Amor Colateral, Traição Cruel
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3
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Capítulo 3

"Isso deve ser algum tipo de engano", gaguejei no microfone, minha voz tremendo.

Flávia deu um passo à frente, pegando o microfone de meus dedos dormentes. Ela deu à multidão um sorriso charmoso e apologético. "Alana é só um pouco tímida."

Ela se virou para mim, seus olhos brilhando com malícia. "Não seja modesta, Alana. Foi sua ideia, lembra? Leiloar um jantar por uma causa tão boa."

Ela piscou, uma ameaça silenciosa e cruel. "Finja, ou então..."

Olhei para a multidão, meus olhos procurando por Heitor. Ele estava sentado em sua mesa, um olhar de aprovação no rosto. Mas ele não estava olhando para mim. Estava olhando para Flávia, um sorriso orgulhoso enfeitando seus lábios por sua rapidez de raciocínio e sua "generosidade".

A multidão, entendendo, explodiu em aplausos. Meu coração virou gelo.

"Vamos começar os lances em dez mil reais!", bradou o leiloeiro.

Os lances vieram rápidos e furiosos. Vinte mil. Cinquenta. Cem mil. Cada número era uma nova onda de humilhação, fazendo-me sentir como um pedaço de carne em um açougue.

Flávia se inclinou, seu hálito quente contra minha orelha. "Vê aquele homem no canto? O de gravata vermelha? Ele já está em duzentos mil. Ele quer colocar as mãos em você há um tempo."

Meu estômago se revirou. Eu conhecia o homem. Um magnata imobiliário velho e nojento que me encurralou em uma festa uma vez, oferecendo-se para ser meu "sugar daddy".

O preço subiu para meio milhão de reais.

De repente, senti uma estranha folga no meu ombro. A alça do meu vestido.

O som de tecido rasgando, amplificado pelo microfone ainda perto de mim, ecoou pelo salão silencioso.

Eu arquejei, agarrando a frente do meu vestido enquanto ele começava a deslizar. Uma onda de murmúrios e flashes de câmeras varreu a sala.

A voz de Flávia, alta o suficiente para todos ouvirem, estava cheia de falsa preocupação. "Oh, querida. Eu temia que você fosse desastrada e estragasse este vestido também. Ainda bem que eu trouxe uma echarpe para você."

Ela colocou um xale de seda sobre meus ombros, seu toque demorado. Os repórteres na primeira fila escreviam furiosamente, seus rostos cheios de admiração pela gentil e atenciosa Flávia Lacerda.

"Vendido! Por quinhentos mil reais para o Sr. Medeiros!", gritou o leiloeiro, batendo o martelo.

O magnata nojento, Medeiros, subiu ao palco, seus olhos percorrendo meu corpo. Ele envolveu uma mão suada em minha cintura. O toque fez minha pele se arrepiar.

Olhei para Heitor. Seus olhos encontraram os meus, um lampejo de fria irritação em suas profundezas, mas ele não se moveu. Ele apenas ficou sentado lá, observando enquanto outro homem me reivindicava.

Lembrei-me de uma vez na faculdade, durante uma exposição de arte estudantil. Eu usei um traje um pouco revelador para uma performance. Heitor ficou com tanto ciúme que me fez trocar, sibilando que ninguém mais tinha permissão para me ver daquele jeito.

Eu pensei que era amor.

Agora eu sabia a verdade. Era apenas a possessividade de um homem que me via como sua propriedade. Uma propriedade que ele agora estava disposto a deixar outro homem manusear.

As últimas brasas de afeto por ele morreram naquele momento. Meus olhos ficaram frios. Meu coração ficou dormente.

"Não me toque", avisei Medeiros, minha voz baixa e afiada.

Ele apenas sorriu, seu aperto se intensificando. "Vamos, querida. Você é minha por esta noite." Ele começou a me puxar para fora do palco.

Eu não era páreo para sua força. Vasculhei a multidão, meus olhos implorando por ajuda, mas não encontrei nenhuma. Os convidados e a mídia apenas assistiam, entretidos pelo drama. Eles sussurravam entre si, suas palavras como pequenas pedras afiadas.

"Bem feito pra ela, pensando que poderia se casar com a família Lacerda."

"Ela sempre foi apenas uma interesseira."

Eu era uma atração de circo. Finalmente entendi o vasto e intransponível abismo entre o meu mundo e o de Heitor. Seu amor tinha sido uma bela mentira, uma gaiola disfarçada de palácio.

Soltei uma risada amarga e parei de lutar. Qual era o sentido?

"Espere!", a voz de Flávia de repente soou. Ela segurava um contrato, o rosto uma máscara de angústia. "Há um problema com os termos legais! Oh, Heitor, me desculpe, a culpa é minha."

Ela olhou para ele, os olhos arregalados e inocentes. "Consultei um amigo advogado, e leiloar uma pessoa, mesmo para caridade, é ilegal. Pode ser considerado uma forma de tráfico. Eu não sabia... fiz uma bagunça tão grande."

A sala explodiu em caos.

O rosto de Medeiros ficou roxo de raiva, seu sonho de uma noite comigo destruído. Ele começou a gritar, exigindo uma compensação pelo constrangimento público.

Para acalmar as coisas, Heitor se levantou e, com a mandíbula cerrada, ofereceu a Medeiros uma parceria lucrativa em um novo projeto de tecnologia. O acordo foi assinado na hora, um pedido de desculpas multimilionário.

A farsa havia acabado.

Os olhos de Heitor, frios e duros, se fixaram nos meus. Ele sacudiu a cabeça em direção à saída. Um comando silencioso. "Siga-me."

No carro, o silêncio era denso e pesado.

"Aquele projeto valia duzentos milhões de reais", disse ele, a voz perigosamente baixa. "Tudo por causa do seu showzinho."

            
            

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