A Vingança Tem Muitas Faces: A Dela, A Minha
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Capítulo 4

Nos dias seguintes, Caio não voltou. A mansão era uma prisão silenciosa e luxuosa. As empregadas me traziam comida que eu não conseguia comer. As notícias eram um fluxo constante de Caio e Bruna, celebrando suas vitórias nos negócios, participando de galas, parecendo em tudo o casal feliz.

Eu não me importava. Havia apenas uma pessoa que eu precisava ver.

Saí da mansão e peguei um táxi para o hospital. O quarto do meu pai estava silencioso, cheio do bipe rítmico das máquinas. Ele jazia imóvel na cama, uma sombra do homem vibrante que um dia fora. O coma roubara sua força, deixando-o frágil e pálido.

Peguei sua mão. Estava fria.

"Pai", sussurrei, minha voz quebrando. "Sinto muito. É tudo culpa minha."

Lágrimas que eu pensei terem secado começaram a cair novamente. Pressionei minha testa contra sua mão, meus ombros tremendo com soluços silenciosos.

"Por favor, acorde, pai. Por favor."

De repente, o monitor cardíaco ao lado de sua cama soltou um grito longo e agudo. Uma linha reta.

Sua mão se contraiu na minha. Um lampejo de vida.

"Doutor!", gritei, saindo correndo do quarto. "Enfermeira! Socorro! Alguém, ajude!"

Uma enfermeira correu em minha direção, seu rosto pálido.

"É meu pai! Ele precisa de um médico!", gritei, agarrando seu braço.

"Sinto muito, Sra. Viana", disse ela, seus olhos cheios de pena. "Todos os especialistas seniores... foram realocados."

"Realocados? Para onde?"

Ela hesitou, olhando para o corredor. "O Sr. Esteves os tem de prontidão para outro paciente. Na ala VIP."

Meu sangue gelou. "Quem? Quem é o outro paciente?"

A enfermeira parecia desconfortável. "É... a Sra. Bruna Queiroz. Ela foi internada esta manhã por... por uma enxaqueca."

Uma enxaqueca. Eles estavam deixando meu pai morrer por uma enxaqueca.

Uma fúria primitiva que eu não sabia que possuía surgiu em mim. Eu corri. Corri pelos corredores brancos e imaculados, passando por funcionários assustados e visitantes preocupados, seguindo as placas para a ala VIP.

Eu invadi a suíte particular de Bruna. A cena lá dentro me paralisou.

Caio estava lá, sentado ao lado da cama de Bruna, descascando uma maçã para ela com um cuidado meticuloso. A sala estava cheia dos melhores neurocirurgiões e cardiologistas do país, todos parados, parecendo entediados e inúteis.

Bruna, parecendo perfeitamente saudável, estava reclamando. "Caio, minha cabeça ainda dói um pouco. Você tem certeza de que estes são os melhores médicos?"

"Estou aqui, pai!", gritei, ignorando-os, minha voz rouca de desespero. "Por favor, Dr. Chen, meu pai está morrendo! O coração dele parou!"

Caio ergueu os olhos, sua expressão endurecendo em uma de pura irritação. "Alana, o que você está fazendo aqui? Você está fazendo uma cena."

"Seu pai pode esperar", disse Bruna com um aceno displicente da mão. "Caio está cuidando de mim."

Virei-me para um dos especialistas, um homem que fora médico do meu pai por anos. "Dr. Lima, por favor! Você tem que ajudá-lo!"

O médico olhou para Caio, que fez um leve e quase imperceptível aceno negativo com a cabeça.

"Sinto muito, Sra. Viana", disse o Dr. Lima, evitando meus olhos. "Minha paciente agora é a Sra. Queiroz."

"Ela tem uma dor de cabeça!", gritei, meu controle finalmente se quebrando. "Meu pai está morrendo!"

Naquele momento, um jovem residente, com o rosto sombrio, apareceu na porta. Ele olhou para mim, depois para o chão.

"Sra. Viana", disse ele suavemente. "Sinto muito. Fizemos tudo o que podíamos. Seu pai... ele se foi."

O mundo inclinou. Os sons da sala desapareceram em um rugido surdo. Foi-se. A palavra ecoou no vazio súbito e cavernoso dentro de mim.

Tropecei para trás, minhas pernas se recusando a me segurar. Olhei para Caio, para seu rosto calmo e imperturbável enquanto ele continuava a descascar a maçã de Bruna. Ele sabia. Ele havia planejado isso. Ele havia assassinado meu pai.

Um amigo de Caio, que estava esperando do lado de fora, escolheu aquele momento para entrar. "Caio, cara, parabéns! As últimas ações da Viana Inovações acabaram de ser transferidas. Você é dono de tudo agora!" Ele deu um tapa nas costas de Caio, alheio à tragédia que acabara de acontecer.

Ele então me notou, caída no chão. "O que há com ela? Ela não sabe a sorte que tem? Você é um herói, Caio, cuidando da sua ex maluca e do pai moribundo dela."

Uma risada, amarga e quebrada, escapou dos meus lábios. Olhei para eles, minha visão embaçada. "Saiam da minha frente", eu disse, minha voz perigosamente baixa. "Preciso ir ver meu pai."

Caio finalmente olhou para mim, um lampejo de surpresa em seus olhos. "Ele... morreu?"

"Era isso que você queria?", disparei de volta, as palavras como ácido na minha língua.

Ele teve a decência de desviar o olhar. "Alana, eu cuidarei de você. Eu prometo."

"Eu não preciso que você cuide de mim", eu disse, me levantando. Saí da sala, deixando-o com seu prêmio e sua vítima.

Quando a porta se fechou, ouvi seu amigo murmurar: "Caramba, Caio. Você acha que vai conseguir domar essa aí? Ou é a Bruna que você realmente quer?"

Das sombras no final do corredor, vi um movimento rápido. A assistente pessoal de Bruna, observando toda a cena com uma expressão fria e calculista. Ela sabia de tudo.

            
            

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