Amor Destinado, Finais Não Escritos
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Capítulo 7

O ato final do meu plano foi o mais difícil. Exigia um nível de cálculo a sangue frio que eu não tinha certeza se possuía.

Esperei por uma noite em que Caio tinha um grande evento de networking com potenciais investidores para sua startup. Eu sabia que ele chegaria em casa tarde, exausto e provavelmente tendo bebido um pouco.

Ele tropeçou na cobertura bem depois da meia-noite, afrouxando a gravata. Estava cansado, mas seus olhos brilhavam de sucesso. Eu estava deitada no sofá, fingindo dormir.

Ele passou por mim e foi direto para o banheiro principal. O som do chuveiro começou.

Meu coração começou a bater forte. Era agora.

Sentei-me, minhas mãos tremendo levemente, e peguei meu celular. Disquei o número de Fernanda.

"Venha para a cobertura. Agora", sussurrei no telefone. "A porta da frente está destrancada. Suba direto."

Desliguei antes que ela pudesse fazer qualquer pergunta.

Dez minutos depois, o som suave do elevador anunciou sua chegada. Encontrei-a na porta. Ela estava de jeans e um suéter simples, seu rosto uma mistura de excitação e medo.

Não disse uma palavra. Apenas empurrei uma camisola de renda preta e transparente em suas mãos. "Vá para o quarto principal. Troque de roupa e deite na cama. Não acenda as luzes."

Seus olhos se arregalaram quando ela entendeu. Um sorriso lento e triunfante se espalhou por seu rosto. Isso era tudo o que ela sempre quis.

Ela subiu as escadas apressadamente, sem dizer uma palavra. Fiquei no pé da escada, ouvindo. Ouvi o farfalhar suave do tecido, o ranger da cama.

Então, o som do chuveiro parou. A porta do banheiro se abriu.

Prendi a respiração.

Do meu ponto de vista, eu não conseguia ver o quarto, mas podia imaginar a cena. Caio, com apenas uma toalha enrolada na cintura, saindo do banheiro cheio de vapor. O quarto estaria escuro, exceto pela luz da lua que entrava pelas grandes janelas. Ele veria uma figura na cama, uma silhueta que ele assumiria ser eu.

Ouvi sua voz baixa e rouca. "Você me esperou?"

Então, silêncio. Ouvi o som suave dele entrando na cama. O farfalhar dos lençóis.

Sua voz veio novamente, mais baixa desta vez, densa de sono e desejo. "Sua menstruação acabou?"

Esse era o nosso código. Uma pergunta crua e transacional para uma parte crua e transacional do nosso acordo. Um acordo que não cumpríamos há meses, desde o meu "despertar". Eu tinha usado a desculpa da minha menstruação para mantê-lo afastado, e ele nunca questionou.

Ouvi um som pequeno e confuso de Fernanda. Ela não entenderia.

Ouvi-o rir, um som baixo e íntimo que fez meu estômago se contrair. "Tímida, de repente?"

Então, um suspiro agudo e assustado de Fernanda. Não foi um som de prazer. Foi um som de choque, de alguém completamente fora de seu elemento.

Os movimentos no quarto pararam abruptamente.

Um silêncio morto e pesado.

Então, a voz de Caio, afiada e carregada de incredulidade. "Fernanda?"

O feitiço estava quebrado.

Alguns minutos depois, ele desceu as escadas, vestindo uma camisa. Estava furioso, seu rosto pálido de raiva. Fernanda o seguia, enrolada em um lençol, chorando.

Ele nem sequer olhou para mim. Pegou as chaves e acompanhou Fernanda para fora, prometendo levá-la para casa.

Quando ele voltou, sua raiva era uma força palpável na sala. O ar crepitava com ela.

"Que porra foi essa, Júlia?", ele rugiu, sua voz tremendo.

Eu esperava por isso. Estava pronta. "Pensei que era o que você queria", eu disse, minha voz deliberadamente calma. "Você a ama. Eu estava apenas... ajudando."

"Ajudando?", ele cuspiu, sua palavra um dardo venenoso. "Você chama isso de ajudar? Isso foi cruel. Você é um monstro. Você gosta de nos torturar, não é?"

Suas palavras me atingiram mais forte do que eu esperava. Torturá-lo? Eu estava tentando salvar minha própria vida. Estava tentando dar a ele o final feliz que a história exigia.

"Não é...", comecei a dizer, a verdade quase escapando dos meus lábios. *Não é verdade, eu te amo, estou tentando sobreviver.*

Mas me contive. Engoli as palavras, a verdade uma pílula amarga na minha garganta.

Ele viu minha hesitação. "Não é o quê? Que joguinho doentio você está jogando?", ele exigiu, aproximando-se.

Olhei em seus olhos e, pela primeira vez, vi não apenas raiva, mas uma dor profunda e genuína. E não era por Fernanda. Era por ele mesmo. Pela humilhação que eu acabara de lhe impor.

Meu plano cuidadosamente construído tinha uma falha. Eu havia levado em conta seu amor pela heroína, mas havia me esquecido de seu orgulho.

            
            

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