A Esposa Dele, o Jogo Dela, a Fuga Dele
img img A Esposa Dele, o Jogo Dela, a Fuga Dele img Capítulo 5
5
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Capítulo 5

"Peça desculpas, Bento", disse Eva, sem desviar o olhar de Kadu.

Eu estava ali, sustentado por seus seguranças, meu corpo gritando de dor, minha mente atordoada pela pura insanidade da situação. Pedir desculpas ao brinquedinho que ela exibia na minha cara, depois de eu ter acabado de tentar me matar por causa da crueldade dela.

Era demais.

"Não", eu disse.

A cabeça de Eva se virou bruscamente em minha direção, seus olhos faiscando de fúria. "O que você disse?"

"Eu disse não."

Ela se levantou lentamente, o rosto uma máscara de raiva fria. "Você vai fazer o que eu digo."

Ela caminhou até um pequeno carrinho no canto do quarto. Nele havia uma coleção de bebidas caras, sem dúvida um presente de "melhoras" para Kadu. Ela pegou uma garrafa de uísque.

"Sabe", disse ela, a voz perigosamente calma, "acho que você precisa de uma bebida. Para acalmar os nervos."

Ela serviu um copo e o estendeu para mim.

"Eu não posso beber, Eva", eu disse, minha voz tremendo um pouco. "Você sabe o que o médico disse sobre o revestimento do meu estômago depois daquela úlcera no ano passado."

Era uma úlcera causada pelo estresse do nosso casamento, um fato do qual ela estava bem ciente.

"Ah, eu sei", disse ela, um sorriso cruel brincando em seus lábios. "Mas o Kadu pode beber. E como você o machucou, é justo que você beba no lugar dele. Uma garrafa para cada lágrima que ele derramou."

Este era um novo nível de tortura. Não apenas psicológica, mas física. Ela queria me machucar, me punir por minha desobediência.

Olhei para o copo, depois para o rosto impiedoso dela. Eu estava preso. Não havia saída.

"Tudo bem", eu disse, minha voz um sussurro oco. Peguei o copo e bebi de uma vez. O uísque queimou um caminho de fogo pela minha garganta e até meu estômago, uma dor lancinante e agonizante.

Engasguei, dobrando-me, mas os seguranças me mantiveram em pé.

Eva me observava, sua expressão indecifrável. Por um momento fugaz, pensei ter visto um lampejo de arrependimento em seus olhos, um indício da mulher que ela costumava ser. Mas desapareceu tão rápido quanto apareceu.

"Ele precisa aprender uma lição", ela murmurou, mais para si mesma do que para mim.

Bebi copo após copo, a dor aumentando até que eu estava de joelhos, vomitando no chão imaculado do hospital. O mundo girava, meu corpo convulsionava.

Através da névoa de dor e álcool, ouvi Kadu fazer um som dramático de ofego. Ele agarrou o peito.

"Eva... estou me sentindo fraco", ele choramingou. "O choque de tudo isso... acho que... preciso de um médico."

Eva imediatamente correu para o lado dele, toda preocupação e inquietação. "Kadu! Você está bem? Doutor! Precisamos de um doutor!"

Ela me deixou ali, um monte desabado no chão, ignorado e esquecido. A equipe médica entrou correndo, mas todos foram para o lado de Kadu, cuidando dele, enquanto eu jazia na minha própria sujeira, ofegante.

Pensei em todas as vezes que implorei a Eva por um filho. Uma família de verdade. Ela sempre se recusara. "Uma criança seria uma distração", ela dizia. "Eu preciso de todo você, Bento. Todo o seu amor, toda a sua atenção."

A cena era uma farsa, mas a dor era real. Minha dor. A dor de ser substituído, não por um homem, mas por uma performance patética.

O resto da minha força se esgotou. Meu coração, meu corpo, meu espírito - tudo simplesmente se quebrou. O mundo ficou preto, e eu desmaiei.

Acordei em uma maca, sendo empurrado por um corredor bem iluminado. Os cheiros, os sons - era um hospital, mas algo estava errado. Tentei me sentar, mas minhas mãos e pés estavam amarrados.

"O que está acontecendo?", murmurei, minha cabeça pesada com uma névoa.

Eva caminhava ao lado da maca, o rosto impassível. "Não se preocupe, Bento. Estamos apenas te levando para um pequeno procedimento."

"Que procedimento?"

Ela se inclinou, sua voz um sussurro suave e venenoso no meu ouvido. "Uma vasectomia."

Olhei para ela, meu sangue gelando.

"Veja bem", ela explicou, como se fosse a coisa mais razoável do mundo, "já que você está tão determinado a me deixar, tão obcecado com a ideia de uma vida sem mim, eu tenho que garantir que você nunca possa ter essa vida com mais ninguém. Você nunca terá um filho com outra mulher. Você pertence a mim. Mesmo que vá embora, uma parte de você sempre será minha."

Lembrei-me da garota que eu costumava amar, aquela que resgatava gatos de rua e chorava durante filmes tristes. Não conseguia conciliar essa memória com o monstro parado diante de mim.

"Eva, por favor", implorei, as palavras rasgando minha garganta. "Não faça isso."

Mas ela apenas sorriu, um sorriso frio e vazio.

Os seguranças empurraram a maca por um par de portas duplas. A placa acima dizia 'Sala de Cirurgia'.

Enquanto me deslizavam para a mesa de metal fria e uma máscara era colocada sobre meu rosto, a última coisa que vi foi o rosto de Eva, me observando com um olhar de posse triunfante.

Lágrimas escorreram dos meus olhos enquanto o anestésico fazia efeito. Não era apenas meu corpo que ela estava violando. Era meu futuro. Minha esperança. Minha própria alma.

Eu era propriedade dela, e ela nunca me deixaria ir.

            
            

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