Amor Colateral, Traição Cruel
img img Amor Colateral, Traição Cruel img Capítulo 4
4
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Capítulo 4

O ar no carro estava gélido, infiltrando-se em meus ossos.

"Eu não sabia de nada", eu disse, minha voz tremendo de raiva contida. "Flávia armou tudo. Ela queria me humilhar."

"Não se atreva a culpar a Flávia!", a voz de Heitor foi como um chicote no espaço fechado.

"A Flávia nunca faria algo assim. Ela te escuta. Você deve ter colocado uma ideia ruim na cabeça dela."

Ele me fuzilou com o olhar, o rosto uma máscara de fúria fria. "Por que é sempre a Flávia? Toda vez que algo dá errado, você aponta o dedo para ela."

Ele soltou uma risada curta e feia. "Qual é o problema, Alana? O maior lance não era bonito o suficiente para você? Se fosse algum magnata jovem e rico, você teria reclamado?"

As palavras me atingiram como um tapa. Meus olhos se arregalaram, e qualquer defesa que eu havia preparado morreu na minha garganta. Ele realmente acreditava que eu era tão superficial, tão desprezível.

O carro parou bruscamente em frente à mansão.

Flávia já esperava na porta, uma imagem de graça perfeita e recatada. Ela segurava um pequeno troféu de cristal. O prêmio de "Filantropa do Ano" que o baile lhe dera pela minha doação "caridosa".

Ela correu para Heitor, entrelaçando seu braço no dele. "Heitor, não fique bravo com a Alana. Eu deveria ter verificado os detalhes legais antes. A culpa é toda minha."

As nuvens de tempestade no rosto de Heitor desapareceram instantaneamente, substituídas por um olhar de pura adoração. "Não é sua culpa, passarinho. Você se saiu maravilhosamente bem."

Eu era invisível. Deixada de lado. Eu nem me importava mais. Passei direto por eles e subi as escadas.

Depois que Flávia voltou, Heitor mudou minhas coisas da suíte principal para um quarto de hóspedes no final do corredor. Foi um sinal claro do meu rebaixamento. Na época, doeu. Agora, era apenas um quarto.

Fui até o closet e me sentei no chão. Tirei caixa após caixa, cheias de todos os presentes que Heitor já me dera. No fundo de tudo, havia uma pequena caixa de veludo contendo um par de brincos de diamante requintados.

"Você e minha mãe têm o mesmo gosto por joias finas", ele me disse quando me deu.

Só mais tarde percebi que a mansão já estava cheia dessas joias antes mesmo de eu chegar. Elas nunca foram para mim. Eu nem gostava de joias. Eu só fingia porque ele me dava, e eu estava desesperada por seu amor.

Os presentes que ele me deu no último ano foram todos genéricos, sem consideração. Caros, mas vazios.

Embalei tudo em uma mala grande, pronta para o dia em que partiria.

Ao sair do closet, vi uma empregada trocando as gardênias brancas do corredor por rosas vermelhas frescas.

"A senhorita Flávia disse que está cansada das flores antigas", explicou a empregada. "O Sr. Lacerda mandou trazer estas rosas especiais de baixa alergenicidade da Holanda só para ela."

Aproximei-me e, imediatamente, meu nariz começou a coçar. Minha garganta se fechou.

O pânico me dominou. Procurei na minha bolsa pela minha bombinha. O pequeno estojo de plástico estava vazio.

Mas eu tinha acabado de verificar de manhã. Estava cheio.

Cambaleei em direção ao banheiro, desesperada pela bombinha reserva que guardava no armário de remédios. Minha visão estava começando a ficar turva.

Empurrei a porta do banheiro e congelei.

Flávia estava lá, segurando minha bombinha reserva. Ela a levou aos lábios, fazendo uma careta infantil como se estivesse usando ela mesma.

Minhas pernas cederam e eu deslizei para o chão.

Ela se aproximou, balançando a bombinha na frente do meu rosto. "Procurando por isso?", ela zombou, sua voz escorrendo falsa inocência.

Minha mão trêmula a alcançou. Eu a arranquei dela, levei aos lábios e inalei profundamente.

Nada saiu. Estava vazia.

O rosto de Flávia se abriu em um sorriso horrível e triunfante.

O mundo ao meu redor se dissolveu em uma névoa escura e sufocante.

Quando eu estava prestes a perder a consciência, a porta se abriu com um estrondo. Caio. Ele tinha vindo me visitar, para ver como eu estava. Ele olhou para a cena, empurrou Flávia para o lado e tirou sua própria bombinha reserva do bolso - uma que ele carregava para emergências desde o meu diagnóstico.

Ele a pressionou em meus lábios, e a abençoada lufada de oxigênio encheu meus pulmões.

Ele me ajudou a levantar, o rosto contorcido de raiva. "O que diabos você estava fazendo, Flávia? Ela poderia ter morrido!", ele rugiu para ela.

Flávia, que agora estava sentada no chão, mudou instantaneamente de um sorriso frio para um soluço lamentoso. "Eu... eu a vi tendo um ataque! Eu só estava tentando ajudar!"

"Você estava apenas assistindo!", gritou Caio. "Você estava com a bombinha dela na mão!"

Do final do corredor, Heitor apareceu. Seus olhos varreram a cena - eu, ofegante, apoiada em meu irmão; Flávia, caída no chão, chorando.

Sem um momento de hesitação, ele correu para o lado de Flávia. "O que aconteceu? Você está bem?", ele murmurou, enxugando gentilmente suas lágrimas falsas.

            
            

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