Coma, Crueldade e a Traição de Caleb
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Capítulo 7

Eles me arrastaram para o terraço do hospital. O vento era forte, chicoteando minha fina camisola de hospital em volta das minhas pernas.

Caio já estava lá, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado.

"Vou te dar um gostinho do que a Heloísa sentiu", disse ele, sua voz perigosamente calma. "Um gostinho daquele medo enquanto você cai."

Ele não me empurrou simplesmente. Isso teria sido rápido demais, misericordioso demais.

Ele mandou seus homens me segurarem sobre a beirada do telhado. Então ele pegou uma faca pequena e cega. Ele não cortou a corda que amarrava minhas mãos. Ele começou a serrá-la, lenta e deliberadamente. O som da lâmina contra as fibras era uma contagem regressiva para a minha morte.

Olhei para baixo. No pavimento abaixo, eu ainda podia ver a mancha escura e úmida onde Heloísa havia caído.

A corda se partiu.

Eu caí.

O impacto foi uma explosão de dor branca e quente. Meu corpo parecia ter se estilhaçado em mil pedaços. Senti o gosto de sangue.

Meu último pensamento consciente foi de Caio, virando as costas e indo embora sem um segundo olhar.

Acordei novamente em uma cama de hospital. Estava se tornando uma rotina familiar. Cada osso doía. Cada respiração era uma luta.

Heloísa estava lá, um grupo de seus amigos bajuladores a flanqueando como uma corte real.

"Olha quem acordou", ela arrulhou, sua voz gotejando falsa simpatia. "Ainda viva? Você é mais resistente do que parece."

Ela se inclinou. "Mas isso é só o começo. Vou gostar de te quebrar, pedaço por pedaço."

De repente, ela se esbofeteou, com força, no rosto. Seus amigos ofegaram. Ela rasgou a gola de seu vestido, rasgando o tecido, e soltou um grito agudo.

"Socorro! Alguém me ajude! Ela está me atacando!"

Caio invadiu o quarto, seu rosto uma nuvem de tempestade. Ele viu as lágrimas falsas de Heloísa, seu vestido rasgado, minha forma silenciosa e enfaixada. Ele não precisava de mais nenhuma prova.

Ele agarrou meu queixo, seus dedos cravando na minha mandíbula. "Você simplesmente não consegue parar, não é? Você tem que fazer tudo ser sobre você."

Eu apenas o encarei, fraca demais para sequer balançar a cabeça.

"Tudo bem", ele rosnou. "Se você quer tanto ser uma vítima..." Ele se virou para seus homens. "Tragam-nos."

Dois homens grandes e de aparência rude entraram no quarto. Um arrepio de puro terror percorreu minha espinha.

"Tranquem a porta", Caio ordenou. "Fiquem aqui com ela. Ensinem-lhe algumas maneiras."

Ele se virou para sair. Ao passar por Heloísa, ela olhou para ele com falsa preocupação. "Caio, isso não é demais?"

"Ela mesma procurou por isso", disse ele friamente, e saiu.

A sala ficou em silêncio. Os dois homens avançaram sobre mim, sorrisos feios em seus rostos.

Tentei gritar, lutar, mas estava presa na cama. Um deles tapou minha boca com a mão.

Enquanto o mundo começava a se fechar, uma tosse violenta e convulsa rasgou meu peito. Convulsionei, e um jato de sangue jorrou da minha boca, salpicando a mão do homem e os lençóis brancos do hospital.

Ele recuou horrorizado. "Que diabos é isso?"

O outro homem encarou o sangue, seus olhos arregalados de pânico.

O monitor cardíaco ao lado da minha cama começou a gritar, um alarme agudo e insistente.

A porta se abriu com um estrondo e o Dr. Esteves entrou correndo com uma equipe de enfermeiras.

"Fora!", ele gritou para os dois homens, que se afastaram apressadamente. "Código Azul! Ela está tendo uma parada!"

Uma enfermeira tentou ligar para Caio. Eu a ouvi ao telefone. "Senhor, é uma emergência. O câncer dela... ela está... Senhor, ele diz que não acredita em mim."

As vozes desapareceram. O bipe frenético do monitor ficou distante.

Uma calma estranha me invadiu.

Então é isso. Este é o fim.

Fechei os olhos, pronta para a escuridão.

                         

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