a crise para se promover.

Uma semana depois, a notícia veio como um soco no estômago.

A promoção que deveria ser do meu pai foi dada ao tio Roberto.

De um dia para o outro, o pai da garota que estava destruindo minha vida na escola se tornou o chefe do meu pai.

A teia da família de Paula estava se fechando ao nosso redor, em todas as frentes.

E nós ainda não entendíamos a dimensão da maldade que estávamos enfrentando.

            
            

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