Amor Colateral, Traição Cruel
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Capítulo 2

"O programa ainda tem vagas", disse Jonas ao telefone, sua voz uma âncora calma.

"E eles considerariam o Caio?", perguntei, a esperança uma coisa frágil em meu peito.

"Com o talento dele? Com certeza. Posso agilizar a inscrição."

"Ele vai?", Jonas perguntou gentilmente.

Respirei fundo. "Ele vai. Porque eu vou com ele. E nós não vamos voltar."

Houve uma pausa do outro lado da linha. "Alana... o Heitor..."

Eu podia ouvir a preocupação em sua voz. Ele me avisou sobre Heitor desde o início. Ele viu a possessividade que eu confundi com amor. Ele apontou a dinâmica doentia com Flávia, como Heitor a tratava menos como uma irmã e mais como uma obsessão.

Eu defendi Heitor, cega pelo que eu achava que era amor. Eu disse a Jonas que ele simplesmente não entendia.

"Vocês estão brigando?", Jonas perguntou, seu tom mudando para o de um irmão mais velho preocupado. "É só uma briguinha?"

"Nós não vamos nos casar, Jonas", eu disse, minha voz sem emoção.

Havia muito a explicar. A crueldade, a traição, os pedaços estilhaçados da minha vida. Era pesado demais para uma ligação.

"Ok", disse ele, sentindo minha fragilidade. "Ok, Alana. O que você precisar. Estou aqui. Eu te apoio."

O alívio foi tão imenso que quase me derrubou.

A papelada de imigração levaria tempo. Algumas semanas, disse Jonas. Enquanto isso, eu tinha que fazer meu papel. Tinha que voltar para a casa de Heitor e fingir que tudo estava bem, que eu tinha aprendido minha lição.

Naquela noite, uma mensagem de Heitor apareceu no meu celular. "Use o vestido prateado que mandei fazer para você. Vamos a um baile de caridade hoje à noite."

Era como se nada tivesse acontecido. Como se meu irmão não estivesse deitado em uma cama de hospital com as mãos quebradas por causa dele.

Fui até o closet, um espaço maior que meu primeiro apartamento, e cuidadosamente peguei o vestido prateado cintilante. Era lindo, um testamento de seu afeto outrora extravagante.

"Já tentando reconquistá-lo?"

Eu me virei. Flávia estava encostada no batente da porta, um sorriso de escárnio no rosto.

Não disse nada, virei as costas para ela e segurei o vestido contra mim. Ignorá-la era o único poder que me restava.

Seu sorriso desapareceu, substituído por um lampejo de raiva. "Não se atreva a me ignorar."

Antes que eu pudesse reagir, ela pegou a taça de vinho tinto de uma mesa próxima e deliberadamente derramou o líquido na frente do vestido prateado. O líquido escuro se espalhou pelo tecido delicado como uma flor grotesca.

Eu arquejei, meu estômago revirando. O vestido era uma peça exclusiva. Insubstituível. Heitor ficaria furioso.

"Que barulho foi esse?"

A voz de Heitor ecoou do corredor. Ele entrou, seus olhos examinando a cena.

A expressão de Flávia se transformou em um instante. Seu rosto se contraiu, lágrimas brotando em seus olhos enquanto ela olhava para a mão, agora vazia. "Ah, Alana, me desculpe! Você me assustou quando se virou, e eu esbarrei na sua mão... Eu não quis."

Abri a boca para me defender, para expor a mentira. "Ela fez de..."

"Chega!", a voz de Heitor foi cortante, me interrompendo. Seu olhar era gélido. "Apenas vá se trocar. Você está fazendo uma cena."

Ele se virou para Flávia, sua expressão suavizando instantaneamente. Ele gentilmente pegou o braço dela. "Está tudo bem, passarinho. Foi um acidente. Não chore."

Ele foi chamado por um telefonema então, mas antes de sair, ele me lançou um olhar de aviso. "Não cause mais problemas."

Eu fiquei ali, o vestido arruinado em minhas mãos, meu coração um peso de chumbo no peito. Olhei para Flávia, que havia abandonado a atuação agora que estávamos sozinhas.

"Por quê?", perguntei, minha voz mal um sussurro. "Eu já concordei com seus termos. Por que continuar fazendo isso?"

Um sorriso cruel brincou em seus lábios. "Porque é divertido. E porque eu quero ver você sofrer." Ela se inclinou, sua voz um sussurro venenoso. "Eu também estarei no baile hoje à noite. Heitor insistiu. Há uma surpresa especial planejada. Você não vai querer perder."

Eu não sabia o que ela queria dizer, mas uma sensação de pavor tomou conta de mim. Eu tinha que ter cuidado. Só precisava sobreviver mais algumas semanas.

No baile, eu estava no palco ao lado de Heitor, interpretando o papel da noiva perfeita. As luzes eram fortes, a multidão um mar de joias brilhantes e sorrisos falsos.

O leiloeiro, um homem com uma voz retumbante, anunciou um item especial e final. "E agora, por um prêmio verdadeiramente único, um que o dinheiro geralmente não pode comprar!"

Um holofote varreu a sala e então parou, banhando-me em sua luz branca e dura.

A tela enorme atrás do palco, que exibia imagens do trabalho da caridade, piscou. Meu próprio rosto apareceu, sorridente e sereno, sob as palavras: "Uma Noite com Alana Parker."

O sangue sumiu do meu rosto.

A sala ficou em silêncio por um instante, depois explodiu em murmúrios confusos.

Eu era o item do leilão.

            
            

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