Das Cinzas à Fênix: Um Amor Renascido
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Capítulo 5

A mesa estava posta para três, mas a refeição era um banquete para uma. Júlio havia preparado todos os pratos favoritos de Estela: lagosta termidor, risoto trufado, um delicado robalo. Nem uma única coisa na mesa era algo que Aurora pudesse comer. Ela era alérgica a frutos do mar, um fato que Júlio costumava saber melhor do que seu próprio CPF.

Aurora entrou na sala de jantar e viu Estela sentada em sua cadeira na cabeceira da mesa, rindo para Júlio.

"Ah, Aurora, você está aqui!", chilreou Estela, sua voz pingando falsa doçura. "Venha, junte-se a nós! Júlio fez tudo isso para você."

A mentira era tão descarada, tão insultuosa.

"Não estou com fome", disse Aurora, a voz fria.

O rosto de Estela se desfez. Lágrimas instantaneamente brotaram em seus olhos. "Ah, Aurora, eu sei que você está chateada comigo. Mas eu juro, Júlio e eu somos apenas amigos. Eu nunca atrapalharia sua felicidade. Desejo a vocês dois tudo de bom."

Ela se levantou e tentou pegar a mão de Aurora. "Por favor, não me deixe estragar seu jantar. Eu vou embora."

Aurora puxou a mão de volta como se tivesse sido queimada.

Estela tropeçou para trás, soltando um grito teatral ao desabar no chão. "Meu tornozelo! Aquele que machuquei na festa! Acho que você o machucou de novo!"

O rosto de Júlio escureceu de raiva. Ele se aproximou de Aurora. "Qual é o seu problema? Não vê que ela está tentando fazer as pazes?"

O coração de Aurora parecia um peso de chumbo em seu peito. "Júlio", ela perguntou, a voz tremendo ligeiramente. "Tem alguma coisa nesta mesa que eu possa comer?"

Ela viu um lampejo de reconhecimento nos olhos dele ao mencionar suas alergias. O robalo. A lagosta. Ele se lembrou. Por um segundo, sua fachada raivosa desmoronou, substituída por um olhar de culpa.

"Eu... eu esqueci", ele gaguejou.

Ele pegou a mão dela. "Vamos. Eu te levo para sair. Vamos a qualquer lugar que você queira."

Foi uma tentativa patética de trégua, mas antes que ela pudesse responder, um barulho alto veio do chão. Estela havia "desmaiado", derrubando uma cadeira.

Júlio soltou a mão de Aurora como se fosse ferro quente. Ele correu para o lado de Estela, o rosto marcado pela preocupação. "Tela! Acorde!"

Os olhos de Estela se abriram tremulamente. "Júlio... sinto muito... acho que estou fraca por causa do estresse..."

Ele a levantou em seus braços. "Estou te levando para o hospital."

Enquanto a carregava passando por Aurora, Estela abriu os olhos. Ela olhou diretamente para Aurora e deu-lhe um pequeno sorriso triunfante.

A mensagem era clara. Eu venço. Eu sempre venço.

Aurora os viu partir, as lágrimas finalmente vindo. Lágrimas quentes e silenciosas de derrota total. Ele sempre, sempre escolheria sua obsessão tóxica em vez da mulher que salvou sua vida.

Uma hora depois, seu celular vibrou. Era uma mensagem de Júlio. "Estela está bem. O médico quer mantê-la em observação durante a noite. Ele acha que ela pode ter uma concussão da queda. Venha para o hospital."

Uma concussão? De uma queda em um tapete felpudo? A mentira era quase risível. Mas um nó frio de pavor se apertou em seu estômago. Apesar de tudo, uma parte dela, a parte cuidadora, estava preocupada com Júlio.

Ela dirigiu para o hospital, sua mente um nevoeiro entorpecido. Ela caminhou pelo corredor da ala particular e parou do lado de fora do quarto de Estela. A porta estava ligeiramente entreaberta.

Ela os viu. Júlio estava sentado na beira da cama. Estela tinha os braços em volta do pescoço dele, puxando-o para um beijo. Não era o beijo de um amigo.

"Você me ama, Júlio?", sussurrou Estela, a voz rouca.

Ele hesitou por uma fração de segundo. "Sim", disse ele. "Eu te amo."

"E quanto a ela?", perguntou Estela, um tom cruel em sua voz. "E quanto a Aurora?"

"Não fale sobre ela", disse Júlio, a voz plana. "Ela não importa."

As palavras atingiram Aurora, roubando o ar de seus pulmões. Suas pernas pareciam feitas de pedra. Ela não conseguia se mover, não conseguia respirar. Ela apenas ficou ali, escondida nas sombras do corredor, enquanto o homem a quem ela deu tudo estilhaçava o último pedaço de seu coração.

Ela mordeu as costas da mão, abafando um soluço. A dor era um ponto de apoio, uma âncora física em um mar de agonia emocional.

Ela se virou e fugiu, correndo pelo corredor do hospital, para longe do som de suas risadas, para longe das ruínas de sua vida.

            
            

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