Amor Destinado, Finais Não Escritos
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Capítulo 5

Fernanda me encarou, a boca ligeiramente aberta. A incredulidade lutava com a suspeita em seus olhos arregalados. Ela sabia como eu me sentia em relação a Caio. Meu amor obsessivo e avassalador por ele era lendário em nosso pequeno e tóxico círculo.

"Que tipo de truque é esse?", ela finalmente perguntou, sua voz carregada de desconfiança.

"Nenhum truque", eu disse, balançando a cabeça. "Estou falando completamente sério. Estou cansada. Estou indo embora. Você pode ficar com ele."

Eu podia ver as engrenagens girando em sua cabeça. Ela não acreditava em mim, nem por um segundo. Ela achava que era alguma armadilha elaborada, mais um dos esquemas da "vilã malvada".

Eu não me importava se ela acreditava em mim. Minhas ações falariam por si.

No dia seguinte, encurralei Caio antes que ele saísse para a universidade. Estendi dois ingressos. "Consegui ingressos para a nova exposição no MASP."

Ele olhou para os ingressos, depois para mim, sua expressão fria. "Estou ocupado."

"Caio", eu disse, minha voz firme, cortando-o antes que ele pudesse recusar. "Nosso contrato é de cinco anos. Ele estipula que você me acompanhará em eventos sociais e pessoais conforme solicitado. Esta é uma solicitação."

Foi a primeira vez em muito tempo que eu invoquei explicitamente os termos do nosso acordo. Ele odiou. Eu pude ver o flash de humilhação e raiva em seus olhos. Ele arrancou os ingressos da minha mão, sua mandíbula tensa.

"Tudo bem", ele disse entredentes, antes de virar nos calcanhares e sair.

Assim que ele se foi, peguei meu celular e liguei para Fernanda.

O telefone mal tocou uma vez antes que ela atendesse.

"Estou enviando um ingresso para o seu apartamento por um motoboy", eu disse, indo direto ao ponto. "É para a exposição do MASP. O outro ingresso já está com o Caio. Vista algo bonito. Esta é a sua chance de 'encontrá-lo por acaso'. Faça valer a pena."

Houve um silêncio atordoado do outro lado da linha. "Você... você está realmente fazendo isso?"

"Estou", eu disse. "Mas esta é uma via de mão dupla, Fernanda. Minha ajuda em troca de você me deixar em paz. Chega de 'acidentes', chega de mentiras. Temos um acordo?"

"Por quê?", ela perguntou, sua voz ainda carregada de suspeita. "Por que você está fazendo isso?"

Eu pausei. Por quê? Porque eu queria viver. Porque eu queria escapar de uma morte horrível e pré-escrita. Porque eu queria ser livre.

Mas eu não disse nada disso.

"Apenas fique fora do meu caminho", eu disse, e desliguei.

Passei o resto do dia atordoada, olhando para o relógio. A noite caiu. A cidade do lado de fora da minha janela brilhava com um milhão de luzes.

Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Fernanda.

Era uma foto.

Caio e Fernanda estavam em frente a um Van Gogh, banhados pela luz suave da galeria. Ele estava sorrindo. Um sorriso real e genuíno que alcançava seus olhos. Seu olhar estava fixo nela, e estava cheio de uma adoração gentil e protetora que eu só sonhara em receber.

Eu nunca, nem uma vez em três anos, o vi me olhar daquela maneira.

Deslizei para a próxima foto. Eles estavam em um pequeno café depois. Ele estava descascando um camarão e colocando no prato dela.

Minha respiração ficou presa na garganta. Eu sempre descascava camarão para ele. Ele amava frutos do mar, mas odiava a bagunça. Eu tinha feito isso por ele inúmeras vezes. Ele nunca tinha feito isso por mim.

A velha desculpa ecoou em minha mente. *Não gosto de sujar as mãos.*

Aparentemente, princípios, como promessas, eram facilmente quebrados por quem você realmente amava.

Meus dedos pareciam dormentes enquanto eu continuava a rolar. Foto após foto deles rindo, conversando, se olhando. Eles pareciam um casal de verdade. Um casal feliz.

Meu celular vibrou novamente. Uma nova mensagem de Fernanda.

*Ele é incrível. Obrigada.*

Fiquei olhando para a tela por um longo tempo, o silêncio da cobertura me pressionando. A dor era uma pontada surda e pesada no meu peito. Mas por baixo dela, outra coisa estava crescendo.

Determinação.

Digitei uma resposta, meus dedos firmes.

*Vocês ficam bem juntos.*

            
            

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